23 dezembro 2009
17 dezembro 2009
16 dezembro 2009
Na fila do supermercado... (outra vez)
Bem, desta vez não foi bem no supermercado. Fui à Saturn (equivalente ao Media Markt) buscar umas coisas para distribuir, tipo pai Natal, e quando cheguei à caixa (era o meu dia de sorte a loja estava pouco cheia e as caixas sem filas) vinha tão bem disposta que me sai um "Hello!" com um grande sorriso, em inglês e tudo. E o rapaz da caixa, olhou para mim e disse olá, registou os produtos, foi simpático quando eu tive uma dúvida sobre os preços, e ficou a olhar para mim mesmerizado, com um sorriso à toa, e dificuldades em falar. Era capaz de apostar (aposto) que se apaixonou ali mesmo, nuns escassos segundos. Sim, era um miúdo cheio de acne, que provavelmente nem tem idade para tirar a carta. Só eles é que se conseguem apaixonar em segundos e ficar completamente abananados e à rasca daquela maneira. Tão querido.
(só quando cheguei a casa é que me apercebi da cena completa. ainda estava tão bem disposta, de ter tido um dia em cheio, que achei o máximo. teenagers...)
(só quando cheguei a casa é que me apercebi da cena completa. ainda estava tão bem disposta, de ter tido um dia em cheio, que achei o máximo. teenagers...)
12 dezembro 2009
Na fila do supermercado
Um dia destes fui ao supermercado comprar chá (pensava eu). Claro que entre a prateleira do chá e todas as outras por onde tive que passar acabei por encontrar outras coisas que me faziam falta (pão! e o resto já não me recordo), e quando cheguei à caixa tinha mais de meia dúzia de coisas nas mãos. Quando estava quase a chegar a minha vez, reparei que atrás de mim se encontrava uma senhora já com alguma idade, que trazia nas mãos apenas pão, e que me pareceu já ter o dinheiro contado e tudo. Naturalmente (para mim) olhei para ela e perguntei se não queria passar à frente. Ela ficou sensibilizada (é muito simpático da sua parte), comovida até, diria, mas não aceitou. Para mim, era uma questão de educação, se calhar não tanto pela idade da senhora mas porque trazia tão pouco que a mim não me faria diferença nenhuma esperar um minuto enquanto ela se despachava. Mas confesso que fiquei um pouco baralhada por ela não ter querido passar à frente. E pensando bem, acho que nunca vi ninguém, por cá, ter um gesto semelhante.
08 dezembro 2009
Eu não devia ver anúncios...
A minha miúda tem um peluche do IKEA que é um panda. Não lho ia trazer, mas ela agarrou-se a ele e repetiu "panda" tantas vezes que achei que o esforço devia ser recompensado. Gosta tanto do panda, que no outro dia lembrei-me de lhe por a televisão no canal dos miúdos que tem o dito como estrela principal. Foi a loucura. De cada vez que dava a canção de natal havia dança e risota em casa. :)
Até aqui, tudo normal... o problema é que nesta altura do ano os anúncios a brinquedos não páram. É um atrás do outro. E são giros. Tanto os anúncios como os brinquedos. O rapaz lá de casa ficou logo a saber o que é que quer de prenda de Natal. E eu, que só ia fazer uns livrinhos para a miúda com desenhos das palavras que ela já conhece em Português e mais umas novas para ela aprender, tramei-me. Descobri uma boneca muito gira. Que traz um microfone e canta músicas infantis - o atirei o pau ao gato, por exemplo. Eu quero essa boneca. A dificuldade está em encontrá-la. Não posso propriamente ir ao Continente ou ao Toys R Us. Nos sites portugueses não a encontrei. E só descobri que a boneca se chama pop star melody aqui. Estou tramada.
Até aqui, tudo normal... o problema é que nesta altura do ano os anúncios a brinquedos não páram. É um atrás do outro. E são giros. Tanto os anúncios como os brinquedos. O rapaz lá de casa ficou logo a saber o que é que quer de prenda de Natal. E eu, que só ia fazer uns livrinhos para a miúda com desenhos das palavras que ela já conhece em Português e mais umas novas para ela aprender, tramei-me. Descobri uma boneca muito gira. Que traz um microfone e canta músicas infantis - o atirei o pau ao gato, por exemplo. Eu quero essa boneca. A dificuldade está em encontrá-la. Não posso propriamente ir ao Continente ou ao Toys R Us. Nos sites portugueses não a encontrei. E só descobri que a boneca se chama pop star melody aqui. Estou tramada.
30 novembro 2009
Em Macau
A viciar-me em chá de jasmim e bolinhos de amêndoa. Já comi um pastel de nata e não estava nada mau. Acho imensa piada aos produtos de farmácia chineses - comprei uma "cena" com não sei o quê de dragão para as dores nos pés - na verdade aquilo é basicamente óleo de eucalipto, menta e cânfora, mas eles chamam-lhe de dragão.Como queiram. Comprei uns marcadores florescentes para o meu filho, com cheirinho e tudo (bem, esta parte se calhar vai estragar tudo), por 2 patacas cada. Uma pataca são uns 10 cêntimos.
Os táxis são baratíssimos (onde é que um gajo vai a algum lado por menos de dois euros? só aqui!), embora os condutores nem sempre falem inglês ou entendam o que se quer. Viva o cartão do hotel e os mapas, que é o que me vale para poder andar de um lado para o outro.
No centro é um mar de gente, anda tudo às compras pelas ruas estreitas, as pessoas acotovelam-se, até parece que está tudo em saldos. Vendem carne de porco numa espécie de tablete grande, não faço ideia como é que tratam aquilo mas andavam a oferecer pessoas para provar. Não provei nada na rua, com alguma pena, sei lá o que me pode acontecer (eu bem vi os remédios chineses contra a indisposição). Ainda assim, arrisquei o pastel de nata, esse tinha mesmo que comer. :)
O hotel tem internet a uma boa velocidade, o que é porreiro porque vim sozinha e por isso tenho muito mais tempo livro do que teria noutras circunstâncias. Infelizmente a diferença horária é de 7 horas para a frente em relação à Alemanha, o que significa que durante a semana é praticamente impossível falar com a família, pois quando eles estão livres, eu estou a dormir, e vice versa. No entanto, como tenho net, tenho feito uns vídeos que lhes mando por mail, para verem o que ando a fazer. Muito à frente. :)
Os táxis são baratíssimos (onde é que um gajo vai a algum lado por menos de dois euros? só aqui!), embora os condutores nem sempre falem inglês ou entendam o que se quer. Viva o cartão do hotel e os mapas, que é o que me vale para poder andar de um lado para o outro.
No centro é um mar de gente, anda tudo às compras pelas ruas estreitas, as pessoas acotovelam-se, até parece que está tudo em saldos. Vendem carne de porco numa espécie de tablete grande, não faço ideia como é que tratam aquilo mas andavam a oferecer pessoas para provar. Não provei nada na rua, com alguma pena, sei lá o que me pode acontecer (eu bem vi os remédios chineses contra a indisposição). Ainda assim, arrisquei o pastel de nata, esse tinha mesmo que comer. :)
O hotel tem internet a uma boa velocidade, o que é porreiro porque vim sozinha e por isso tenho muito mais tempo livro do que teria noutras circunstâncias. Infelizmente a diferença horária é de 7 horas para a frente em relação à Alemanha, o que significa que durante a semana é praticamente impossível falar com a família, pois quando eles estão livres, eu estou a dormir, e vice versa. No entanto, como tenho net, tenho feito uns vídeos que lhes mando por mail, para verem o que ando a fazer. Muito à frente. :)
28 novembro 2009
no aeroporto
uma tossezinha leve, mesmo muito levezinha, uma única vez, e logo um bando de chineses entrou em pânico. hmmm
25 novembro 2009
Canja de Galinha
Passar o dia a chá e torradas, dormir bem mais que o normal, e já me sinto muito melhor. Ainda não a 100%, mas melhor. A canja de galinha ainda vou ter que a fazer (é já a seguir), e ela é que vai acabar de vez com esta constipação chata.
No entanto, pensando bem, não ter passado o dia de um lado para o outro e a falar como de costume, é capaz de ter contribuído bastante para diminuir a tosse e até o nariz a correr. Se calhar à próxima vez que apanhe uma em primeiro lugar fecho-me num sítio qualquer e desligo os telefones, e talvez consiga curá-la sem ter que ficar em casa.
No entanto, pensando bem, não ter passado o dia de um lado para o outro e a falar como de costume, é capaz de ter contribuído bastante para diminuir a tosse e até o nariz a correr. Se calhar à próxima vez que apanhe uma em primeiro lugar fecho-me num sítio qualquer e desligo os telefones, e talvez consiga curá-la sem ter que ficar em casa.
24 novembro 2009
Logo agora é que tinha de encolher...*
A uns dias de me enfiar num avião com destino ao outro lado do mundo apanhei uma constipação. Ou melhor, há quinze dias que ando com uma constipação a assombrar-me, a zombar de mim como quem diz tu vais para a Ásia, mas corres o risco de pôr lá os pés e seres recambiada imediatamente de volta à Europa.
A culpa é de Portugal, do Porto mais concretamente, que desde que lá fui que não paro de tossir. O belo do nariz tem agora vida própria (é melhor ficar por aqui), e a cara anda congestionada, e penso para comigo, umas vinte vezes por hora, espero não piorar, isto não pode piorar, agora não.
Estou tramada.
*mais alguém se lembra dos desenhos animados da avozinha que encolhia?
A culpa é de Portugal, do Porto mais concretamente, que desde que lá fui que não paro de tossir. O belo do nariz tem agora vida própria (é melhor ficar por aqui), e a cara anda congestionada, e penso para comigo, umas vinte vezes por hora, espero não piorar, isto não pode piorar, agora não.
Estou tramada.
*mais alguém se lembra dos desenhos animados da avozinha que encolhia?
21 novembro 2009
Perfeitos, perfeitos
Podia estar aqui a preocupar-me com a fome no mundo, mas não, preocupo-me com sapatos. Às vezes é assim, tanta coisa que podia estar a fazer, tanta coisa que podia estar a pensar, tanta coisa útil que passo a ignorar porque agora é altura de pensar em sapatos. Até nem tenho tantos sapatos como isso. Pelo menos estou convencida disso. E agora queria uns sapatos. Ando a sonhar com sapatos vermelhos, de plataforma e salto, biqueira redonda. Envernizados, eventualmente, ou com algum tipo de brilho, porque senão como é que se vão ver os sapatos que me andam a povoar os sonhos.
Já vi vários candidatos a sapatos dos meus sonhos. Satisfaziam todos os requisitos, menos a cor. Como é que isto pode ser, haver os sapatos dos meus sonhos em preto, azul, roxo, combinações de cinzento e rosa a dar para o roxo, imitação de pele em tons cinzentos ou roxos, mas não num simples vermelho?
Pelos vistos o vermelho não é para toda a gente. Mas é a minha cor preferida. E hei-de encontrar os sapatos vermelhos perfeitos. Nem que seja numa loja em segunda mão. Ou no ebay. Ou roubados a uma amiga.
Já vi vários candidatos a sapatos dos meus sonhos. Satisfaziam todos os requisitos, menos a cor. Como é que isto pode ser, haver os sapatos dos meus sonhos em preto, azul, roxo, combinações de cinzento e rosa a dar para o roxo, imitação de pele em tons cinzentos ou roxos, mas não num simples vermelho?
Pelos vistos o vermelho não é para toda a gente. Mas é a minha cor preferida. E hei-de encontrar os sapatos vermelhos perfeitos. Nem que seja numa loja em segunda mão. Ou no ebay. Ou roubados a uma amiga.
16 novembro 2009
A foto que eu queria
Há turistas (deve haver) que vão à terra dos meus avós. Se pesquisar no google pelo nome dessa terrinha, ele sugere-me hotéis na localidade. Hotéis. Hoje o que eu queria era fotos de lá. Mas não umas fotos quaisquer. Não as fotos da igreja, do pelourinho, da Câmara Municipal, das piscinas. Nem sequer a foto da fogueira do Natal (ou será que é do ano novo), nem as fotos da procissão que fazem na Páscoa. Eu queria era a foto do que costuma ficar do outro lado da câmara, mas sem as pessoas. A foto da casa dos meus avós, enquanto ainda lá está. E já agora, a foto das estradas empedradas, se é que ainda as há, e a foto das escadas do vizinho, e, já agora, a foto do relógio da torre. E a da figueira que ficava por cima do poço, e ainda lá deve estar. E a foto do burro, que já morreu, e das coisas que estavam na casa dos meus avós enquanto eles lá viveram. Hoje queria mesmo poder ver isto tudo.
11 novembro 2009
Dilema
No sábado levanto-me cedo e vou à H&M ou fico a dormir?
(Aposto no fico a dormir. Não há curiosidade nem paciência para histerismos. Se os sapatos ainda lá estiverem na segunda pode ser que traga uns para casa. Se não... bah. Não valem o esforço.)
(Aposto no fico a dormir. Não há curiosidade nem paciência para histerismos. Se os sapatos ainda lá estiverem na segunda pode ser que traga uns para casa. Se não... bah. Não valem o esforço.)
10 novembro 2009
Ai... o Porto
O Porto já não é o que era. E, ao mesmo tempo, ainda o é.
Andei no "metro" pela primeira vez. Começou logo bem, tinha perguntado a uma senhora o caminho e ela não me largou enquanto não me ajudou a comprar o bilhete certo para o sítio onde eu queria ir. E ainda me explicou, tintim por tintim, como é que funcionava, quando é que aquilo andava debaixo da terra, e onde é que teria que estar atenta. Uma simpatia - e eu nem tinha perguntado nada. São estas coisas que dificilmente se encontram noutros sítios e que apaixonam uma pessoa logo à chegada.
Depois, a viagem. Logo num dia em que tinha apanhado por cá dois alemães a discutir porque um deles estava à conversa ao telemóvel num transporte público, em tom de voz completamente normal, e o outro se sentiu muito incomodado pelo barulho. No "metro" as pessoas falam ao telemóvel de maneira a que toda a gente ouça. E falam umas com as outras, vá lá, alto. Combinam o jantar - quem é que leva o quê, o que é que se vai comer, quem faz o arroz. (- Vai ser arroz de ervilhas! - Não, arroz de legumes! - Então fazes tu! - Pois faço!) E eu fico com água na boca, a pensar nas castanhas e na jeropiga, e até no arroz, de ervilhas ou de legumes, tanto me dá. (E o homem do arroz de legumes a insistir: "Eu sei fazer tudo! Só a massa de pizza é que o não-sei-quantos faz melhor que eu, mas é só porque trabalhou numa pizaria!)
O casal de gente "forte", a contar um ao outro como se sentiam injustiçados por comentários maldosos. Fortes, mas trabalhadores. Fortes sim, esforçados e empenhados, e a fazer pela vida, que quando a coisa fica preta gente assim vai buscar as forças todas e enfrenta o que vier de peito aberto sem se queixar. Cantando e rindo. Bem, não os ouvi cantar, mas a boa disposição não lhes faltava.
A chuva. Tudo cinzento. Os vendedores de rua, com guarda-chuvas grandes ("É a 5! É a 5, menina!"), que saudades dos providenciais vendedores que aparecem quando mais se precisa deles. Cá já apanhei muitas molhas, por falta de guarda-chuva e de vendedores de rua.
Santa Catarina quase vazia, pedintes e sem abrigo os únicos que ainda por ali resistiam. (E a senhora que veio falar comigo e me partiu a alma aos bocadinhos. E o rapaz novo encostado a uma parede, com um papelão escrito em mau português, que dizia ser alemão e querer ficar em Portugal, mas precisava de 40 euros para o passaporte.) E no fim, os Aliados - cinzentos, molhados, desconfortáveis, um belo ponto de encontro.
Andei no "metro" pela primeira vez. Começou logo bem, tinha perguntado a uma senhora o caminho e ela não me largou enquanto não me ajudou a comprar o bilhete certo para o sítio onde eu queria ir. E ainda me explicou, tintim por tintim, como é que funcionava, quando é que aquilo andava debaixo da terra, e onde é que teria que estar atenta. Uma simpatia - e eu nem tinha perguntado nada. São estas coisas que dificilmente se encontram noutros sítios e que apaixonam uma pessoa logo à chegada.
Depois, a viagem. Logo num dia em que tinha apanhado por cá dois alemães a discutir porque um deles estava à conversa ao telemóvel num transporte público, em tom de voz completamente normal, e o outro se sentiu muito incomodado pelo barulho. No "metro" as pessoas falam ao telemóvel de maneira a que toda a gente ouça. E falam umas com as outras, vá lá, alto. Combinam o jantar - quem é que leva o quê, o que é que se vai comer, quem faz o arroz. (- Vai ser arroz de ervilhas! - Não, arroz de legumes! - Então fazes tu! - Pois faço!) E eu fico com água na boca, a pensar nas castanhas e na jeropiga, e até no arroz, de ervilhas ou de legumes, tanto me dá. (E o homem do arroz de legumes a insistir: "Eu sei fazer tudo! Só a massa de pizza é que o não-sei-quantos faz melhor que eu, mas é só porque trabalhou numa pizaria!)
O casal de gente "forte", a contar um ao outro como se sentiam injustiçados por comentários maldosos. Fortes, mas trabalhadores. Fortes sim, esforçados e empenhados, e a fazer pela vida, que quando a coisa fica preta gente assim vai buscar as forças todas e enfrenta o que vier de peito aberto sem se queixar. Cantando e rindo. Bem, não os ouvi cantar, mas a boa disposição não lhes faltava.
A chuva. Tudo cinzento. Os vendedores de rua, com guarda-chuvas grandes ("É a 5! É a 5, menina!"), que saudades dos providenciais vendedores que aparecem quando mais se precisa deles. Cá já apanhei muitas molhas, por falta de guarda-chuva e de vendedores de rua.
Santa Catarina quase vazia, pedintes e sem abrigo os únicos que ainda por ali resistiam. (E a senhora que veio falar comigo e me partiu a alma aos bocadinhos. E o rapaz novo encostado a uma parede, com um papelão escrito em mau português, que dizia ser alemão e querer ficar em Portugal, mas precisava de 40 euros para o passaporte.) E no fim, os Aliados - cinzentos, molhados, desconfortáveis, um belo ponto de encontro.
04 novembro 2009
O quadro
Isto de mudar de casa tem graça. Eu gosto imenso, é uma oportunidade de reorganizar tudo, até o modo como se vive, aquilo para que se olha durante o dia, aquilo que nos salta à vista à noite. E desta vez, algo mais. O súbito acréscimo de paredes brancas faz com que finalmente tenha hipótese de pendurar o que me apetecer nas paredes. Não tendo quase nada, há que começar da maneira mais simples - a típica visita ao IKEA. Eu gosto do IKEA, apesar de achar que o sucesso deles é também o maior defeito. Afinal qual é a graça de entrar na casa de alguém e poder dizer "olha, vi essa mesa/cadeira/estante/coisa" no IKEA. Uniformização à parte, a gente deixa passar pelo simples prazer que é encontrar ideias giras e poder implementá-las na nossa casa. Como as 5 molduras de acrílico ligadas na vertical, e com alguns postais convenientemente colocados mesmo ao lado, em grupos de 5, para uma pessoa poder escolher ao mesmo tempo que pensa "para agora ficam estes, depois ponho umas fotos giras".
Andava eu no IKEA à procura de impressões para colocar numa moldura, quando encontrei uma que achei gira lá para um canto na minha casa. Havia duas versões: vermelho ou azul. Gostei do vermelho - o azul não funciona para mim - e lá deitei a mão à única versão dessa cor. Imediatamente a seguir aparece-me uma senhora de moldura na mão que queria... bem, ela queria mesmo era o desenho que eu tinha acabado de apanhar, mas resignou-se a pedir para a deixar ver se era do formato que se adequava à moldura que ela tinha na mão. E eu deixei - claro que deixei - enquanto ia pensando, olha, tiveste azar, que cena mais parva até parece que isto vale alguma coisa, e fui deitando o olho à prateleira dos azuis. Lá no meio encontrei outro vermelho, disse à senhora que podia ficar com o primeiro, e fui à minha vida.
Quando cheguei a casa, qual não foi o meu espanto quando me apercebi do que realmente tinha trazido. Pois o IKEA é generoso e não quer os seus clientes a disputar imagens em dois tons, de modo que toda a gente leva para casa o azul (de um lado do cartão que usam para o papel não amarrotar) e o vermelho (do outro). Imagino como a outra senhora se deve ter sentido quando percebeu o mesmo.
Andava eu no IKEA à procura de impressões para colocar numa moldura, quando encontrei uma que achei gira lá para um canto na minha casa. Havia duas versões: vermelho ou azul. Gostei do vermelho - o azul não funciona para mim - e lá deitei a mão à única versão dessa cor. Imediatamente a seguir aparece-me uma senhora de moldura na mão que queria... bem, ela queria mesmo era o desenho que eu tinha acabado de apanhar, mas resignou-se a pedir para a deixar ver se era do formato que se adequava à moldura que ela tinha na mão. E eu deixei - claro que deixei - enquanto ia pensando, olha, tiveste azar, que cena mais parva até parece que isto vale alguma coisa, e fui deitando o olho à prateleira dos azuis. Lá no meio encontrei outro vermelho, disse à senhora que podia ficar com o primeiro, e fui à minha vida.
Quando cheguei a casa, qual não foi o meu espanto quando me apercebi do que realmente tinha trazido. Pois o IKEA é generoso e não quer os seus clientes a disputar imagens em dois tons, de modo que toda a gente leva para casa o azul (de um lado do cartão que usam para o papel não amarrotar) e o vermelho (do outro). Imagino como a outra senhora se deve ter sentido quando percebeu o mesmo.
03 novembro 2009
não me falem em comida
a não ser que saibam o que são azedas. eu contava onde apanho as minhas (entre duas árvores enormes em trás-os-montes) mas não posso, que não há azedas à venda em lado nenhum e nem sequer sei outro nome noutra língua qualquer para elas. as azedas são preciosas, apanhadas quando as há, onde as há (uns caminhos que não lembram ao diabo, felizmente). o meu sonho é plantar azedas no jardim (quando um dia tiver jardim) ou na varanda, e que elas não morram, que se reproduzam ao ponto de eu as poder comer sempre que tiver vontade. azedas com batatas cozidas e o melhor azeite do mundo. e um bifinho com molho a acompanhar. quem não sabe o que isto é não percebe nada de cozinha.
(e omoletes com acelgas? há quanto tempo não como uma destas...)
(e omoletes com acelgas? há quanto tempo não como uma destas...)
30 outubro 2009
Note to self
Se fizeres as coisas à tua maneira, fá-las-ás bem.
Se mostrares aquilo que te entusiasma, entusiasmarás os outros e a ti mesma.
Se te conheceres, poderás dar o melhor de ti.
Se mostrares aquilo que te entusiasma, entusiasmarás os outros e a ti mesma.
Se te conheceres, poderás dar o melhor de ti.
27 outubro 2009
Sou capaz de me habituar a isto
Esta moda dos sapatos de salto e plataforma tem uma certa graça. Por um lado, os sapatos são giros (e as botas! as botas!), por outro lado, com menos dificuldade de equilíbrio, uma gaja sobe 10 centímetro num instante. É giro ver o mundo de outra perspectiva.
Tenho uns botins novos com um salto assim. Uns 9 ou 10 centímetros debaixo do calcanhar, um centímetro e pico à frente. Comprei-os porque os achei super giros (e há imenso tempo que queria uns botins), mas nunca pensei que os fosse usar tanto. Atrevo-me a dizer que os acho muitíssimo confortáveis. A sério. Tanto que, se até agora os tinha usado para experimentar, a ver como se andava um dia inteiro neles, como é que andaria neles (mais ou menos desengonçada), cheguei ao cúmulo de ter que os usar porque tinha ficado sem meias, e não gosto de usar collants com sapatos normais. Agora não. Ando de botins porque são giros e confortáveis. E porque estou a gostar de ter mais 10 centímetros de altura.
Tenho uns botins novos com um salto assim. Uns 9 ou 10 centímetros debaixo do calcanhar, um centímetro e pico à frente. Comprei-os porque os achei super giros (e há imenso tempo que queria uns botins), mas nunca pensei que os fosse usar tanto. Atrevo-me a dizer que os acho muitíssimo confortáveis. A sério. Tanto que, se até agora os tinha usado para experimentar, a ver como se andava um dia inteiro neles, como é que andaria neles (mais ou menos desengonçada), cheguei ao cúmulo de ter que os usar porque tinha ficado sem meias, e não gosto de usar collants com sapatos normais. Agora não. Ando de botins porque são giros e confortáveis. E porque estou a gostar de ter mais 10 centímetros de altura.
24 outubro 2009
Sobre o Governo
O post mais engraçado que eu vi é este: uma aventura no governo. A piada está aqui (bem visto, muito bem visto) - como é que se pode ter a Isabel Alçada sem ter a Ana Maria Magalhães? (Elas existem uma sem a outra?;))
Curioso...
A imagem que me ficou gravada durante um passeio, ontem. Três velhotas, bem vestidas, a babar (em sentido figurado) para cima de uma montra onde se exibiam, entre outros, sapatos de griffe. (Já nem me lembro qual, Valentino ou outra do género). Pelo aspecto frágil delas, a questão que me ficou foi como será que se equilibram naqueles saltos de 10 cm.
22 outubro 2009
Têm-me dado uns ataques de parvoíce. Às vezes é uma vontade incontrolável de rir, outras vezes ando por aí aos saltos. É de andar estupidamente contente e bem disposta. Como se tivesse oito anos outra vez. Às vezes parece que as coisas não podiam correr melhor (podem sempre). Por isso, se postar alguma coisa que não devia, dêem um desconto. Neste momento é tudo cor de rosa forte.
20 outubro 2009
Um português, um francês e um inglês...
Fica aqui uma coisa light, que ando sem vida para isto. Com uma nota de rodapé, esta foi das anedotas que ouvi quando era pequenina e nunca mais me esqueci. E ainda me rio quando me lembro dela.
Um português um francês e um inglês iam num avião. Já a viagem durava algum tempo, o inglês estica o braço para fora da janela, e diz:
- Meus amigos, estamos a sobrevoar Londres.
- Como é que sabes? - perguntam os outros.
- Pus o braço de fora e toquei no Big Ben.
O francês, não querendo ficar para trás, deixa passar algum tempo e depois anuncia:
- Meus amigos, estamos a sobrevoar Paris.
- Como é que sabes? - perguntam os outros.
- Deitei o braço de fora, e toquei na Torre Eiffel.
O português começa a coçar a cabeça, muito pensativo, e passado algum tempo diz:
- Meus amigos, estamos a sobrevoar Lisboa.
- Como é que sabes? - perguntam os outros.
- Pus o braço de fora e roubaram-me o relógio.
Um português um francês e um inglês iam num avião. Já a viagem durava algum tempo, o inglês estica o braço para fora da janela, e diz:
- Meus amigos, estamos a sobrevoar Londres.
- Como é que sabes? - perguntam os outros.
- Pus o braço de fora e toquei no Big Ben.
O francês, não querendo ficar para trás, deixa passar algum tempo e depois anuncia:
- Meus amigos, estamos a sobrevoar Paris.
- Como é que sabes? - perguntam os outros.
- Deitei o braço de fora, e toquei na Torre Eiffel.
O português começa a coçar a cabeça, muito pensativo, e passado algum tempo diz:
- Meus amigos, estamos a sobrevoar Lisboa.
- Como é que sabes? - perguntam os outros.
- Pus o braço de fora e roubaram-me o relógio.
18 outubro 2009
Muito engraçado
Eu não escrevo (quase) nada ultimamente. Ando muito ocupada - muito mais que o costume. Mas ainda dou a volta aos blogues (mais ou menos). E encontro umas coisas giras. Por exemplo esta história da Susana, que me pôs aqui a rir à gargalhada. Até fiquei com umas lágrimas nos olhos. Pronto, e agora que já fiz a minha boa acção do dia, posso ir dormir.
14 outubro 2009
Maitê
Está meio mundo indignado com algo que aconteceu há dois anos. Dois anos é muito tempo. (Quer dizer - há dois anos que está no youtube, e aparentemente foi para o ar pela primeira vez há quatro. Quatro anos!!!) Já acabou o prazo para a indignação, o perder a cabeça, ficar furioso, e depois acalmar, pensar melhor, dizer "para o que lhe havia de dar", abanar a cabeça e seguir em frente. (Sim, que não é caso para tanta conversa, tanta cabeça perdida e tanto orgulho ofendido.) Já passou. Pronto, pronto.
10 outubro 2009
difícil difícil...
...é pôr uma pen de internet a funcionar em Linux - sendo que a pen é do Aldi (alemão), o netbook tem todo o software em inglês e o Linux nunca é plug and play. Ainda assim, depois de horas a pesquisar fóruns alemães (com uma confiança na minha interpretação a menos de 100%), e mais uma ou duas pesquisas em inglês, quem acabou por me resolver o problema (quer dizer, resolveu a parte final do problema, que as configurações eu já tinha apanhado nos fóruns alemães) de pôr a pen a funcionar no meu Linux, foi um português, com as dicas para pôr a funcionar a net para a rede da TMN. O meu grande bem haja ao utilizador fometeo, do linux.org - acreditem ou não vinha classificado como newbie. Se ele é um newbie em Linux, eu devo ser um "unborn" ou algo do género.
(Estou tão contente! Andava a preparar-me psicologicamente para isto há séculos! A quem interessar, de momento a internet pré-paga mais barata na Alemanha é a do Aldi, seguida da da Tchibo. A do Aldi só é tão rápida como a da Tchibo em algumas cidades - Munique incluída. E a pen do Aldi, que é igual à da Tchibo, não está bloqueada. Eu que nunca vou ao Aldi tinha que deixar aqui a publicidade descarada. Desta vez eles merecem.)
(post escrito a partir do netbook, com a uma luz azul contínua a ser emitida pela pen - parece que é sinal de que a net está a uma velocidade aceitável. Melhor que isto só verde e azul - pode ser que um dia consiga visualizar essa combinação. :))
(Estou tão contente! Andava a preparar-me psicologicamente para isto há séculos! A quem interessar, de momento a internet pré-paga mais barata na Alemanha é a do Aldi, seguida da da Tchibo. A do Aldi só é tão rápida como a da Tchibo em algumas cidades - Munique incluída. E a pen do Aldi, que é igual à da Tchibo, não está bloqueada. Eu que nunca vou ao Aldi tinha que deixar aqui a publicidade descarada. Desta vez eles merecem.)
(post escrito a partir do netbook, com a uma luz azul contínua a ser emitida pela pen - parece que é sinal de que a net está a uma velocidade aceitável. Melhor que isto só verde e azul - pode ser que um dia consiga visualizar essa combinação. :))
09 outubro 2009
Genial
Ide lá ver a história fantástica do casal de velhos apaixonados.
Que me fez lembrar de outra, a minha sem graça nenhuma, dos velhotes do parque de campismo. Ano após ano, os velhotes ocupavam o mesmo espaço no parque de campismo. Tinham uma caravana em frente à qual se cozinhava e onde comiam as refeições. Em redor da árvore em frente tinham plantado coentros que utilizavam na confecção dos pratos. Já não me lembro assim muito bem destes velhos. Só dos comentários que ouvia acerca deles. Porque era o velho que cozinhava. Porque depois das refeições era o velho que fazia o café enquanto a velha continuava refastelada na cadeirinha. Até a louça, devia ser o velho que a lavava, enquanto a velha, sem desculpa nenhuma aparente, lia o jornal ou um livro qualquer. Os homens (os outros velhos) viam isto e revoltavam-se com o velho que fazia tudo para a sua velha, que não fazia nada que se visse. Eu achava-lhes graça. E uma coisa é certa, nunca vi estes dois discutir.
Que me fez lembrar de outra, a minha sem graça nenhuma, dos velhotes do parque de campismo. Ano após ano, os velhotes ocupavam o mesmo espaço no parque de campismo. Tinham uma caravana em frente à qual se cozinhava e onde comiam as refeições. Em redor da árvore em frente tinham plantado coentros que utilizavam na confecção dos pratos. Já não me lembro assim muito bem destes velhos. Só dos comentários que ouvia acerca deles. Porque era o velho que cozinhava. Porque depois das refeições era o velho que fazia o café enquanto a velha continuava refastelada na cadeirinha. Até a louça, devia ser o velho que a lavava, enquanto a velha, sem desculpa nenhuma aparente, lia o jornal ou um livro qualquer. Os homens (os outros velhos) viam isto e revoltavam-se com o velho que fazia tudo para a sua velha, que não fazia nada que se visse. Eu achava-lhes graça. E uma coisa é certa, nunca vi estes dois discutir.
Obama ganha prémio Nobel da paz
Desta eu não estava à espera. (notícia aqui)
(Além de giro, com sentido de humor, capaz de matar moscas com as próprias mãos, e de saber dançar, ganha o prémio Nobel. O que virá a seguir.)
(Além de giro, com sentido de humor, capaz de matar moscas com as próprias mãos, e de saber dançar, ganha o prémio Nobel. O que virá a seguir.)
08 outubro 2009
20 horas
O que é que se pode fazer em 20 horas? E em 20 horas em aviões com uns intervalos em aeroportos?
Dormir. Ler um livro até me fartar de ler. Ler o jornal que dão, mas que na realidade não me interessa muito. Fazer figas para que o filme que passam não seja muito mau. Fazer uns sudokus ou kakuros. Jogar no portátil. Fazer de conta que vou comprar alguma coisa duty free. Com alguma sorte, dormir mais um bocado. Ler o guia de viagens. E dar voltas ao(s) aeroporto(s) até os seguranças começarem a desconfiar dos meus bichos carpinteiros.
Outras sugestões?
Dormir. Ler um livro até me fartar de ler. Ler o jornal que dão, mas que na realidade não me interessa muito. Fazer figas para que o filme que passam não seja muito mau. Fazer uns sudokus ou kakuros. Jogar no portátil. Fazer de conta que vou comprar alguma coisa duty free. Com alguma sorte, dormir mais um bocado. Ler o guia de viagens. E dar voltas ao(s) aeroporto(s) até os seguranças começarem a desconfiar dos meus bichos carpinteiros.
Outras sugestões?
06 outubro 2009
ai pode?
O meu mais que tudo tem um ipod. Ofereceram-lho no Natal, e ele gostou tanto que até agora não o tinha sequer aberto. A sorte dele é que eu estou sempre pronta a ajudar, e finalmente decidi-me a experimentar o brinquedo. Infelizmente o resultado não foi bem o que eu estava à espera. Para começar, aquilo não funciona da maneira que eu estou habituada ou seja, "drag and drop", nada. Tive que instalar o itunes (tadinho do meu pc que foi invadido), que não é nada meigo e com a ajuda do firefox pôs o computador a arrastar-se (responsabilidade dividida irmãmente, só que o firefox já lá estava e o itunes ainda não tinha tido tempo para me tornar sua fã). Ainda nem tinha começado a ouvir música e já ia em três pontos negativos para o ipod/itunes. Sendo que o terceiro é não ter carregador - suponho que se carregue ligando aquilo ao computador, mas, quarto ponto negativo, o cabo/ligação não é standard.
Para piorar a coisa (as coisas podem sempre piorar) cometi o erro de deixar o itunes configurar-se e escolher as músicas a passar para o ipod. Devo ter carregado num botão com ar de inocente mas que se provou fatídico. O "problema" é que eu tenho mais de 20 Giga de música no PC (e ainda nem tive tempo para copiar todos os CDs que tenho para lá) mas o ipod só tem 8 giga. É um daqueles pequeninos, levezinhos, que parecem estar prontos a desaparecer a qualquer momento (isto à primeira vista pode parecer uma vantagem, mas eu não gostei muito - estou habituada a mexer em coisas mais... palpáveis, vá lá). Adiante. O itunes escolheu, sem me perguntar nada, 8 giga dos 20 que tinha à disposição. E eu não gostei da escolha (já o meu mais que tudo não se manifestou, a sua maior dúvida foi "como é que se desliga isto?" - dúvida essa à qual eu também não soube responder - nunca fui de ler livros de instruções). Tentei começar por apagar algumas das músicas que já estavam no ipod, mas sem sucesso. Sou capaz de apostar que deve ser simplicíssimo (yeah right) mas não encontrei maneira de o fazer. De modos que passei ao ponto seguinte, desconectar o ipod do pc, tendo o cuidado de passar pela casa da partida, que é como quem diz, fazer "eject", e começar a ouvir música. A audição era boa (quer dizer, nada a apontar), mas escolher o que ouvir provou ser relativamente mais complicado. Devo estar mal habituada com o meu leitor de mp3 "normal", em que escolho a directoria (já tenho tudo arrumadinho por álbuns mais uma directoria com singles à solta), porque quando cheguei ao ipod e tentei escolher aquilo tornou-se ligeiramente complicado. Além de que, por algum motivo, alguns álbuns não ficaram direitos - aquela cena não percebeu que o artista X cujos ficheiros de música contêm além do seu nome, um número (o número da faixa) e o título da música, pertencem a uma obra única. E ao tentar escolher a música por género, apercebi-me da disparidade enorme de "géneros" de música - tanta que eu hesitaria em utilizar um rótulo para algo que junta tão poucas músicas no mesmo.
Para finalizar, que isto não pode ser só dizer mal, o que eu tinha gostado no ipod do meu amigo que tinha estado a experimentar havia uns dias, era o software que escolhe o que ouvir com base nas preferências do utilizador e tipo de música. Isso pareceu-me uma ideia genial e gostava de experimentá-la a sério. Tão boa que tinha colocado o ipod-não-sei-quantos com 160giga de disco na minha lista de mp3 a considerar para substituir o meu pequenito de 20 giga onde já não cabe tudo o que eu quero ouvir. No entanto, depois desta experiência com um brinquedo alheio (não tão alheio quanto isso, o que é dele é meu, e tal), não me parece. É pena, porque parecia ter potencial. Mas pelos vistos o ipod não foi inventado para mim.
Ao menos os auscultadores eram standard, o que significa que posso utilizá-los para outra coisa qualquer.
Para piorar a coisa (as coisas podem sempre piorar) cometi o erro de deixar o itunes configurar-se e escolher as músicas a passar para o ipod. Devo ter carregado num botão com ar de inocente mas que se provou fatídico. O "problema" é que eu tenho mais de 20 Giga de música no PC (e ainda nem tive tempo para copiar todos os CDs que tenho para lá) mas o ipod só tem 8 giga. É um daqueles pequeninos, levezinhos, que parecem estar prontos a desaparecer a qualquer momento (isto à primeira vista pode parecer uma vantagem, mas eu não gostei muito - estou habituada a mexer em coisas mais... palpáveis, vá lá). Adiante. O itunes escolheu, sem me perguntar nada, 8 giga dos 20 que tinha à disposição. E eu não gostei da escolha (já o meu mais que tudo não se manifestou, a sua maior dúvida foi "como é que se desliga isto?" - dúvida essa à qual eu também não soube responder - nunca fui de ler livros de instruções). Tentei começar por apagar algumas das músicas que já estavam no ipod, mas sem sucesso. Sou capaz de apostar que deve ser simplicíssimo (yeah right) mas não encontrei maneira de o fazer. De modos que passei ao ponto seguinte, desconectar o ipod do pc, tendo o cuidado de passar pela casa da partida, que é como quem diz, fazer "eject", e começar a ouvir música. A audição era boa (quer dizer, nada a apontar), mas escolher o que ouvir provou ser relativamente mais complicado. Devo estar mal habituada com o meu leitor de mp3 "normal", em que escolho a directoria (já tenho tudo arrumadinho por álbuns mais uma directoria com singles à solta), porque quando cheguei ao ipod e tentei escolher aquilo tornou-se ligeiramente complicado. Além de que, por algum motivo, alguns álbuns não ficaram direitos - aquela cena não percebeu que o artista X cujos ficheiros de música contêm além do seu nome, um número (o número da faixa) e o título da música, pertencem a uma obra única. E ao tentar escolher a música por género, apercebi-me da disparidade enorme de "géneros" de música - tanta que eu hesitaria em utilizar um rótulo para algo que junta tão poucas músicas no mesmo.
Para finalizar, que isto não pode ser só dizer mal, o que eu tinha gostado no ipod do meu amigo que tinha estado a experimentar havia uns dias, era o software que escolhe o que ouvir com base nas preferências do utilizador e tipo de música. Isso pareceu-me uma ideia genial e gostava de experimentá-la a sério. Tão boa que tinha colocado o ipod-não-sei-quantos com 160giga de disco na minha lista de mp3 a considerar para substituir o meu pequenito de 20 giga onde já não cabe tudo o que eu quero ouvir. No entanto, depois desta experiência com um brinquedo alheio (não tão alheio quanto isso, o que é dele é meu, e tal), não me parece. É pena, porque parecia ter potencial. Mas pelos vistos o ipod não foi inventado para mim.
Ao menos os auscultadores eram standard, o que significa que posso utilizá-los para outra coisa qualquer.
05 outubro 2009
Pezinhos
Sapatinhos muito giros, de boa qualidade (pelo menos os que comprei), e nada caros. Para as meninas e meninos mais lindos. A loja é na net, o serviço é cinco estrelas e até os emails são pessoais, e não automáticos. Fiquei cliente.
(não, isto não é publicidade. nem o seria se eu dissesse que me entusiasmei e comprei demasiados sapatos do mesmo número. como não me pagaram para dizer isto, e só estou a espalhar a notícia por puro altruísmo - por mero interesse, vá lá, não quero que uma loja tão boa vá à falência antes que a minha miúda deixe de poder usar sapatos destes...)
(não, isto não é publicidade. nem o seria se eu dissesse que me entusiasmei e comprei demasiados sapatos do mesmo número. como não me pagaram para dizer isto, e só estou a espalhar a notícia por puro altruísmo - por mero interesse, vá lá, não quero que uma loja tão boa vá à falência antes que a minha miúda deixe de poder usar sapatos destes...)
Not fair
Gajo alto, feio, gordo. Vestido de fato, e ainda assim desmazelado. Perfume fantástico. Não combina. (E daí, ao menos tinha uma coisa boa. Até dava vontade de o seguir, só para inalar aquele cheirinho maravilhoso por mais uns momentos.)
Dilema
Queria um stick USB para surfar a net (ainda mais, sim). As operadoras que os vendem, pré ou pós pagos, com contrato ou sem ele, todas dizem que as condições de venda expiram a 12 de Outubro, daqui a uma semana. Só queria adivinhar se daqui a uma semana os preços sobem, descem ou ficam iguais. Entretanto, fico indecisa. Coisa rara.
(apostaria no "descem", pelo que estou a pesar a minha impaciência quanto à espera versus a minha paciência para poupar uns trocos...)
(apostaria no "descem", pelo que estou a pesar a minha impaciência quanto à espera versus a minha paciência para poupar uns trocos...)
03 outubro 2009
O melhor leite creme do mundo
Receita do Chefe Silva (doze gemas para um litro de leite).
Ovos das galinhas mais felizes da Alemanha (as da minha sogra).
A companhia da família fanática por leite creme.
(A ver se o acabamos antes dos meus pais chegarem, que eles têm problemas de colesterol e nós não queremos que lhes aconteça nada de mal. Mas pelo que sobrou, não deve ser difícil.)
O leite creme da minha avó, do qual não me lembro mas que a minha irmã jura a pés juntos que lhe foi transmitido pela mesma e que embora ela tenha esquecido a receita ainda se recorda como era a coisa mais fantástica do mundo dos leites creme, não podia ser melhor que este. Ou talvez ligeiramente melhor, já que era ela que o fazia, e como se sabe aquilo que as avós fazem tem um sabor ainda melhor que algo exactamente igual feito por outra pessoa.
[Adenda, a 06.01.2013, porque vem muita gente parar a este post e eu não estou aqui para enganar ninguém]
A receita do melhor leite creme do mundo, na minha opinião e adaptada da original do chefe Silva:
1 l de leite
1 pau de canela
1 casca de limão
300 g de açúcar
2 colheres de sopa bem cheias de maizena
12 gemas
açúcar para polvilhar
Ferver o leite com o pau de canela e a casca de limão. Depois de ferver, retirar do lume. Tirar a casca de limão e o pau de canela do leite.
Misturar o açúcar com a maizena e depois com as gemas, mexendo bem. Juntar o leite aos poucos, e sem parar de mexer. Levar a mistura ao lume, até borbulhar.
Nessa altura retirar do lume, e servir imediatamente em de preferência em recipientes individuais que possam ir ao forno. Depois de frios, polvilhar com açúcar e queimar com um ferro quente ou um maçarico (eu prefiro o maçarico).
É essencial usar ovos bons (com gema mais para o laranja que para o amarelo). Eu prefiro de galinhas criadas em casa, ou, na falta delas, ovos de galinhas alimentadas a milho. Em não havendo, prefiro ovos de galinhas que podem andar à solta (bodenhaltung, na Alemanha) aos biológicos (que na minha opinião são de qualidade inferior).
Bom apetite!
Ovos das galinhas mais felizes da Alemanha (as da minha sogra).
A companhia da família fanática por leite creme.
(A ver se o acabamos antes dos meus pais chegarem, que eles têm problemas de colesterol e nós não queremos que lhes aconteça nada de mal. Mas pelo que sobrou, não deve ser difícil.)
O leite creme da minha avó, do qual não me lembro mas que a minha irmã jura a pés juntos que lhe foi transmitido pela mesma e que embora ela tenha esquecido a receita ainda se recorda como era a coisa mais fantástica do mundo dos leites creme, não podia ser melhor que este. Ou talvez ligeiramente melhor, já que era ela que o fazia, e como se sabe aquilo que as avós fazem tem um sabor ainda melhor que algo exactamente igual feito por outra pessoa.
[Adenda, a 06.01.2013, porque vem muita gente parar a este post e eu não estou aqui para enganar ninguém]
A receita do melhor leite creme do mundo, na minha opinião e adaptada da original do chefe Silva:
1 l de leite
1 pau de canela
1 casca de limão
300 g de açúcar
2 colheres de sopa bem cheias de maizena
12 gemas
açúcar para polvilhar
Ferver o leite com o pau de canela e a casca de limão. Depois de ferver, retirar do lume. Tirar a casca de limão e o pau de canela do leite.
Misturar o açúcar com a maizena e depois com as gemas, mexendo bem. Juntar o leite aos poucos, e sem parar de mexer. Levar a mistura ao lume, até borbulhar.
Nessa altura retirar do lume, e servir imediatamente em de preferência em recipientes individuais que possam ir ao forno. Depois de frios, polvilhar com açúcar e queimar com um ferro quente ou um maçarico (eu prefiro o maçarico).
É essencial usar ovos bons (com gema mais para o laranja que para o amarelo). Eu prefiro de galinhas criadas em casa, ou, na falta delas, ovos de galinhas alimentadas a milho. Em não havendo, prefiro ovos de galinhas que podem andar à solta (bodenhaltung, na Alemanha) aos biológicos (que na minha opinião são de qualidade inferior).
Bom apetite!
02 outubro 2009
"o último dos queixais, que nasce nos adultos"
Há uns 13 anos, mais coisa menos coisa, que ando à procura do dentista ideal. De todos quantos corri, o meu favorito - desde há 17 anos - está demasiado longe, o que não dá jeito nenhum, principalmente em caso de emergência. (Aquela massa que ele me pôs num dente em 1993 e supostamente duraria uns 10 anos ainda cá está, alive and kicking, não se nota diferença de cor para o dente, e nunca em tempo algum houve outro dentista com a mesma habilidade para não pôr chumbos em dentes cariados. Além do mais, em 1993 era ele um jovem recém dentista, giro e simpático, o que é sempre abonatório em situações mais incómodas como estar de boca aberta e sem poder falar.) Já fugi de pelo menos 4 dentistas que me queriam arrancar os dentes do siso - confesso que fugi mais depressa das primeiras vezes, pois nessa altura ainda nem se via uma pontinha desses malfadados molares, mas ainda assim, a frase "temos que tirar esses sisos" era sentença certa de que nunca mais veria quem a proferisse.
Durante este tempo, os dentitos lá começaram a espreitar pelas gengivas. Os de cima, sem grandes problemas, alegres e bem dispostos, podem não servir para grande coisa mas também não estorvam. Os de baixo, malandros, meios escondidos, tentam a todo o custo aparecer em todo o seu esplendor, mas não têm espaço. Empurram então os outros dentes, moem-me a gengiva, chegam até a aleijar. Fazem-me render às evidências, e a procurar um artista que me diga que tem que mos arrancar, que depois de ter passado 3 dias a ibuprofeno qualquer um desiste. Se não consegues vencê-los, extrai-os.
E aqui começa mais uma odisseia. E começa mal. O dentista que me recomendaram (um a quem eu ainda não tive o ensejo de fugir) tem uma daquelas recepcionistas que não percebe o conceito de "urgente". Perguntou-me se ia fazer um check-up. Não, não vou. Check-up só se for da constituição física do senhor doutor. Não, o meu problema é que ando há 3 dias a tomar analgésicos por causa dos malditos molares. Ah pronto, então se é só isso pode vir daqui a 3 semanas. Sacana. Se o dentista não for São Pedro em pessoa, ou então um Brad Pitt com mãos de artista, vou lá uma vez e não volto. Dentistas há muitos.
Durante este tempo, os dentitos lá começaram a espreitar pelas gengivas. Os de cima, sem grandes problemas, alegres e bem dispostos, podem não servir para grande coisa mas também não estorvam. Os de baixo, malandros, meios escondidos, tentam a todo o custo aparecer em todo o seu esplendor, mas não têm espaço. Empurram então os outros dentes, moem-me a gengiva, chegam até a aleijar. Fazem-me render às evidências, e a procurar um artista que me diga que tem que mos arrancar, que depois de ter passado 3 dias a ibuprofeno qualquer um desiste. Se não consegues vencê-los, extrai-os.
E aqui começa mais uma odisseia. E começa mal. O dentista que me recomendaram (um a quem eu ainda não tive o ensejo de fugir) tem uma daquelas recepcionistas que não percebe o conceito de "urgente". Perguntou-me se ia fazer um check-up. Não, não vou. Check-up só se for da constituição física do senhor doutor. Não, o meu problema é que ando há 3 dias a tomar analgésicos por causa dos malditos molares. Ah pronto, então se é só isso pode vir daqui a 3 semanas. Sacana. Se o dentista não for São Pedro em pessoa, ou então um Brad Pitt com mãos de artista, vou lá uma vez e não volto. Dentistas há muitos.
28 setembro 2009
12 horas
Quão difícil pode ser comprar um bilhete de avião? À partida, pouco. Para alguém que já planeou tantas viagens como eu, para mim e para outros, custa a acreditar que possa ser uma tarefa complicada. Desta vez, foi. Uma data de sites que não deixavam efectuar o clique final da compra (incluindo o da Air China), e teimaram em funcionar mal, até que, depois de muita persistência, quando já me começava a render à evidência que talvez tivesse que voar para Hong Kong e depois ir de ferry para Macau, ou então ir a uma agência de viagens que fizesse esta pesquisa toda por mim, lá consegui. Aleluia. Macau here I go. (A não ser que precise de um visto e não mo dêem. Batam aí na madeira, se fazem favor.)
(Já agora, um grande obrigado ao tripadvisor que através da expedia - que não me deixava fazer o que eu queria - acabou por me resolver o problema.)
(Já agora, um grande obrigado ao tripadvisor que através da expedia - que não me deixava fazer o que eu queria - acabou por me resolver o problema.)
Pergunto-me
O que será necessário para que alguém deixe de se importar com os resultados de eleições.
Complicado...
Vou a Macau. Ou melhor, estou a planear a ir. Quer dizer... inscrevi-me numa conferência que se irá realizar em Macau. (ponto 1, check) Teoricamente, para visitar Macau não preciso de visto, já que sou portuguesa, só que o avião fará escala em Pequim. Será que faz falta um visto só para sair de um avião e entrar noutro? Eu diria que não, mas não sei o que é que as autoridades chinesas pensam sobre o assunto. (ponto 2, ?) Tenho que verificar onde anda o passaporte e quando é que termina a sua validade, mas penso que deve estar em ordem. (ponto 3, ?) Já tentei comprar o bilhete de avião na internet, mas depois de ter escrito todos os dados e clicado no botão que torna a coisa oficial recebi uma mensagem de erro. Sim, é mesmo nessa altura que os clientes querem perceber que houve um erro. Entretanto telefonei para a agência (vá lá, ao menos tinham telefone) e disseram-me que o bilhete não tinha sido emitido e que me dariam novidades por email nas próximas duas horas. Não gosto disto. (ponto 4, alerta amarelo) Ainda me falta marcar o hotel, mas só me atrevo a fazê-lo depois de ter o bilhete de avião. Tal como só tentei obter o bilhete de avião depois de me confirmarem a participação na conferência. Só por causa dos azares, que ainda não acredito completamente que vou a Macau. Tão longe. Mais 6 horas que aqui (e por isso quase impossível de contactar a embaixada portuguesa de lá, só se for entre as 9 e as 10 - antes das 10, que tentei às 10h01 e já não deu). (ponto 5, suspenso).
25 setembro 2009
Um brilho nos olhos
A minha parte favorita nas pessoas, quase todas as pessoas (ia escrever todas mas nunca se sabe, não gosto de absolutismos, nem mesmo os meus), é o brilhozinho que trazem nos olhos. O entusiasmo que lhes causa seja o que for (e aqui lembro-me de uma ou duas coisas tenebrosas que aparecem nas notícias e pergunto-me se essa gente também traria esse brilho nos olhos, e foi por isso que não generalizei completamente). Desde o entusiasta do origami, que aborrece os outros quando se excede nas explicações do quão complicado pode ser fazer um Gandalf de papel (sem um único corte!) mas depois mostra fotografias de objectos extraordinários feitos com uma folha de papel e ainda oferece um morcego preto ao amigo, ao fanático por máquinas de café, extraordinariamente útil quando a nossa avaria, porque é provavelmente a única pessoa num raio de 500km que sabe procurar o problema, onde comprar as partes que avariaram, e trazer a comatosa máquina de volta à vida.
Quando conhemos alguém por vezes damo-nos ao trabalho de perguntar quais são os seus hobbies - e ainda assim frequentemente não fazemos a mínima ideia daquilo que faz vibrar pessoas com quem convivemos diariamente mesmo que por anos a fio. Aquele tipo que se senta a poucos metros de nós e trabalhou num jornal aos 18 anos, e desenha órgãos humanos a carvão (ia dizer a lápis, eheh), o que será que lhe traz um sorriso até à alma? E aqueloutro, o mestre dos projectos inovadores, que escreveu um livro sobre tapetes só porque um dia lhe deu para estudar o assunto nos tempos livres, que construiu uma máquina de pintar quadros e depois se virou para a pintura monocromática usando uma técnica com centenas de anos de que ninguém se lembra. O que será que faz brilhar os olhos daquela mulher que se veste de forma estranha e tem um sorriso triste como se carregasse o mundo nos ombros, o que será que lhe alivia o peso, ainda que momentaneamente.
Haverá algo mais contagiante que uma alma a sorrir, espelhada no brilho dos olhos de cada um de nós?
Quando conhemos alguém por vezes damo-nos ao trabalho de perguntar quais são os seus hobbies - e ainda assim frequentemente não fazemos a mínima ideia daquilo que faz vibrar pessoas com quem convivemos diariamente mesmo que por anos a fio. Aquele tipo que se senta a poucos metros de nós e trabalhou num jornal aos 18 anos, e desenha órgãos humanos a carvão (ia dizer a lápis, eheh), o que será que lhe traz um sorriso até à alma? E aqueloutro, o mestre dos projectos inovadores, que escreveu um livro sobre tapetes só porque um dia lhe deu para estudar o assunto nos tempos livres, que construiu uma máquina de pintar quadros e depois se virou para a pintura monocromática usando uma técnica com centenas de anos de que ninguém se lembra. O que será que faz brilhar os olhos daquela mulher que se veste de forma estranha e tem um sorriso triste como se carregasse o mundo nos ombros, o que será que lhe alivia o peso, ainda que momentaneamente.
Haverá algo mais contagiante que uma alma a sorrir, espelhada no brilho dos olhos de cada um de nós?
Fora de contexto
Gut...gut...sehr gut...
Gut...gut...sehr gut...
Gut...gut...sehr gut...
e depois de ouvir o homem dizer isto uma data de vezes com uma certa cadência, deu-me uma vontade incontrolável de rir.
(ainda me rio, de pensar nisto)
Gut...gut...sehr gut...
Gut...gut...sehr gut...
e depois de ouvir o homem dizer isto uma data de vezes com uma certa cadência, deu-me uma vontade incontrolável de rir.
(ainda me rio, de pensar nisto)
24 setembro 2009
facebook 1-2-3
O blogue está mais ou menos em standby porque entretanto me dediquei ao facebook. No entanto rapidamente me apercebi que uma coisa é o facebook, outra é o blogue, e escrever para os amigos e família não é a mesma coisa que escrever para um público largamente desconhecido. No blogue há uma liberdade que não há no facebook - são as vantagens do quase anonimato. E no facebook há uma liberdade que não há no blogue - são as vantagens de escrever para quem nos conhece a vida com algum pormenor. O que é talvez estranho é a certeza que tenho que nunca escreveria os meus postes favoritos no facebook - privados como são, ideais para lançar aos leitores que não me conhecem, impossíveis de partilhar de uma vez com todos os "amigos do facebook".
É engraçado como se pode compartimentar a vida assim, uns para um lado, outros para outro, uns sentimentos para aqui e outros para ali. A galhofa está bem para qualquer sítio e para qualquer lugar, a lamechice, quando a há, só pode ser partilhada com muito poucas pessoas de cada vez, ou com um monte de desconhecidos (embora alguns não tão desconhecidos como isso). E outras coisas, para mais tarde recordar se entretanto o blogger não desaparecer ou eu fizer uma cópia do arquivo, ficam aqui, sossegadinhas, quietinhas, preciosas e intocadas como aquilo que se guarda num baú e só se revê muitos anos depois - quando se muda de casa ou reorganiza as tralhas.
É engraçado como se pode compartimentar a vida assim, uns para um lado, outros para outro, uns sentimentos para aqui e outros para ali. A galhofa está bem para qualquer sítio e para qualquer lugar, a lamechice, quando a há, só pode ser partilhada com muito poucas pessoas de cada vez, ou com um monte de desconhecidos (embora alguns não tão desconhecidos como isso). E outras coisas, para mais tarde recordar se entretanto o blogger não desaparecer ou eu fizer uma cópia do arquivo, ficam aqui, sossegadinhas, quietinhas, preciosas e intocadas como aquilo que se guarda num baú e só se revê muitos anos depois - quando se muda de casa ou reorganiza as tralhas.
21 setembro 2009
Emergência
O miúdo cresceu 5 centímetros em dois meses. Mais coisa menos coisa. Enquanto andava de calções não se notava, mas agora todas as calças lhe ficam curtas. Mesmo as que lhe comprei em Junho, porque as anteriores também tinham deixado de servir.
E os pés? Não sei como, aumentou 3 números num ano sem dizer nada a ninguém. Tem os pés ligeiramente maiores que os meus. E desconfio que não vai ficar por aqui...
(Uma pessoa vê isto, e pensa para consigo, puxa, não tarda nada o puto não cabe na cama. E, se calhar por isso, a última moda entre os miúdos da idade dele é irem aobruxo médico para obterem uma estimativa da sua altura em adultos.)
E os pés? Não sei como, aumentou 3 números num ano sem dizer nada a ninguém. Tem os pés ligeiramente maiores que os meus. E desconfio que não vai ficar por aqui...
(Uma pessoa vê isto, e pensa para consigo, puxa, não tarda nada o puto não cabe na cama. E, se calhar por isso, a última moda entre os miúdos da idade dele é irem ao
18 setembro 2009
para mais tarde recordar
(um ano e meio da minha bonequinha)
Entre as sete e meia e as oito da noite, depois do jantar dela, levo-a para o quarto. mudo-lhe a fralda, visto-lhe o pijama, mostro-lhe a cama. E pergunto-lhe se quer ir dormir. Ela atira-se aos lençóis, eu tapo-a, e ali fica, sossegadinha e sem chorar, até ao dia seguinte, quando for hora de se levantar.
(não sei de que é os outros pais se queixam. os filhos são fáceis. os bebés ainda mais.)
Entre as sete e meia e as oito da noite, depois do jantar dela, levo-a para o quarto. mudo-lhe a fralda, visto-lhe o pijama, mostro-lhe a cama. E pergunto-lhe se quer ir dormir. Ela atira-se aos lençóis, eu tapo-a, e ali fica, sossegadinha e sem chorar, até ao dia seguinte, quando for hora de se levantar.
(não sei de que é os outros pais se queixam. os filhos são fáceis. os bebés ainda mais.)
17 setembro 2009
Segredos
A desvantagem de organizar uma festa surpresa para alguém, é que essa pessoa pode decidir organizar outra festa.
(e agora temos duas festas para a mesma pessoa, com organização diferente, e local diferente, a menos de 24 horas uma da outra. mais vale festejar muito do que não festejar de todo.)
(e agora temos duas festas para a mesma pessoa, com organização diferente, e local diferente, a menos de 24 horas uma da outra. mais vale festejar muito do que não festejar de todo.)
16 setembro 2009
Prendas parvas
(ou melhor, mais uma ideia brilhante)
E se eu empacotasse todos os bonecos dos Kinder Surpresa que se escondiam nos recantos mais improváveis da minha casa (e agora foram encontrados com a mudança), embrulhasse, e desse de prenda a alguém? Era giro, não era?
(também os podia pôr em filinha a indicar o caminho numa daquelas brincadeiras do Natal para os miúdos)
E se eu empacotasse todos os bonecos dos Kinder Surpresa que se escondiam nos recantos mais improváveis da minha casa (e agora foram encontrados com a mudança), embrulhasse, e desse de prenda a alguém? Era giro, não era?
(também os podia pôr em filinha a indicar o caminho numa daquelas brincadeiras do Natal para os miúdos)
Os gatos
Eu até nem ligo muito a política, acho graça aos gatos, e já dei muitas gargalhadas à conta do esmiuçar dos sufrágios. E isto só com dois programas. Só me parece que as entrevistas têm um ritmo muito lento, o que é uma pena. Falta de prática, talvez.
Depois de ver, não só me parece uma ideia brilhante do ponto de vista televisivo, mesmo sendo copiada do Daily Show, como também é muito prometedor o espírito com que os dois políticos entrevistados até agora encararam as suas participações. É bonito ver um político a rir-se numa entrevista, a sorrir quando lhe são postas as perguntas que toda a gente gostava de ouvir - as tais que são apelidadas de parvas, mas às quais não é dada uma resposta séria. Os políticos portugueses até conseguem entrar na brincadeira. E material para a primeira parte - o gozo com a campanha - não falta. Aos gatos - e ao RAP, provavelmente a pessoa mais sexy em estúdio, mesmo quando acompanhado do primeiro ministro - tiro o meu chapéu. Uma coisa é certa, se este programa fosse para durar, duvido muito que os políticos continuassem a aparecer com sorrisos tão abertos.
Depois de ver, não só me parece uma ideia brilhante do ponto de vista televisivo, mesmo sendo copiada do Daily Show, como também é muito prometedor o espírito com que os dois políticos entrevistados até agora encararam as suas participações. É bonito ver um político a rir-se numa entrevista, a sorrir quando lhe são postas as perguntas que toda a gente gostava de ouvir - as tais que são apelidadas de parvas, mas às quais não é dada uma resposta séria. Os políticos portugueses até conseguem entrar na brincadeira. E material para a primeira parte - o gozo com a campanha - não falta. Aos gatos - e ao RAP, provavelmente a pessoa mais sexy em estúdio, mesmo quando acompanhado do primeiro ministro - tiro o meu chapéu. Uma coisa é certa, se este programa fosse para durar, duvido muito que os políticos continuassem a aparecer com sorrisos tão abertos.
15 setembro 2009
Os miúdos são tão giros
Anuncio ao meu mais velho (ah, nunca tinha dito isto, mais velho, como se fosse realmente velho, ou pelo menos muito crescido) que lhe vou meter o dinheiro que tem guardado no banco. E ele concorda, que ponha tudo no banco (ele já há muito que percebeu a história dos juros), mas que lhe deixe 10 cêntimos. 10 cêntimos? Sim, está a dever ao amigo.
14 setembro 2009
A coisa mais engraçada dos últimos dias
O debate Sócrates - Ferreira Leite. Aquilo parecia ter sido ensaiado/escrito pelos Gato Fedorento. Em vários momentos fez-me lembrar sketches antigos deles. Tendo em conta que foi o único debate que vi, pode não ter sido o melhor. Mas achei-o hilariante.
09 setembro 2009
Será pedir muito?
Estou a meio da tarefa de reformar o meu guarda-roupa. O primeiro passo é (tem sido) deitar fora (ou dar, se estiverem em bom estado) coisas que não me servem, que não gosto, que nunca uso, que usei uma vez há anos e depois nunca mais (certo tipo de vestidos, por exemplo). O segundo passo é criar um guarda roupa funcional, sem coisas a mais, de roupa para o dia a dia, que sirva para trabalhar e para estar em casa. E substituir a roupa de desporto, que a que tenho também está à beira da reforma. Sim, que isto de ter tido uma bebé fez com que há mais de dois anos e meio eu não faça compras de roupa para mim a sério. Portanto, out with the old, in with the new.
Não ter vindo a alterar o que visto de uma forma gradual, como é (era) costume, leva-me a ter uma perspectiva... científica, vá lá, da coisa. Ou seja, primeiro vejo o que existe, em catálogos, revistas, e, porque não, nas montras, decido que tipo de looks me interessam mais, e depois irei à procura do que quero. Com um pequenino problema. As revistas e catálogos só têm miúdas esqueléticas a fazer de cabides. A elas pode-lhes ficar lindamente uma camisola às riscas horizontais compridas por cima de umas leggings, mas aposto que a 95% das mulheres não. Não seria tempo de começarem a fazer catálogos (e revistas, se não for pedir muito) com modelos de tamanhos variáveis? Assim gente para usar um tamanho 36, em vez do 32? Apetecia-me passar o dia sentada em frente aos provadores a ver outras mulheres experimentar a roupa em vez de ter que ser eu a experimentar tudo a ver o que ficará bem...
Não ter vindo a alterar o que visto de uma forma gradual, como é (era) costume, leva-me a ter uma perspectiva... científica, vá lá, da coisa. Ou seja, primeiro vejo o que existe, em catálogos, revistas, e, porque não, nas montras, decido que tipo de looks me interessam mais, e depois irei à procura do que quero. Com um pequenino problema. As revistas e catálogos só têm miúdas esqueléticas a fazer de cabides. A elas pode-lhes ficar lindamente uma camisola às riscas horizontais compridas por cima de umas leggings, mas aposto que a 95% das mulheres não. Não seria tempo de começarem a fazer catálogos (e revistas, se não for pedir muito) com modelos de tamanhos variáveis? Assim gente para usar um tamanho 36, em vez do 32? Apetecia-me passar o dia sentada em frente aos provadores a ver outras mulheres experimentar a roupa em vez de ter que ser eu a experimentar tudo a ver o que ficará bem...
08 setembro 2009
Mais vale tarde do que nunca
Eu sei que tinha prometido umas fotografias de um certo café em Munique... finalmente, levei a máquina. Que é como quem diz, o telemóvel. Carregado. Faltam as fotos das montras e as que tirei não têm grande qualidade, mas... a minha vida não é isto, foi o melhor que se arranjou e com muita boa vontade. :)
De resto, os bolos recomendam-se, em especial os brownies...
De resto, os bolos recomendam-se, em especial os brownies...
Bois de Rose
Uma das coisas mais bonitas (entre tantas) que vi nas montras, durante as férias, foi uma escultura em pau rosa, pequena, que representava um monte de livros empilhados. Havia variações do tema, umas esculturas tinham um homenzinho encostado aos livros, noutras o homenzinho estava a descansar em cima da pilha, e outras ainda consistiam apenas nos livros. Gostava de ter trazido uma para casa, mas achei-as estupidamente caras. Fiquei tão chocada quando vi o preço quem já nem me lembrei de tirar uma fotografia. E agora, ao recordar aquelas esculturas, tarde demais, vem-me à ideia que podia ter pedido uma de prenda. :) Para compensar os aneis que não uso e que são muitíssimo mais caros.
07 setembro 2009
(aos saltos de contente)
Eu vou ao Porto! Eu vou ao Porto! Eu vou ao Porto!
(é só daqui a quase dois meses, pelo que ainda vou ter que dar muitos pulos até lá.)
(é só daqui a quase dois meses, pelo que ainda vou ter que dar muitos pulos até lá.)
04 setembro 2009
I ♥ amazon
Livros por um cêntimo, portes de envio 3 euros. Haverá mais barato que isto (sem descolar da cadeira?)
(no marketplace da amazon)
(no marketplace da amazon)
03 setembro 2009
Dúvida
To facebook or not to facebook.
Acho que o primeiro "convite" que recebi foi há anos. Bem, há um ano, pelo menos. E muitos outros se seguiram. E eu, que tinha experimentado o Hi5 e achado aquilo uma porcaria, recusei sempre, educadamente como a minha mãe me ensinou. Mas agora (547 convites depois) estou na dúvida. Aquela confusão dos Terms & Conditions há uns tempos tinha sido uma desculpa tão boa...
Acho que o primeiro "convite" que recebi foi há anos. Bem, há um ano, pelo menos. E muitos outros se seguiram. E eu, que tinha experimentado o Hi5 e achado aquilo uma porcaria, recusei sempre, educadamente como a minha mãe me ensinou. Mas agora (547 convites depois) estou na dúvida. Aquela confusão dos Terms & Conditions há uns tempos tinha sido uma desculpa tão boa...
Batalhas no escritório
Encontrei no Jansenista, e achei uma ideia fantástica. Também há o calendário para 2010. E eu já mandei vir um da amazon. Ainda não sei para quem vai ser. Mas haverá aviões a voar onde ele for parar. :)
Speedy Gonzalez
O rapaz do correio tinha por hábito entrar e sair a correr. Olá - entrega as encomendas - retira o correio a enviar - adeus. Tudo em menos de 5 segundos. Não gostava deste rapaz do correio. Era demasiado rápido, nem sequer dava tempo para responder com um bom dia ou esboçar um sorriso. Era tão frustrante que já fugia dele, evitava a hora da entrega e recolha do correio.
Um dia o rapaz do correio abrandou. Deu tempo para receber um bom dia. E tempo para ouvir a resposta ao seu adeus. Ainda assim não teve direito ao sorriso da praxe que todos os outros rapazes do correio recebiam. O espanto tinha sido demasiado.
Um dia o rapaz do correio abrandou. Deu tempo para receber um bom dia. E tempo para ouvir a resposta ao seu adeus. Ainda assim não teve direito ao sorriso da praxe que todos os outros rapazes do correio recebiam. O espanto tinha sido demasiado.
02 setembro 2009
Deixem-me trabalhar
3 dias a mudar coisas, limpar, arrumar, pôr móveis num sítio, mudar de ideias e trocar tudo. Já não me aguento mais em casa.
01 setembro 2009
Mudanças
Mudei de casa uma data de vezes até hoje. Em média, de três em três anos, mais coisa menos coisa. E ainda continuo a achar mudar de casa divertidíssimo. É um bocado mais complicado não ter os pais a tratar de tudo (e a limpar, e a arrumar, e a tratar das burocracias), e o fim da mudança fica sempre mais longe (da última vez demorei um ano até terminar de desencaixotar tudo). Mas adoro tornar um conjunto de divisões na minha casa. Transformar quatro paredes brancas na minha sala, ou no meu quarto. Fazer experiências com a mobília. Trocar as lâmpadas e (mandar) colocar candeeiros. Já mudei tantas vezes de casa, que uma das mudanças mais giras até hoje tinha sido quando mudámos para uma casa do outro lado da rua, teria eu uns dez anos. (É assim que situo certos acontecimentos na minha vida, estão ancorados à casa onde vivia na altura.) Mas hoje, mudei de casa outra vez, e desta vez foi ainda mais especial. Mudar para o apartamento de baixo não acontece a toda a gente. Nem sequer a todas as empresas de mudanças. (Aos nossos homens fortes e musculados (e giros! e novos! e simpáticos!) que andaram a carregar a mobília nunca lhes tinha calhado.) Não é preciso camião. Nem bloquear a rua. E teve piada ver coisas a descer de uma varanda para a outra. E a piéce de resistance... A Telekom quase que nos tramou. No apartamento novo nao tenho nem internet nem telefone até sexta, se tudo correr bem. Felizmente estamos na era do wireless. O telefone continua a emitir lá em cima, e agora é utilizado cá em baixo. A internet a mesma coisa. Ah! Ah!
(Estou que nem posso. E pensar que tive pena de não ir à aeróbica. Doem-me os músculos todos.)
(Estou que nem posso. E pensar que tive pena de não ir à aeróbica. Doem-me os músculos todos.)
31 agosto 2009
Cura de emagrecimento
Passar o dia a subir e a descer escadas. E a carregar coisas pesadas. Se isto não chegar para abater os gramas que ganhei durante as férias, eles cá ficarão para sempre.
Das vantagens das bibliotecas
não é preciso andar com os livros de um lado para o outro. e as bibliotecas de praia? uma ideia maravilhosa.
Dos livros
Passei uma boa parte da infância enfiada na biblioteca. Comecei pela biblioteca itinerante da Gulbenkian - a carrinha cinzenta que passava de vez em quando - passei pelo que foi a biblioteca municipal (a que não emprestava livros, só permitia a sua leitura no local) e depois mudei-me para o que se tornou a mistura das duas (daquela estante não se podem levar livros para casa, das outras podem-se levar 5 de cada vez). Passei ali muitas manhãs, e muitas tardes, a ler os livros mais pequenos, levava sempre 5 para casa e nas férias de verão e nas outras todos os dias ia trocar por mais uma dose. Lia os meus e a maior parte dos que as minhas irmãs requisitavam, e quando os livros vinham já muito manuseados, às vezes colava-lhes as capas ou uma ou outra folha solta com fita cola. Nunca escrevi nos livros, e que me lembre, não era costume eles virem rabiscados.
Quando ia aos meus avós, tanto de um lado da família como do outro, uma das actividades que levava a cabo enquanto os adultos se abstraíam da minha presença (vá lá, quando eu desaparecia da vista deles sem que eles notassem) era investigar as casas. Na casa dos meus avós paternos rebuscava os quartos e as estantes à procura de tesouros (havia tantos!) e encontrava bichos em álcool, um microscópio, um pífaro que rapidamente desapareceu (hoje desconfio que foi o meu pai, farto de o ouvir, que lhe deu sumiço), livros e mais livros, e componentes eléctricos que na altura não sabia identificar. Na casa dos meus avós maternos rebuscava o quarto da minha tia, que tinha um poster dos ABBA na parede, e gostava de ir ao sótão, onde havia imensas teias de aranhas, alguns buracos na madeira do soalho, e a luz do sol entrava pelas frestas das telhas. A minha avó dizia para não ir lá para cima, que havia ratos, mas eu não só nunca tinha visto nenhum como não tinha medo - suponho que, nessa altura, se algum dia tivesse encontrado um rato ainda o transformava em animal de estimação ou então torturava-o para que aprendesse a voar. E nesta casa não me lembro dos livros, mas lembro-me de encontrar dezenas de revistas juvenis do tempo do antigo regime, que eu li de uma ponta à outra (bem, quase), que tinham histórias por capítulos e me faziam ansiar pelo exemplar que faltava lá no meio.
Quando fui viver para o Porto, já com 18 anos, terminou a minha infância - pelo menos a parte que eu me dava ao luxo de ser infantil 95% do tempo. Não voltei a frequentar bibliotecas por prazer, apenas por necessidade, não voltei a rir às gargalhadas sob o olhar severo da bibliotecária (que nunca acreditou que eu lia os livros que levava para casa, e nem lhe passou pela cabeça que eu também lesse os outros que as minhas irmãs traziam com elas), nem voltei a ler livros velhos em casa de familiares, e a coisa mais parecida com ler livros que passaram de mão em mão era partilhar os livros que comprava com as minhas irmãs e, de vez em quando, pedir um emprestado às amigas.
E depois...
...fui de férias. Encontrei uma estante com livros a chamar por mim. Livros deixados por outros viajantes, uns novos, provavelmente lidos apenas uma vez, outros semi-novos, e outros velhos, de folhas soltas e fita cola a prender a capa. E redescobri o prazer de ler um livro que já foi folheado uma e outra vez, de ler uma história que nitidamente já deu prazer a outras pessoas, de tocar aquelas páginas que já tinham sido tocadas por muitos outros dedos. Tenho saudades da "minha" bibilioteca, que funcionava num edifício antigo, de rés-do-chão e primeiro andar, das escadas que rangiam, do soalho de manteiga, do boneco da máquina de bolas-surpresa na loja do outro lado da estrada que dizia, em espanhol, "holla, como te llamas? quiero ser como tu. a ver se puedes divinar" todo o dia, sem se cansar, sem me incomodar.
(os meus vizinhos têm uma biblioteca imensa na cave. vou começar a levar livros emprestados.)
Quando ia aos meus avós, tanto de um lado da família como do outro, uma das actividades que levava a cabo enquanto os adultos se abstraíam da minha presença (vá lá, quando eu desaparecia da vista deles sem que eles notassem) era investigar as casas. Na casa dos meus avós paternos rebuscava os quartos e as estantes à procura de tesouros (havia tantos!) e encontrava bichos em álcool, um microscópio, um pífaro que rapidamente desapareceu (hoje desconfio que foi o meu pai, farto de o ouvir, que lhe deu sumiço), livros e mais livros, e componentes eléctricos que na altura não sabia identificar. Na casa dos meus avós maternos rebuscava o quarto da minha tia, que tinha um poster dos ABBA na parede, e gostava de ir ao sótão, onde havia imensas teias de aranhas, alguns buracos na madeira do soalho, e a luz do sol entrava pelas frestas das telhas. A minha avó dizia para não ir lá para cima, que havia ratos, mas eu não só nunca tinha visto nenhum como não tinha medo - suponho que, nessa altura, se algum dia tivesse encontrado um rato ainda o transformava em animal de estimação ou então torturava-o para que aprendesse a voar. E nesta casa não me lembro dos livros, mas lembro-me de encontrar dezenas de revistas juvenis do tempo do antigo regime, que eu li de uma ponta à outra (bem, quase), que tinham histórias por capítulos e me faziam ansiar pelo exemplar que faltava lá no meio.
Quando fui viver para o Porto, já com 18 anos, terminou a minha infância - pelo menos a parte que eu me dava ao luxo de ser infantil 95% do tempo. Não voltei a frequentar bibliotecas por prazer, apenas por necessidade, não voltei a rir às gargalhadas sob o olhar severo da bibliotecária (que nunca acreditou que eu lia os livros que levava para casa, e nem lhe passou pela cabeça que eu também lesse os outros que as minhas irmãs traziam com elas), nem voltei a ler livros velhos em casa de familiares, e a coisa mais parecida com ler livros que passaram de mão em mão era partilhar os livros que comprava com as minhas irmãs e, de vez em quando, pedir um emprestado às amigas.
E depois...
...fui de férias. Encontrei uma estante com livros a chamar por mim. Livros deixados por outros viajantes, uns novos, provavelmente lidos apenas uma vez, outros semi-novos, e outros velhos, de folhas soltas e fita cola a prender a capa. E redescobri o prazer de ler um livro que já foi folheado uma e outra vez, de ler uma história que nitidamente já deu prazer a outras pessoas, de tocar aquelas páginas que já tinham sido tocadas por muitos outros dedos. Tenho saudades da "minha" bibilioteca, que funcionava num edifício antigo, de rés-do-chão e primeiro andar, das escadas que rangiam, do soalho de manteiga, do boneco da máquina de bolas-surpresa na loja do outro lado da estrada que dizia, em espanhol, "holla, como te llamas? quiero ser como tu. a ver se puedes divinar" todo o dia, sem se cansar, sem me incomodar.
(os meus vizinhos têm uma biblioteca imensa na cave. vou começar a levar livros emprestados.)
Entre caixotes
(vazios, que esta mudança vai ser a mais hilariante de sempre, adianto que o tema é "para baixo todos os santos ajudam")
O blogue vai ter que prosseguir em modo post curto. Quase ao estilo do twitter, mas sem ter que me limitar, a não ser pela velocidade dos meus dedos (que é grande, aviso já que os meus dedos a teclar são como um corredor de automóveis fórmula 1). Por um lado, os postes serão curtos porque estou com falta de tempo, roubando uns minutos aqui e ali para vir à net, como uma viciada, por outro lado haverá postes porque simplesmente tenho que escrever.
[Actualização: se as regras são minhas, posso quebrá-las, não é? dizem que a excepção faz a regra, mas eu já estou na dúvida do que será a regra e do que será a excepção.]
O blogue vai ter que prosseguir em modo post curto. Quase ao estilo do twitter, mas sem ter que me limitar, a não ser pela velocidade dos meus dedos (que é grande, aviso já que os meus dedos a teclar são como um corredor de automóveis fórmula 1). Por um lado, os postes serão curtos porque estou com falta de tempo, roubando uns minutos aqui e ali para vir à net, como uma viciada, por outro lado haverá postes porque simplesmente tenho que escrever.
[Actualização: se as regras são minhas, posso quebrá-las, não é? dizem que a excepção faz a regra, mas eu já estou na dúvida do que será a regra e do que será a excepção.]
30 agosto 2009
Uma pessoa chega do outro mundo, e pensa nas imensas coisas geniais que tinha planeado postar durante as férias, como aquela ideia das memórias mais antigas que se têm, ou o maior susto da minha vida e de como não consegui dormir em condições durante uma semana (e sim, isto nunca me tinha acontecido), ou como ir a uma terra onde nunca se tinha estado e que aparentemente não tem nada de especial pode ser extremamente perturbador (de uma forma diferente da do maior susto da minha vida), ou até o plano de postar a pilha de livros e dvds que tinha planeado atacar antes das férias e da que efectivamente acabei por ler/ver, e ainda sobre o prazer de ler um livro que encontrei a cair aos bocados e colado com fita cola, e o outro livro que encontrei e que já ia a meio quando descobri que era uma auto-biografia e bolas para a miúda que tudo lhe acontecia - e ainda para mais há um segundo livro que conta o resto da história (mas será que ainda lhe podem acontecer mais desgraças?) mas não estava na estante e portanto vou ter que o procurar para poder ler (era perturbador mas não ao ponto de superar a minha curiosidade, e se a mulher escreveu o livro então a história não pode acabar assim tão mal). E havia mais coisas. Só que entretanto comecei a ler blogues (e a lembrar-me de outras histórias, como uma de trelas para crianças, outra de quadros, reproduções, e do pintor com um enorme sentido de humor), verifiquei que me esqueci das passwords do trabalho (e isto não é necessariamente mau), estou com remorsos por não ter ainda começado a encaixotar a minha vida (mas só amanhã é que me vou dedicar aos caixotes), e preocupo-me por estar a correr o risco de ficar sem telefone, internet e televisão por uns dias. apesar de ter acabado de passar duas semanas sem nenhuma destas coisas e nem lhe ter sentido a falta. A vida de todos os dias é estranha.
15 agosto 2009
Oktoberfest
(e sim, este blogue está mesmo fechado até Setembro)
Isto de viver no centro de grandes acontecimentos leva a que, de vez em quando, se recebam uns pedidos de ajuda. Dicas sobre onde ficar, o que fazer, coisas assim. De modo que, como sou uma gaja fixe e gosto de ajudar até desconhecidos, acabo por me obrigar a saber ou investigar certas coisas. É sabido que os hotéis em Munique aumentam os preços durante a Oktoberfest. Até certo ponto, é de esperar. O que eu não imaginava é até onde vai a inflação durante essas duas semanas. Que aumentassem os preços até ao dobro, vá lá, eu até compreendia. E alguns limitam-se a aumentar para o dobro. Mas há outros, que nem são assim nada de especial, que aumentam o preço 5 vezes. Cinco vezes. De 40 para quase 200 euros por noite. Não é que eu perceba grande coisa de hotéis, mas se o preço em Agosto é de 40 euros, não vejo como é que no fim de Setembro o mesmo quarto, no mesmo hotel, com o mesmo pequeno almoço e o mesmo serviço passe a valer cinco vezes mais só porque está a decorrer um festival da cerveja - onde ainda para mais à noite e durante o fim de semana é quase impossível entrar nas tendas. Será que o quarto vem com um Dirndl/Lederhosen para @ ocupante?
Isto de viver no centro de grandes acontecimentos leva a que, de vez em quando, se recebam uns pedidos de ajuda. Dicas sobre onde ficar, o que fazer, coisas assim. De modo que, como sou uma gaja fixe e gosto de ajudar até desconhecidos, acabo por me obrigar a saber ou investigar certas coisas. É sabido que os hotéis em Munique aumentam os preços durante a Oktoberfest. Até certo ponto, é de esperar. O que eu não imaginava é até onde vai a inflação durante essas duas semanas. Que aumentassem os preços até ao dobro, vá lá, eu até compreendia. E alguns limitam-se a aumentar para o dobro. Mas há outros, que nem são assim nada de especial, que aumentam o preço 5 vezes. Cinco vezes. De 40 para quase 200 euros por noite. Não é que eu perceba grande coisa de hotéis, mas se o preço em Agosto é de 40 euros, não vejo como é que no fim de Setembro o mesmo quarto, no mesmo hotel, com o mesmo pequeno almoço e o mesmo serviço passe a valer cinco vezes mais só porque está a decorrer um festival da cerveja - onde ainda para mais à noite e durante o fim de semana é quase impossível entrar nas tendas. Será que o quarto vem com um Dirndl/Lederhosen para @ ocupante?
Como isto anda...
(e sim, o blogue está fechado até setembro)
A ver televisão, um programa em que, por algum motivo, várias pessoas desmaiavam.
- Isto acontece porque as pessoas se esquecem de respirar.
- Quê? (ou uma versão do grunho a dizer hã?)
- Sim. Estão demasiado concentrados no que estão a fazer, esquecem-se de respirar e desmaiam.
E pronto. De repente algo fez sentido na minha tête. Há uns anos fiz uma operação, e durante a mesma, a melhor coisa que ouvi do médico foi um "respire". Deve ser verdade. Às vezes o cérebro esquece-se de funcionar.
A ver televisão, um programa em que, por algum motivo, várias pessoas desmaiavam.
- Isto acontece porque as pessoas se esquecem de respirar.
- Quê? (ou uma versão do grunho a dizer hã?)
- Sim. Estão demasiado concentrados no que estão a fazer, esquecem-se de respirar e desmaiam.
E pronto. De repente algo fez sentido na minha tête. Há uns anos fiz uma operação, e durante a mesma, a melhor coisa que ouvi do médico foi um "respire". Deve ser verdade. Às vezes o cérebro esquece-se de funcionar.
14 agosto 2009
12 agosto 2009
Hoje sinto-me assim
"life is what happens when you're making other plans"
é por isso que não costumo fazer planos. e porque a vida tem tendência a intrometer-se, já devia saber que os planos que faço terão que ser mudados.
é por isso que não costumo fazer planos. e porque a vida tem tendência a intrometer-se, já devia saber que os planos que faço terão que ser mudados.
Belas fotos
aqui.
(também se podia chamar desportistas nus. ou Lobos nus. ou não-me-importo-se-me-oferecerem-um-calendário-destes.)
(também se podia chamar desportistas nus. ou Lobos nus. ou não-me-importo-se-me-oferecerem-um-calendário-destes.)
08 agosto 2009
É (f) lixado. Com F grande.
Não se faz. Deixam-me assim um vídeo num blog, e eu que até tinha tempo, para variar, fui ver, e sai-me isto:
Tive uma amiga que morava ali, ao pé da ponte da Arrábida. Morava por cima de um café e tinha imensos bichos em casa, dizia ela que era por causa do café. Passei uma noite ali, a estudar com ela, e depois safei-me no exame, por causa daquela ajuda preciosa. A minha amiga era o máximo. Uma força da natureza, pulmões de aço, uma força que nunca mais acabava, mesmo quando a vida lhe corria mal. E uma gargalhada enorme, cheia de vida, contagiante, extraordinária.
Vivi uma data de anos no Porto e nunca vi os barcos rabelos no rio. Dizem que fazem uma corrida todos os anos no S.João. Também nunca fui ao S.João. Mas fui várias vezes ao S.Pedro da Afurada com um amigo, e tive que me abrigar do fogo de artifício, pois havia pedaços a cair do céu ali mesmo, no meio das pessoas. E uma vez atravessei o rio num barquito, éramos dois mais o dono do barco e estava sol, e depois fomos passear. E uma vez entrei por ali numas tasquinhas que tinham pior aspecto que a taberna da aldeia onde vivi quando tinha 4 ou 5 anos, e não comi nada porque tudo me metia impressão. E ainda assim gostei da experiência.
Subi aos Clérigos algumas vezes, com companhias diferentes. E uma das vezes, acho que foi só uma, arrepiei alguém até ao âmago da alma, sem sequer lhe tocar.
Lembro-me da primeira vez que olhei para o Porto ao longe, à noite, de um andar alto num prédio de Gaia. E da primeira noite em que calcorreei aquelas ruas sozinha, de dois concertos de bandas que eu gostava seguidos, e depois ter decorado um número de telefone que recordei durante anos mas que nunca usei.
As viagens de eléctrico até à foz, as tardes de gazeta passadas no Homem do Leme, os velhotes que por ali andavam, o alcatrão na areia. E mais tarde, muito mais tarde, muitos almoços por aquelas esplanadas. E alguns cafés também, e passeios. Bom tempo, nevoeiro, chuva miudinha. Jogging aos sábados de manhã. Risos, amigos, conversas sérias em que decidíamos o que fazer do mundo.
As visitas das amigas, as noites na Ribeira, fechar discotecas, perder-me no caminho para casa. A época de exames e decidirmos sair à uma da madrugada, porque a vida não era só estudar. Os passeios às caves do vinho do Porto. Santa Catarina, Cedofeita, as ruas de paralelos. E aquele restaurantezinho escondido numa rua minúscula, que só estava aberto para o almoço, com a sua meia dúzia de mesas sempre a abarrotar, que servia batatas fritas verdadeiras e comida deliciosa que era preparada por uma senhora e a sua mãe.
E os amigos em casa de quem eu também me sentia em casa e em família. E os concertos no coliseu, e as primeiras idas ao cinema. Os autocarros no Bolhão, e os outros na Batalha. Ver Portugal jogar no Dragão. Ser convidada a deixar os restaurantes, por ser tarde, e depois a mesma cena à porta dos restaurantes. Festejar um aniversário num bar irlandês que eu gostava. A sensação de não se saber o que se andava a fazer, nem por onde se andava.
Fogo.
(E a praia da Madalena. E a de Leça. E outra mais a Norte que descobri sozinha e era a minha favorita. E a estação de S.Bento e a de Campanhã. Viagens de comboio até Espinho, ou Aveiro, ou Coimbra, ou Lisboa, ou o Algarve.)
O Mundo era muito diferente. Ou não, eu é que hoje em dia tenho outra perspectiva. Mas isto tudo por causa de três minutos de imagens. É obra.
Tive uma amiga que morava ali, ao pé da ponte da Arrábida. Morava por cima de um café e tinha imensos bichos em casa, dizia ela que era por causa do café. Passei uma noite ali, a estudar com ela, e depois safei-me no exame, por causa daquela ajuda preciosa. A minha amiga era o máximo. Uma força da natureza, pulmões de aço, uma força que nunca mais acabava, mesmo quando a vida lhe corria mal. E uma gargalhada enorme, cheia de vida, contagiante, extraordinária.
Vivi uma data de anos no Porto e nunca vi os barcos rabelos no rio. Dizem que fazem uma corrida todos os anos no S.João. Também nunca fui ao S.João. Mas fui várias vezes ao S.Pedro da Afurada com um amigo, e tive que me abrigar do fogo de artifício, pois havia pedaços a cair do céu ali mesmo, no meio das pessoas. E uma vez atravessei o rio num barquito, éramos dois mais o dono do barco e estava sol, e depois fomos passear. E uma vez entrei por ali numas tasquinhas que tinham pior aspecto que a taberna da aldeia onde vivi quando tinha 4 ou 5 anos, e não comi nada porque tudo me metia impressão. E ainda assim gostei da experiência.
Subi aos Clérigos algumas vezes, com companhias diferentes. E uma das vezes, acho que foi só uma, arrepiei alguém até ao âmago da alma, sem sequer lhe tocar.
Lembro-me da primeira vez que olhei para o Porto ao longe, à noite, de um andar alto num prédio de Gaia. E da primeira noite em que calcorreei aquelas ruas sozinha, de dois concertos de bandas que eu gostava seguidos, e depois ter decorado um número de telefone que recordei durante anos mas que nunca usei.
As viagens de eléctrico até à foz, as tardes de gazeta passadas no Homem do Leme, os velhotes que por ali andavam, o alcatrão na areia. E mais tarde, muito mais tarde, muitos almoços por aquelas esplanadas. E alguns cafés também, e passeios. Bom tempo, nevoeiro, chuva miudinha. Jogging aos sábados de manhã. Risos, amigos, conversas sérias em que decidíamos o que fazer do mundo.
As visitas das amigas, as noites na Ribeira, fechar discotecas, perder-me no caminho para casa. A época de exames e decidirmos sair à uma da madrugada, porque a vida não era só estudar. Os passeios às caves do vinho do Porto. Santa Catarina, Cedofeita, as ruas de paralelos. E aquele restaurantezinho escondido numa rua minúscula, que só estava aberto para o almoço, com a sua meia dúzia de mesas sempre a abarrotar, que servia batatas fritas verdadeiras e comida deliciosa que era preparada por uma senhora e a sua mãe.
E os amigos em casa de quem eu também me sentia em casa e em família. E os concertos no coliseu, e as primeiras idas ao cinema. Os autocarros no Bolhão, e os outros na Batalha. Ver Portugal jogar no Dragão. Ser convidada a deixar os restaurantes, por ser tarde, e depois a mesma cena à porta dos restaurantes. Festejar um aniversário num bar irlandês que eu gostava. A sensação de não se saber o que se andava a fazer, nem por onde se andava.
Fogo.
(E a praia da Madalena. E a de Leça. E outra mais a Norte que descobri sozinha e era a minha favorita. E a estação de S.Bento e a de Campanhã. Viagens de comboio até Espinho, ou Aveiro, ou Coimbra, ou Lisboa, ou o Algarve.)
O Mundo era muito diferente. Ou não, eu é que hoje em dia tenho outra perspectiva. Mas isto tudo por causa de três minutos de imagens. É obra.
07 agosto 2009
Só sei que nada sei.
Ainda assim, às vezes acho que sei muitas coisas (embora tenha sempre a consciência de que há muitas mais que não sei). E outras vezes, nada. Nada de nada. E até aquilo que julgava que sabia questiono. O sol nasce todos os dias - quer dizer, mantém-se mais ou menos no mesmo sítio e a Terra vai rodando. A noite vem todos os dias - quer dizer, todas as noites. No verão a terra explode com frutas e verduras - que o calor não é certo - e de seguida vem o outono, que é quando as folhas caem, e uns tempos depois começa a nevar e é inverno, e depois virá a primavera, que é só quando a neve desaparece e de repente temos mais pássaros a esvoaçar e não só os corvos que nunca vão a lado nenhum. E rebentos, e flores.
E ao mesmo tempo queria saber o que há que seja mais pequeno que um electrão, protão, neutrão, fotão, ou quark, ou o que vier a seguir, e o que há para além do universo que se conhece. O que é que nos faz correr, de onde vêm as paixões, mesmo aquelas pequeninas, por pedras da calçada ou bolotas. E o que é que nos faz parar de correr, ou parar para pensar o que é que andamos aqui a fazer. (E para quê, já agora, porquê e para que é que corremos, paramos, pensamos.)
Daqui a bocado vai deixar de fazer diferença outra vez. Enquanto se corre não há tempo para pensar. Até tropeçar outra vez.
E ao mesmo tempo queria saber o que há que seja mais pequeno que um electrão, protão, neutrão, fotão, ou quark, ou o que vier a seguir, e o que há para além do universo que se conhece. O que é que nos faz correr, de onde vêm as paixões, mesmo aquelas pequeninas, por pedras da calçada ou bolotas. E o que é que nos faz parar de correr, ou parar para pensar o que é que andamos aqui a fazer. (E para quê, já agora, porquê e para que é que corremos, paramos, pensamos.)
Daqui a bocado vai deixar de fazer diferença outra vez. Enquanto se corre não há tempo para pensar. Até tropeçar outra vez.
Hardcore
Às sextas tenho um encontro imediato com uma instrutora de aeróbica (parece que agora se chamam assim) vinda do inferno. Que por uma hora nos leva directamente às profundezas flamejantes do dito. Às vezes é apenas uma tortura. Outras vezes é um exercício de imaginação retorcida que nos faz imaginar que nem o inferno pode ser assim tão quente, suado, esforçado e doloroso. Não se pode comer duas horas antes do exercício - se não não se aguenta-, e depois já não há vontade. Não fora a garrafa de água e morreria desidratada. Não vou para lá em antecipação dos exercícios, do aquecimento, nem dos alongamentos para arrefecer. Naquela aula, há duas coisas que são por si um objectivo difícil de atingir: o primeiro, chegar ao fim (sabe tão bem); o segundo, poder dizer que eu sou uma das poucas pessoas que aguenta e continua a ir. (E desde que não faça gazeta às actividades desportivas durante a semana depois quase nem fico com dores de músculos no fim de semana. E se ficar... bem, o único remédio que conheço e resulta é fazer mais exercício.)
06 agosto 2009
Na ponta dos dedos
Estava nervosa, e tremia um pouco, de forma incontrolável. E depois olhou para as mãos dele, que seguravam um papel, e viu-as tremer também. Riu-se interiormente. Se ele estava nervoso, então estava tudo bem. E de repente passou-lhe.
Depressa, com pressa
Tenho medo, muito medo, de morrer amanhã.
Eu só tenho medo de morrer sem ter feito tudo o que queria fazer (e de deixar os miúdos sem mãe antes do tempo). O que é altamente provável (a primeira parte, não a segunda, espero). Mas que pelo menos morra só depois de ter feito as coisas mais importantes que quero fazer. E como tenho a plena consciência que pode ser já amanhã (ou hoje até), aproveito tudo o que há para aproveitar já hoje. E ainda assim, ultimamente tenho desperdiçado algumas oportunidades. Obrigada Sónia, por me lembrares que a vida é curta. Acabei de mudar o meu fim de semana por causa disso. (E vai ser tão bom!)
Eu só tenho medo de morrer sem ter feito tudo o que queria fazer (e de deixar os miúdos sem mãe antes do tempo). O que é altamente provável (a primeira parte, não a segunda, espero). Mas que pelo menos morra só depois de ter feito as coisas mais importantes que quero fazer. E como tenho a plena consciência que pode ser já amanhã (ou hoje até), aproveito tudo o que há para aproveitar já hoje. E ainda assim, ultimamente tenho desperdiçado algumas oportunidades. Obrigada Sónia, por me lembrares que a vida é curta. Acabei de mudar o meu fim de semana por causa disso. (E vai ser tão bom!)
04 agosto 2009
So long marianne
O Visconde dizia aqui que tinha gostado do So Long Marianne no concerto do Leonard Cohen. Eu, desde que conheci o So Long Marianne dos James que a adoro, mas por causa do Visconde fui ver o original ao youtube. É mais lento e não tem a minha parte favorita:
All the fights with that big kitchen knife
All the lies and the hate that you spat
All those long, long furious nights
All those long, long furious nights
All the tears that we shed
The excitement we had
On the unmade bed with that big kitchen knife
And the crimes we committed at night
Yeah the crimes we committed at night
For a love we could never get right
For a love we could never get right
So long Marianne
So long Marianne
Marianne
(E com isto me apercebo de uma certa obsessão com objectos cortantes - da parte dos James, não da minha.)
All the fights with that big kitchen knife
All the lies and the hate that you spat
All those long, long furious nights
All those long, long furious nights
All the tears that we shed
The excitement we had
On the unmade bed with that big kitchen knife
And the crimes we committed at night
Yeah the crimes we committed at night
For a love we could never get right
For a love we could never get right
So long Marianne
So long Marianne
Marianne
(E com isto me apercebo de uma certa obsessão com objectos cortantes - da parte dos James, não da minha.)
03 agosto 2009
chove
O mês de Agosto, quente como só Agosto pode ser, cheio de sol, passou a ser um mito. Deve ser por isso que nesta terra as férias escolares começam no finzinho de Julho, para que depois possa ocorrer a debandada geral, a fuga para os sítios onde, em Agosto, faz sol e calor. E nem ficam assim tão longe, em direcção ao Sul, basta atravessar os Alpes. Em duas horas está-se em Itália, em 5, 6 horas numa praia mediterrânica sem ondas e onde a água parece sopa, de tão quente.
Por outro lado, Agosto é um mês fantástico para se estar na cidade. O trânsito flui sem problemas, as lojas estão meias vazias, os cafés e restaurantes também. Meia vazia, a cidade tem outro encanto.
Por outro lado, Agosto é um mês fantástico para se estar na cidade. O trânsito flui sem problemas, as lojas estão meias vazias, os cafés e restaurantes também. Meia vazia, a cidade tem outro encanto.
30 julho 2009
rabos ao sol
e outras coisas. Isto dava um post sobre o que andei a fazer ontem. Eu é que não tenho tempo. Mais logo, talvez.
27 julho 2009
A onda
Estava a ver a MTV e a falar ao telefone ao mesmo tempo quando perdi a noção do que se estava a passar por, de repente, ver um rio verde com surfistas lá dentro. A musiquinha (Make it Mine) é gira, mas o vídeo que eu vi (entretanto descobri que há pelo menos mais uma versão) foi gravado, em grande parte, em Munique. Num dia de sol. Apesar das imagens de cada sítio serem bastante curtas, a melhor, para mim, é a da onda do Isar. Sim, o rio de Munique tem uma onda, singular, num rio. E esta onda artificial é uma das atracções da cidade, pois durante grande parte do ano tem surfistas com fatos de neopreno, e gente a ver o espectáculo da ponte que fica mesmo em frente. Oficialmente é proibido nadar (e consequentemente, o surf também deveria estar proibido). No entanto até os guias oficiais promovem a onda do Isar.
Há uns dias começou a circular o rumor de que a onda do Isar ia ser vendida para exploração privada. Parecendo uma parvoíce (quem é que ia pagar para fazer surf numa onda que nem sequer é assim tão larga), o problema é que a onda pertence ao Jardim Inglês, onde, por uma questão do seguro, é proibido nadar. Se se passasse a onda para outro proprietário o assunto era arrumado. No entanto os privados também não são parvos, e ninguém quis comprar a onda. Agora a cidade equaciona mudar a onda para outro lado. Se eu fizesse surf, acho que ia aproveitar esta onda todos os dias enquanto ainda lá estivesse.
Video: Make It Mine von Jason Mraz - MySpace Video
Shared via AddThis
O vídeo pode ser descarregado legalmente aqui. Para quem quiser só ver uma foto de um surfista "na onda" ;) basta clicar aqui, o download do vídeo não é automático.
Há uns dias começou a circular o rumor de que a onda do Isar ia ser vendida para exploração privada. Parecendo uma parvoíce (quem é que ia pagar para fazer surf numa onda que nem sequer é assim tão larga), o problema é que a onda pertence ao Jardim Inglês, onde, por uma questão do seguro, é proibido nadar. Se se passasse a onda para outro proprietário o assunto era arrumado. No entanto os privados também não são parvos, e ninguém quis comprar a onda. Agora a cidade equaciona mudar a onda para outro lado. Se eu fizesse surf, acho que ia aproveitar esta onda todos os dias enquanto ainda lá estivesse.
Video: Make It Mine von Jason Mraz - MySpace Video
Shared via AddThis
O vídeo pode ser descarregado legalmente aqui. Para quem quiser só ver uma foto de um surfista "na onda" ;) basta clicar aqui, o download do vídeo não é automático.
25 julho 2009
Capa dura, capa mole, livros de bolso
gostava de ter uma biblioteca. devia mesmo ter uma biblioteca, estantes onde se vissem as lombadas coloridas de alturas variadas dos livros que já li e dos que ainda não li, mas vou com toda a certeza ler. não tenho é onde criar esse mundo. se tivesse um quarto que pudesse ser uma biblioteca, um labirinto de estantes até ao tecto, com um escadote para chegar às prateleiras mais altas e recantos onde me pudesse sentar a ler - mas não tenho, por isso nem vale a pena pensar nisso. e um corredor? um corredor com ar de quarto pequeno, ou um corredor largo, será que dariam uma boa biblioteca? gostava de ter as paredes do corredor forradas a estantes cheias de livros de cima a baixo. E depois ia olhar para esses livros todos e dizer "hoje vou ler este", e arrumar e catalogar outros com etiquetas que dissessem "estes já li", "este não vale nada mas não tenho coragem de o deitar fora", "este é dos poucos livros que comecei e não acabei", "este nunca mais acabo de ler porque parece um livro da escola, chato como a potassa", "este é fantástico, devia haver igual mas ligeiramente diferente, só para ficar com a mesma sensação no fim de o ler, mas sem ter que ler exactamente a mesma história outra vez". gosto de livros. de os ler e de olhar para eles. de me deixar absorver por eles para dentro de um mundo diferente do meu. de os encher de areia ou de pétalas de flores.
24 julho 2009
Barbie cabeleireira
(ia chamar a este post Anita cabeleireira, mas depois o meu computador interno disse que não podia ser, que na base de dados estava que a Anita não fazia nada, só ia a sítios. a Barbie, no entanto, faz o que quer e lhe apetece, e ainda arranja umas roupas giras para todas as ocasiões.)
A minha filha-mais-linda tem um cabelo que cresceu de uma maneira estranha. Tem madeixas de comprimentos diferentes, pouco cabelo à frente, e tinha, até há uns dias, muito atrás. Tanto que fazia uns caracolinhos giríssimos, e algum calor à minha bonequinha. Eu andei imenso tempo a resistir ao corte do cabelo dela, mas já não podia ser mais. E com medo das tesouras afiadas dos cabeleireiros, e da falta de habilidade da miúda para estar quieta por mais que um segundo, lá me enchi de coragem, peguei numa tesoura de pontas redondas do irmão, e, com a ajuda do papá para segurar a bebé-mais-irrequieta por uns segundos de cada vez, lá me armei em cabeleireira sem curso nem diploma e dei umas tesouradas nas pontas mais compridas daquele cabelinho. Não ficou mal, principalmente se tivermos em conta que nunca tinha cortado cabelo a ninguém e nem sequer alguma vez a bonecas (esfiapar umas madeixas do meu próprio cabelo não conta). Não sei se ficou 100% direito porque o cabelo continua a encaracolar, o que até deve ser bom sinal. O melhor de tudo é que foi... divertido! :D A minha filha está tramada, nos próximos anos quem lhe corta o cabelo sou eu.
A minha filha-mais-linda tem um cabelo que cresceu de uma maneira estranha. Tem madeixas de comprimentos diferentes, pouco cabelo à frente, e tinha, até há uns dias, muito atrás. Tanto que fazia uns caracolinhos giríssimos, e algum calor à minha bonequinha. Eu andei imenso tempo a resistir ao corte do cabelo dela, mas já não podia ser mais. E com medo das tesouras afiadas dos cabeleireiros, e da falta de habilidade da miúda para estar quieta por mais que um segundo, lá me enchi de coragem, peguei numa tesoura de pontas redondas do irmão, e, com a ajuda do papá para segurar a bebé-mais-irrequieta por uns segundos de cada vez, lá me armei em cabeleireira sem curso nem diploma e dei umas tesouradas nas pontas mais compridas daquele cabelinho. Não ficou mal, principalmente se tivermos em conta que nunca tinha cortado cabelo a ninguém e nem sequer alguma vez a bonecas (esfiapar umas madeixas do meu próprio cabelo não conta). Não sei se ficou 100% direito porque o cabelo continua a encaracolar, o que até deve ser bom sinal. O melhor de tudo é que foi... divertido! :D A minha filha está tramada, nos próximos anos quem lhe corta o cabelo sou eu.
22 julho 2009
Primeiro estranha-se...
O que me está mesmo a apetecer... tostas de queijo com chocolate.
(duas fatias de pão centeio barradas por fora com azeite, queijo brie, chocolate 50% de cacau aos pedaços, umas folhas de manjericão por cima. vai à sanduicheira até o queijo começar a derreter. uma delícia)
(duas fatias de pão centeio barradas por fora com azeite, queijo brie, chocolate 50% de cacau aos pedaços, umas folhas de manjericão por cima. vai à sanduicheira até o queijo começar a derreter. uma delícia)
21 julho 2009
os créditos dos filmes
Deviam ser obrigatórios, os créditos. Mesmo que possa haver quem não tenha pachorra para ouvir a musiquinha do final, ou as cenas não utilizadas, os bloopers, ou apenas uma sequência de letras que segue écran abaixo. Aquele par de minutos deviam ser aproveitados, para se deixar a história acabar de nos atingir, as últimas cenas a pairar ainda na nossa cabeça, ou apenas para jogar o jogo do "quantos apelidos portugueses se encontram". E depois, os créditos da banda sonora do filme podiam-nos fazer mais felizes, o descobrir ali e agora quem é o escritor e intérprete daquela música que havemos de trautear várias vezes. Os créditos são melhores que a publicidade em altos berros (e também são melhores que a maioria da publicidade transmitida com o mesmo volume). Devia ser um direito dos autores, que os créditos fossem obrigatoriamente transmitidos. Todos os créditos, até ao fim (e isto inclui o comentário de que o cão que foi brutalmente atropelado no filme era de borracha e se encontra bem de saúde).
18 julho 2009
All gone
Horas antes de ir de férias tinha um computador de secretária ligado à net, e a funcionar. Quando cheguei, a rede sem fios continuava a funcionar, mas a rede "ligada" estava morta. Pelo menos no desktop. Uma chatice, já que é no desktop que gosto de fazer as coisas "a sério" - este fim de semana contava avancar nos projectos álbum de fotografias do verão e selecção de músicas para o mp3 (que já não cabe lá tudo o que eu queria). Ora, para além de não ter net, o pior é ter que fazer o troubleshooting - uma seca - e ter um mais que tudo que é completamente iletrado nestas matérias. O que significa que a chatice fica toda para mim, e nem vale a pena perguntar-lhe nada (perguntei duas coisas e arrependi-me logo). Ao menos foi-me comprar um cabo novo (o XP dizia que o problema era do cabo), e nem se enganou nem nada (há dois tipos de cabo, perguntou antes de comprar). Infelizmente o problema nao era do cabo. Provavelmente, e depois de todos os testes que já fiz, será da ligação ao cabo que está na motherboard (pois é, fazem umas motherboards com uma data de coisas integradas e depois quando avaria como é?). Ou então do router, mas esse parece funcionar, pelo menos nas ligações wireless. Lá vou ter de comprar uma placa de rede (e antes disso verificar se há espaço na motherboard) e aproveitar para limpar o pó ao pc por dentro durante a sessão de abre-pc/fecha-pc. Para cúmulo, o carregador do portátil estourou (literalmente) - mandou um disjuntor abaixo (na minha casa não há fusíveis) e depois um cheirinho a qualquer coisa queimada... E como amanha é domingo e está tudo fechado, na melhor das hipóteses atrevo-me a usar o netbook do mais que tudo (ele é um amor e deixa) que também tem windows (grrr), e lá continuarei a surfar por mais uns dias. Em último recurso ainda há para aí uma máquina do século passado que posso ligar... (como é que um gajo vivia antes destas coisas, não sei não)
(já agora, para a janela de comandos de DOS não desaparecer depois de se executar um comando/programa, basta executar em primeiro lugar um cmd. só para o caso de tentarem fazer um ping ou um ipconfig e não terem tempo de ler os resultados, como me aconteceu)
[Adenda] Já liguei o cabo ao router e a outro pc. A ligação com fios funciona. O problema não é do router, só pode ser da placa de rede (ou ligação à rede, já que é onboard...)
(já agora, para a janela de comandos de DOS não desaparecer depois de se executar um comando/programa, basta executar em primeiro lugar um cmd. só para o caso de tentarem fazer um ping ou um ipconfig e não terem tempo de ler os resultados, como me aconteceu)
[Adenda] Já liguei o cabo ao router e a outro pc. A ligação com fios funciona. O problema não é do router, só pode ser da placa de rede (ou ligação à rede, já que é onboard...)
Coisas que não se dizem
Conheci uma miúda que começou a fumar porque estava convencida que isso a ia fazer emagrecer (ela diz que funcionou, mas eu só a conheci como fumadora e nunca a achei gorda). Isto foi já há uns 15 anos (ah, a velhice é lixada). Hoje em dia fico a olhar para certas pessoas, e leio certas opiniões (como esta), vejo certas reportagens e fico a pensar... sim, a droga é que é.
17 julho 2009
As férias dos outros
O meu amigo vai hoje de férias. Tenho muitos amigos, mas quando falo deles, posso chamar-lhes "o meu amigo", desde que no contexto apenas esteja um dos meus amigos. Sei que não me confundirei, porque os meus amigos são todos diferentes - muito diferentes, diria até.
O meu amigo, dizia eu, vai hoje de férias. 6 semanas. Um mês e meio de férias. 6 semanas com a mulher e as 3 filhas. Sim, que o meu amigo é um homem de mulheres, e parece que sempre quis que assim fosse, ele, a mulher, e as 3 meninas. O meu amigo tem que percorrer a distância mais curta possível entre a casa dele e o local onde vai passar as férias. Por opção própria, e não por condicionalismos externos, o meu amigo vai passar as férias em casa. Entre convidar os amigos e brincar com as miúdas, não compreendo a perspectiva de fazer férias em casa - o que é que será que se pode fazer durante tanto tempo? Eu em casa não consigo ter tempo para as coisas que faço em férias, longe das coisas do costume e dos sítios do costume. Sentir-se em férias em casa deve ser o paraíso. Se o conseguisse, teria férias todos os dias, pelo menos por umas horas. O meu amigo é um sortudo.
(Até consigo imaginar umas coisas que poderiam tornar umas férias em casa muito agradáveis. Mas implicam um certo esforço e planeamento, e em alguns casos, uns vizinhos tolerantes.)
O meu amigo, dizia eu, vai hoje de férias. 6 semanas. Um mês e meio de férias. 6 semanas com a mulher e as 3 filhas. Sim, que o meu amigo é um homem de mulheres, e parece que sempre quis que assim fosse, ele, a mulher, e as 3 meninas. O meu amigo tem que percorrer a distância mais curta possível entre a casa dele e o local onde vai passar as férias. Por opção própria, e não por condicionalismos externos, o meu amigo vai passar as férias em casa. Entre convidar os amigos e brincar com as miúdas, não compreendo a perspectiva de fazer férias em casa - o que é que será que se pode fazer durante tanto tempo? Eu em casa não consigo ter tempo para as coisas que faço em férias, longe das coisas do costume e dos sítios do costume. Sentir-se em férias em casa deve ser o paraíso. Se o conseguisse, teria férias todos os dias, pelo menos por umas horas. O meu amigo é um sortudo.
(Até consigo imaginar umas coisas que poderiam tornar umas férias em casa muito agradáveis. Mas implicam um certo esforço e planeamento, e em alguns casos, uns vizinhos tolerantes.)
O tanto que eu gosto de música
Esgotaram-se os 20Giga do meu leitor de mp3. Vejo-me obrigada a guardar toda a música no computador e à angústia antecipada de num momento me apetecer ouvir o disco XPTO e não poder, e manter apenas uma selecção. 20 Giga pode parecer muita coisa. Para mim não é. (E o Natal tão longe!)
Pular a cerca
A versão mais popular de pular a cerca é uma banda desenhada/filme. Pelo menos é tudo o que aparece na primeira página de resultados do Google sobre "pular a cerca". Tanto que até fiquei na dúvida e tive que pesquisar "o que significa pular a cerca" para confirmar o que eu já sabia. Pelos vistos, hoje em dia, pular a cerca só no cinema.
(para os mais gráficos, também há desenhos de pular a cerca para colorir)
(para os mais gráficos, também há desenhos de pular a cerca para colorir)
16 julho 2009
When Harry met Sally
Uma pessoa vem de férias, ainda meia zonza do calor e do sol e das mini-saias (que saudades que tinha de as usar) e dos bikinis, começa a entrar na rotina, a ver os 500 mails e a responder às coisas mais urgentes, e depois faz uma pausa para ler meia dúzia de blogues, que o primeiro dia nunca dá para mais, e depara-se com isto. "Isto" sendo uma discussão sobre o orgasmo feminino (a continuação, que já havia um ou outro post anterior a este), que é coisa da qual se fala e escreve pouco. E onde, meio na brincadeira, se lança a ideia de uma campanha pela masturbação. Porque não. Conhece-te a ti mesmo, já dizia o filósofo.
Balanço
Companhia de férias: Terry Pratchett, Matthew Klein e Maeve Binchy. Pela primeira vez, a questão: os homens escrevem de maneira diferente das mulheres? Ou apenas se põem na pele do que pensam ser o seu género (como as mulheres que escrevem com pseudónimos masculinos e vice-versa)? E não haverá um género híbrido?
De volta
Pela primeira vez regresso de férias e está sol e quentinho. Agora é aproveitar até que venham as próximas.
30 junho 2009
Enquanto molho os pés na água salgada
vou ali pensar na vida e já volto.
(que é como quem diz, vou de férias quinze dias. até já.)
(que é como quem diz, vou de férias quinze dias. até já.)
29 junho 2009
Côco
Nada cheira mais a férias do que côco. Deve ser por ser o perfume de muitos protectores solares.
Ainda não cheguei à praia, mas o cheiro, já o trago comigo.
(o que eu andei para encontrar um perfume que me cheirasse a férias)
Ainda não cheguei à praia, mas o cheiro, já o trago comigo.
(o que eu andei para encontrar um perfume que me cheirasse a férias)
27 junho 2009
(enquanto ouvia michael jackson)
estava para aqui a pensar que afinal a música nem sempre é assim tão importante, que a diversão pode ser independente de se estar a ouvir música pimba ou pop ou outra coisa qualquer. mentira, a banda sonora é sempre importante e ajuda a criar ou a mudar o ambiente. uma noite a ouvir schlager (e a pergunta era, mas há um termo para isto em qualquer outra língua? parece-me que na nossa se diria música pimba, mas não garanto a correspondência) intercalada com o summer of 69 e as pessoas a cantar e aos pulos. sim, a música é imporante e altera o estado ou o tipo de diversao. (those were the best days of my life vs a Anita com uma letra desconhecida... claro que é diferente)
26 junho 2009
Noites fantásticas
E um dia apercebo-me que vivo para alguns momentos. Umas horas de cada vez, aquelas que marcam para sempre, criam memórias indeléveis (ou às vezes nem tanto), e uma nostalgia interminável e vontade de as repetir ou recriar. Claro que a vida não é isto, mas se fosse fazer um filme promocional, eram estas as cenas que escolheria. E toda a gente quereria ver o resto. (a vida é uma viagem, e tal, e o caminho para chegar aos pontos altos também é bom, mas chegar ao topo e contemplar o caminho que se fez ou simplesmente sentir o céu mais perto, é maravilhoso. e depois ficar com a memória cheia de risos e sons e cheiros e até sabores, uma caixinha cheia de gavetas de coisas boas para mais tarde - ou logo a seguir - recordar, é bom. muito bom.)
Coisas que merecem ser partilhadas
O álbum novo dos Green Day é fantástico. E já tenho uma música favorita, este Peacemaker (hey hey hey hey hey).
a prova dos nove
quando bebo uns copos a mais posso ficar com dificuldade em equilibrar-me, com os reflexos mais lentos e a falar de coisas parvas, mas, apesar de tudo, continuo a saber fazer contas. pelo que, barmen deste mundo, estais lixados comigo, nada de gorjetas exorbitantes por incompetência da minha calculadora mental (ainda o tipo estava a pensar no quando custava cada bebida já eu tinha feito a conta, preparado o dinheiro e calculado a gorjeta que lhe ia dar. às tantas ele também tinha bebido uns copos.)
24 junho 2009
Imperdível
Hoje descobri um café maravilhoso, que parece uma casa de bonecas antiga em escala humana, com uns bolinhos fantásticos e um ambiente do século passado (de antes de eu ter nascido). É assim como que uma mistura da sala dos meus avós e uma mercearia portuguesa, com as mobílias todas em madeira, e nas vitrinas existem cadeiras e mesas, onde também nos podemos sentar a tomar um café. Além disto é também uma loja - poderia dizer-se de antiguidades ou apenas velharias - onde (quase) tudo o que se vê e se usa se pode trazer para casa. As mesas são grandes, todas de madeira mas de vários feitios, as cadeiras são quase todas diferentes, e apenas têm em comum o serem de madeira, e muitas delas têm o preço agarrado a uma das pernas. Só por curiosidade, a cadeira onde me sentei custava 85 euros. No meio da sala encontra-se uma vitrina onde se exibem as delícias, quer dizer bolos, do dia. Desde gateaux au chocolat (delicioso) ao brownie, passando por diversas tartes e bolos com chantily. Mas o mais engraçado são os cavalinhos de madeira puídos pelo uso e maltratados pelos anos que se encontram na montra, ao lado de uma cama muito curta, como as dos tempos dos reis, e coisinhas pequeninas como bules e panelas que parecem de brincar. As estantes atrás do balcão de madeira em que uma máquina de café antigo faz de conta que é uma balança têm imensas divisões, uma espécie de cubos onde se encontram boiões de tudo e mais alguma coisa. Na estante, brilhantemente enfiada entre duas vitrinas (as tais montras que incluem uma mesa e duas cadeiras, para além de cestos com livros e outros objectos decorativos) de modo a parecer apenas uma parede com reentrâncias forradas a madeira vêem-se frasquinhos pequeninos de compotas bem como garrafas estreitas de vinho e outros vidrinhos que não consegui identificar para que serviriam. Ao fundo, vê-se o mostrador de um relógio gigante, já sem ponteiros e com uma marca horizontal escura, numa das paredes, pintadas de com uma tinta de cor creme e já muito velha. Os soalhos são de madeira escura, uma espécie de tacos na sala propriamente dita, e no chão das vitrinas umas tábuas mais claras e compridas, cheias de marcas do tempo (ou de pregos), que me fazem lembrar o sobrado da casa dos meus avós.
Além de venderem as velharias (pergunto-me se o negócio terá sucesso), também fazem almoços e, por vezes, jantares especiais, à luz das velas, com reserva obrigatória (o próximo é na sexta, e se fosse mais perto da minha casa estava lá caidinha). O café não será o melhor de sempre (embora não seja mau). Mas o ambiente, ah, o ambiente, parece retirado de outro mundo e é absolutamente fantástico.
Só tenho pena de não ter levado a máquina fotográfica comigo. Este vai ser, garanto, garanto, um dos sítios onde vou passar a levar as minhas visitas. E os meus amigos mais especiais.
Além de venderem as velharias (pergunto-me se o negócio terá sucesso), também fazem almoços e, por vezes, jantares especiais, à luz das velas, com reserva obrigatória (o próximo é na sexta, e se fosse mais perto da minha casa estava lá caidinha). O café não será o melhor de sempre (embora não seja mau). Mas o ambiente, ah, o ambiente, parece retirado de outro mundo e é absolutamente fantástico.
Só tenho pena de não ter levado a máquina fotográfica comigo. Este vai ser, garanto, garanto, um dos sítios onde vou passar a levar as minhas visitas. E os meus amigos mais especiais.
21 junho 2009
O PG (suspiro)
O PG (suspiro) era o miúdo mais giro da escola. Andava um ou dois anos à minha frente, e passava os intervalos ao sol, no „canto dos queques“. Todas as miúdas da escola tinham um fraquinho pelo PG, que era, provavelmente, o único da escola que era sistematicamente referido pelo nome e apelido.O PG tinha dois irmãos mais velhos que ele, e eram todos diferentes. O mais velho era o menos giro (bem, nem era nada giro), o do meio também era giríssimo, moreno, de olhos castanhos enormes, e parecido com o irmão mais novo. E o mais novo, o PG, loiro de olhos azuis, meiguinho, com lábios grossos, fazia suspirar as meninas todas. Era o filho mais novo de uma família que queria ter tido uma menina, num tempo em que não se sabia o sexo dos filhos antes de eles nascerem, e tinha tido toda a vida um quarto pintado de cor de rosa. Ele não se importava. Aliás, ele foi o primeiro rapaz que algum dia vi usar uma camisola rosa pálido (ou quase isso) muito antes de a moda masculina ditar que os homens também se podem vestir de cor de rosa (embora nem a todos fique bem).
O PG „trabalhava“ na rádio local, e tinha uma voz que só por si derretia corações. Quantas miúdas ouviriam os programas dele, incluindo o programa do sábado à hora do almoço sobre fórmula 1, só para continuarem a suspirar.
Sendo o rapaz mais giro do nosso raio de acção, por onde ele passasse ficávamos a admirá-lo (suspiro). Quando ele arranjou uma namorada que vivia perto de mim, ficava a vê-lo desde o fim da rua até que passava quase à minha porta e depois seguia. Se fosse hoje, o PG provavelmente teria tido centenas de admiradoras que discretamente lhe tirariam fotos com o telemóvel, para depois, embevecidas, olharem e voltarem a adorar o rapaz mais giro que conheciam. (Qual Brad Pitt, o PG é que era.)
Claro que isto já foi há muito tempo. Se bem me lembro, o PG e a última namorada tiveram um bebé ainda antes de eu ter saído da minha terra, e provavelmente devem ter casado, deitando por terra os sonhos de algumas miúdas da zona (mas não os suspiros). Há uns tempos, alguém que nunca soube desta história veio-me contar o que faz agora o PG. Continua a viver no mesmo sítio, e tem um trabalho que implica ir a casa das pessoas resolver problemas. Quando ouvi isto (e não podia perguntar nada) tive logo que telefonar a contar as novidades às minhas irmãs. Sim, o PG ainda existe, e sabemos exactamente onde o encontrar (suspiro). E entretanto já fui à minha terra e passei por ele na rua. Continua tão giro como sempre foi. Deve continuar a arrancar suspiros ao mulherio, e não me admirava nada que certas coisas, em certas casas, „avariassem“ só para que ele tivesse que passar por lá. Ah, o PG (suspiro)!
O PG „trabalhava“ na rádio local, e tinha uma voz que só por si derretia corações. Quantas miúdas ouviriam os programas dele, incluindo o programa do sábado à hora do almoço sobre fórmula 1, só para continuarem a suspirar.
Sendo o rapaz mais giro do nosso raio de acção, por onde ele passasse ficávamos a admirá-lo (suspiro). Quando ele arranjou uma namorada que vivia perto de mim, ficava a vê-lo desde o fim da rua até que passava quase à minha porta e depois seguia. Se fosse hoje, o PG provavelmente teria tido centenas de admiradoras que discretamente lhe tirariam fotos com o telemóvel, para depois, embevecidas, olharem e voltarem a adorar o rapaz mais giro que conheciam. (Qual Brad Pitt, o PG é que era.)
Claro que isto já foi há muito tempo. Se bem me lembro, o PG e a última namorada tiveram um bebé ainda antes de eu ter saído da minha terra, e provavelmente devem ter casado, deitando por terra os sonhos de algumas miúdas da zona (mas não os suspiros). Há uns tempos, alguém que nunca soube desta história veio-me contar o que faz agora o PG. Continua a viver no mesmo sítio, e tem um trabalho que implica ir a casa das pessoas resolver problemas. Quando ouvi isto (e não podia perguntar nada) tive logo que telefonar a contar as novidades às minhas irmãs. Sim, o PG ainda existe, e sabemos exactamente onde o encontrar (suspiro). E entretanto já fui à minha terra e passei por ele na rua. Continua tão giro como sempre foi. Deve continuar a arrancar suspiros ao mulherio, e não me admirava nada que certas coisas, em certas casas, „avariassem“ só para que ele tivesse que passar por lá. Ah, o PG (suspiro)!
16 junho 2009
1-2-3
Não me apetece escrever nada. É do tempo (ah o tempo), que tem estado muito mau para a altura do ano, e eu já começo a desesperar a pensar que não vai haver verão. Dizem que não, que o verão vem amanhã (mas por quanto tempo? um dia, dois?), mas eu já não acredito em nada, e arrependo-me de não ter tirado licença sem vencimento em Julho e Agosto para poder ter um verão a sério, num daqueles países onde há verão a sério. Isto do tempo é uma coisa chata, uma pessoa cresce num determinado clima e depois só quer aquilo para o resto da vida e nada se lhe compara. À conta do clima da minha infância, só considero que está "calor" quando as pingas de suor escorrem pelos joelhos abaixo, o que implica alguns graus acima dos trinta, o que não há em todo o lado. E quando me faltam semanas sem uma nuvem, começo a pensar que vem aí o fim do mundo e nunca mais verei o sol - e a planear maneiras de escapar. Como, infelizmente, o último plano que tive para ir apanhar sol correu muito mal (o meu país a deixar-me ficar mal, não se admite), agora ando por aqui a entrar em paranóia, que as férias estão quase a chegar e será que desta vez é que é, e será que quinze dias de sol chegam para me curar. É que Junho já está na recta final e eu continuo tão branca como em Janeiro. Ou Fevereiro. (Ou Março, Abril, ou Maio. Isto está muito mau.)
Para me pôr a pensar em coisas mais felizes, está cá a Rita. Primeiro com a lembrança das Gémeas no Colégio de Santa Clara (ainda há uns dias discutia com as minhas irmãs a Mademoiselle, professora de francês, a quem as alunas chamavam "Mademoiselle Abominable" porque quando não gostava de alguma coisa dizia "C'est abominable!"). Andava a pensar em emprestar esses livros ao meu filho, mas eles foram tão lidos que estão a cair aos bocados, e duvido que sobrevivessem à falta de cuidados do meu rapaz. Mas talvez ainda mude de ideias. (E corra o risco que, a ele também, lhe apeteça fazer piqueniques à meia-noite, que os livros contribuem para acordar os bichos carpinteiros adormecidos.)
E depois, a Joanna. Que é como quem diz, o "só mais uma vez". A minha mãe dizia (ainda diz, quando lhe damos a oportunidade) que "a matemática é como as cerejas, quando puxamos uma vem logo outra agarrada". Mais ou menos isto. Eu diria que a música é como as cerejas, pensamos numa e lembramo-nos logo de outras. Ora o "Só mais uma vez" (amanhã talvez ♪♫) vem agarrado ao "dia de domingo" (da Gal Costa), que por sua vez vem agarrado ao "calhambeque" (pi!pi!♫) do Roberto Carlos, que me faz lembrar da Rosinha dos Limões (um fado, do Nuno da Câmara Pereira, se não estou em erro). E isto tudo traz-me verões passados agarrada ao meu transístor (sim, que aquilo nem era um rádio a sério nem nada), a ouvir a rádio da terra, onde uns rapazes engraçados faziam uns programas divertidos enquanto passavam estas e outras músicas (aquilo à noite melhorava bastante) e se riam pela noite fora com os microfones ligados. E nestas noites quentes e cheias de alegria do lado da emissão ficava a pensar que tinha que crescer mais um bocado, para também poder sair e divertir-me tanto quanto eles. Ainda hoje me custa ficar em casa à noite quando está mesmo calor e parece que se está tudo a passar lá fora (ah, eu bem oiço a música e os risos).
(e depois, um dia, parece que fica tudo sério e falamos sobre o tempo porque já não queremos partilhar o resto, ou porque já não podemos discutir a música que passa na rádio ou os desenhos animados e a rua sésamo, ou porque não temos intervalos para jogar à bola, e namorar nas traseiras do local de trabalho parece suicídio, e nem sequer devemos aparecer de calções e/ou joelhos esfolados durante a semana. e partidas, ah, mas que é isso, se nos atrevemos a mudar a imagem do desktop de alguém somos fuzilados com palavras e olhares, e ficamos sem vontade de partir para algo mais criativo. se calhar é por isso que temos filhos, para poder continuar com a diversão e ler-lhes o pequeno Nicolau. e é por isso que às vezes se levam umas garrafas de álcool para partilhar umas gargalhadas depois do expediente.)
Para me pôr a pensar em coisas mais felizes, está cá a Rita. Primeiro com a lembrança das Gémeas no Colégio de Santa Clara (ainda há uns dias discutia com as minhas irmãs a Mademoiselle, professora de francês, a quem as alunas chamavam "Mademoiselle Abominable" porque quando não gostava de alguma coisa dizia "C'est abominable!"). Andava a pensar em emprestar esses livros ao meu filho, mas eles foram tão lidos que estão a cair aos bocados, e duvido que sobrevivessem à falta de cuidados do meu rapaz. Mas talvez ainda mude de ideias. (E corra o risco que, a ele também, lhe apeteça fazer piqueniques à meia-noite, que os livros contribuem para acordar os bichos carpinteiros adormecidos.)
E depois, a Joanna. Que é como quem diz, o "só mais uma vez". A minha mãe dizia (ainda diz, quando lhe damos a oportunidade) que "a matemática é como as cerejas, quando puxamos uma vem logo outra agarrada". Mais ou menos isto. Eu diria que a música é como as cerejas, pensamos numa e lembramo-nos logo de outras. Ora o "Só mais uma vez" (amanhã talvez ♪♫) vem agarrado ao "dia de domingo" (da Gal Costa), que por sua vez vem agarrado ao "calhambeque" (pi!pi!♫) do Roberto Carlos, que me faz lembrar da Rosinha dos Limões (um fado, do Nuno da Câmara Pereira, se não estou em erro). E isto tudo traz-me verões passados agarrada ao meu transístor (sim, que aquilo nem era um rádio a sério nem nada), a ouvir a rádio da terra, onde uns rapazes engraçados faziam uns programas divertidos enquanto passavam estas e outras músicas (aquilo à noite melhorava bastante) e se riam pela noite fora com os microfones ligados. E nestas noites quentes e cheias de alegria do lado da emissão ficava a pensar que tinha que crescer mais um bocado, para também poder sair e divertir-me tanto quanto eles. Ainda hoje me custa ficar em casa à noite quando está mesmo calor e parece que se está tudo a passar lá fora (ah, eu bem oiço a música e os risos).
(e depois, um dia, parece que fica tudo sério e falamos sobre o tempo porque já não queremos partilhar o resto, ou porque já não podemos discutir a música que passa na rádio ou os desenhos animados e a rua sésamo, ou porque não temos intervalos para jogar à bola, e namorar nas traseiras do local de trabalho parece suicídio, e nem sequer devemos aparecer de calções e/ou joelhos esfolados durante a semana. e partidas, ah, mas que é isso, se nos atrevemos a mudar a imagem do desktop de alguém somos fuzilados com palavras e olhares, e ficamos sem vontade de partir para algo mais criativo. se calhar é por isso que temos filhos, para poder continuar com a diversão e ler-lhes o pequeno Nicolau. e é por isso que às vezes se levam umas garrafas de álcool para partilhar umas gargalhadas depois do expediente.)
10 junho 2009
Saudades da Mariah
Nunca conheci a Mariah. Lia-lhe o blogue, todos os dias, e os postes enormes até ao fim. Gostava de saber a vida dela, como lhe corriam os dias, das pessoas que encontrava, das coisas que fazia, dos livros que ela lia, as músicas que ouvia. A Mariah falava das suas amigas, das aulas de ginástica, das noites dançantes, dos homens que a queriam e dos que ela rejeitava. A Mariah gostava de marketing, como eu, e gostava de aprender. Fazia cursos de tudo e mais alguma coisa. Andava a ter aulas de guitarra, pouco tempo antes de terminar o blogue, e levava as músicas que queria aprender ao professor, que lhas ensinava, e já ia tocando de ouvido. A Mariah lia livros a metro e contava sempre se tinha gostado, e porquê. Gostava de um autor português, um homem relativamente novo (já me esqueci do nome dele, não faz parte das minhas leituras), e um dia pediu-lhe um autógrafo e depois mandou-lhe alguns emails, aos quais ele respondeu e ela inchou de orgulho (e, provavelmente, algo mais). Tenho saudades dos postes de um metro da Mariah, às vezes mais que um por dia, quer fossem muito alegres quer menos alegres. A Mariah era maquilhadora, e às vezes punha dicas de maquilhagem no blogue e comprava livros sobre o assunto, e ainda indicava sites de maquilhadores (algo que eu nem sabia que existia). A Mariah contava os cêntimos, mas tinha uma vida cheia, andava sempre numa azáfama e fazia imensas coisas. E tinha sempre uma listinha dos livros e CDs que queria comprar logo que tivesse mais algum dinheiro. A Mariah era uma mulher humilde, mas cheia de força e persistência, que nunca se deixava atrapalhar, e com a coragem de perseguir os seus sonhos. A Mariah era brasileira. Provavelmente o seu nome verdadeiro é Maria, mas sei que ela gostava que lho pronunciassem à inglesa, com aquele ah aberto no fim, tudo porque era grande fã da Mariah Carey. Li tanta prosa da Mariah que nunca acreditei que um dia chegasse ao fim, mesmo quando o fim se anunciou. A Mariah deixou de escrever porque mudou de casa, de terra, de trabalho, de vida. E eu, que já tinha visto tantos bloggers anunciar fins e depois regressar à escrita, nunca me convenci que a Mariah, viciada na escrita, deixasse um espaço tão grande vazio para não mais regressar. Já passaram anos, e de vez em quando encontro uma Mariah pela blogosfera, e logo vou espiolhar-lhe o blogue na esperança vã de que seja a mesma Mariah a quem sinto a falta. Não é, nunca é.
Subscrever:
Mensagens (Atom)