20 dezembro 2007

Chocolates

Desde que passo o Natal (depois ou durante) com a minha sogra que detesto oferecer (e receber) bombons no Natal. Isto porque a generosa senhora partilha todos os chocolates que recebe com quem está por perto. Ora, para mim, isto perverte toda a intenção do presente. Quer dizer, do meu ponto de vista. Porque entretanto dá para perceber que há quem dê bombons já com ela fisgada, ou seja, oferecem algo que querem comer. Está mal. Claro que eu, que gosto de ser a má da fita, não partilho os meus bombons com ninguém. Eventualmente poderei dar alguns ao meu mais que tudo - desde que não tenha sido ele a oferecer, mas ele não se metia numa dessas - mas pára aí. Prendas são prendas, e não se devolvem que é feio. Portanto, quem tiver a bela ideia de me oferecer chocolates ou bombons com a intenção de depois comer alguns à minha pala, está lixado. Aliás, eu faço questão que em ocasiões dessas, os presentes fiquem todos com a certeza de que eu não vou partilhar. Nem sequer é por ser egoísta. Eu gosto de partilhar, mas o gesto tem que partir de mim. As segundas intenções irritam-me.
Os bombons são uma prenda fácil. Um gajo vai ao supermercado, escolhe os que tiverem melhor aspecto, e já está. Se tem muitas prendas para despachar, compra uma data de caixas. É mais rápido do que ir a um centro comercial ou à baixa e escolher uma prenda individualizada para cada pessoa. É menos arriscado do que comprar um CD de música para cada um dos familiares. Assumimos que toda a gente gosta de chocolate, mesmo que estejam a fazer dieta. Mesmo que no fim da época festiva haja quem tenha tantas caixas de bombons em casa que passado meio ano deita a maior parte ao lixo, por ter passado a validade. Ah e tal, podíamos ser pessoas generosas, dar a quem não tem. Onde é que está o banco alimentar contra a fome a seguir ao Natal? (principalmente se não se vive em portugal) Onde é que estão as campanhas de ajuda ao próximo? Ora aqui está uma boa ideia, depois da festa feita, podia haver campanhas de recolha de excessos. Que o que sobra do Natal não são bem "sobras", mas sim excessos cometidos por quem nos quer bem (ou nem tanto).
Mas isto sou eu, a bruxa má do oeste. Deve haver imensas pessoas que adoram receber (e comer) os tais bombons. Até eu abro uma excepção, para uns bombons absolutamente deliciosos (de comer e pedir mais) de uma lojinha aqui em Munique, que um amigo uma vez me ofereceu nos anos. E que não se encontram no supermercado (é pena).
O meu problema é que ainda preciso de (só) uma prenda. E estou condenada a ficar em casa, à espera de homens que trazem coisas e nunca dizem a que hora certa vêm. Sinto-me tentada a comprar a tal caixa de chocolates ali do supermercado em baixo. Mas é para a minha mãe. E ela abomina chocolates ainda mais que eu.

18 dezembro 2007

Nem a miséria

Da maneira que está o país, nem para os imigrantes ilegais africanos serve. Não fosse o mau tempo, e teriam ido parar a Espanha, esse paraíso. Os marroquinos ficaram tão assarapantados com o destino que lhes calhou, que alguns tentaram fugir a nado. Antes Marrocos que Portugal. Afinal 1500 a 3000 euros (que é o que estes imigrantes pagam para conseguir lugar na embarcação) são 3,5 a 7 salários mínimos portugueses. Não vale a pena. (notícia aqui)

Oportunidade perdida

Durante 15 dias, mais coisa menos coisa, passei ao lado de um mercedes preto. Durante esses 15 dias, o carro estava estacionado numa rua onde eu passava todos os dias. Todo esse tempo pensei tenho que lhe tirar uma foto. Mas não tirei. O que é que o mercedes tinha de especial? Umas letras brancas, do lado do condutor, que diziam "mafia getaway car".

17 dezembro 2007

Ainda estou aqui

Mas a minha cabeça já foi de férias para o sítio do costume - já estou naquela fase em que para além de pensar nas prendas que ainda falta organizar (o puto dá tanto trabalho) só tenho em mente o bacalhau, as ameijoas, as rabanadas, as natas, os eclaires, as lojas abertas depois das 8 da noite, o leite creme, o telemóvel a tocar. Parece que por lá faz frio. Aqui também (o termómetro indica -3,4°C de momento), mas não o sinto. Na minha casa o clima é sempre tropical. Mesmo que seja Natal.
Mais uns dias, e vou então para o outro quentinho. Onde (também) me fazem as vontades todas (ah, as vantagens de se ser adulta e não se morar com os pais) e consigo andar a um ritmo diferente, o meu ritmo de lá. Na calma da casa dos meus pais, e no corropio de tentar ver os amigos que conseguir encaixar no espaço-tempo de que disponho. Está quase quase, e mal posso esperar.

14 dezembro 2007

A qualidade...

...paga-se, dizem eles. É (supostamente) por isso que os produtos de qualidade são mais caros. Custa mais a produzir aquilo que é de qualidade. E nós, pategos, acreditamos que aquelas sapatilhas da n**e feitas na China ou no Vietname são melhores que as outras (mais baratas, feitas no Vietname ou na China) só porque são mais caras. Para nós, consumidores, que quem as fez recebeu meio tostão furado e trabalhou de sol a sol de segunda a domingo. Tal como acreditamos que os sapatos portugueses são dos melhores do mundo (e são), tanto que até são exportados para todo o lado. Pois é.
Parece que a indústria do calçado em Portugal vai de vento em popa. Que a balança importações-exportações nos é favorável, ao contrário, por exemplo, dos outros países da europa. E no entanto, apesar do desemprego galopante, a indústria do calçado revela problemas sérios em contratar gente. Precisam de mais pessoas, pessoas qualificadas, e não as conseguem encontrar. Queixam-se que os candidatos se recusam a trabalhar depois das 6 e meia. Que não sabem o que é que as pessoas querem da vida, para se recusarem a trabalhar (recusarem-se a ser exploradas, diria eu). Pois é, aparentemente o fenómeno é inexplicável. Tal como o fenómeno dos casais empregados que pedem ajuda ao banco alimentar contra a fome, por não conseguirem fazer face às despesas, apesar dos dois empregos. Pergunto eu, aos senhores da indústria do calçado, quanto é que estão a pagar aos tais empregados que querem que fiquem depois das seis e meia? 400 euros? 500? E andam à procura de pessoal qualificado? A pagar salários de miséria deve ser difícil... Mesmo que a procura seja superior à oferta - e pelos vistos nem é esse o caso.

Publicidade para quê

Entrei em três lojas H&M à procura de uma peça que tenho visto em cartazes por todas as ruas onde passo. Dava uma prenda gira, e não era cara. Ora eu raramente vou à H&M. Quer dizer, antes de engravidar rarissimamente ia à H&M porque não gosto de 95% das coisas que vendem, mas ia à H&M kids pois para miúdos até têm coisas giras. E nos últimos meses fui lá algumas vezes porque é das poucas lojas que têm secção de grávida (tive uns jeans de lá fabulosos, que infelizmente já não me servem - e o número a seguir fica-me a nadar portanto não o comprei). E também têm coisas giras de bebé - mas isso deve ser porque a maior parte das coisas de bebé são giras, seja onde for.
Entrei em 3 lojas, e nada de encontrar a tal peça. Desisti logo. Deve haver umas 50 lojas da H&M só em Munique, mas não tenho pachorra para andar à procura. Era um bom negócio, e eu adoro um bom negócio, mas não vale este tipo de esforço principalmente agora que me canso rapidamente de andar de um lado para o outro. E depois lembrei-me que estes gajos também vendem na net. E fui ver o site. Lá estava a tal peça. E o único tamanho disponível era o XL. Infelizmente (?) o XL não serve a ninguém da minha lista de presentes. O XL, em número mais "normais" é um 48-50. Sendo que a tal peça era uma camisa de dormir curtíssima (e sem bonecos) desconfio que ninguém que vista 48-50 a use. E uma vez que era uma camisa de dormir, e como tal o perigo de encontrar alguém a usar a mesma roupa em público muito reduzido, porque é que não fizeram o dobro ou o triplo das camisas nos tamanhos da maioria das gajas? Por muita obesidade que possa haver por aí, parece-me que o facto de os números grandes ficarem sempre nas prateleiras muito depois de todos os pequenos terem esgotado devia ser uma indicação clara que estão a fazer números grandes a mais e números pequenos a menos. Ou não?

13 dezembro 2007

O que faz falta

Detesto ouvir o alarme quando não tenho que me levantar. Ao fim de semana, por exemplo. O que eu preciso é de algo que seja uma mistura entre um rádio-alarme (o tal que toca todos os dias) e um telemóvel (que só toca quando o manda, embora a selecção seja limitada). Tem que haver uma coisa dessas em qualquer lado. Mas onde?

(Aqui está um. Feiinho e caro (40 dólares em 2005), e não resolve o problema onde é que se compra isto. Há-de haver alguma coisa mais bem parecida nalgum lado. E de preferência - já agora - que toque mais alguma coisa para além de rádio.)

12 dezembro 2007

Gestão

Com o bloglines a aproximar-se perigosamente dos 100 feeds (mas como é que eu tenho tempo para ler isso tudo? não tenho, mas às vezes arranjo), impôs-se uma limpeza. Retirei pelo menos uns 13 blogues da lista. No entanto, isso não significa nada. Os que tirei já não eram actualizados há imenso tempo. Entretanto já voltei a acrescentar novos. Viciada incorrigível, é o que sou. E 99 é um bom número (hei-de lá chegar outra vez).

11 dezembro 2007

Pesadelos

Esta noite, um pesadelo novo, completamente inédito, em estreia para mim (e espero que não se repita). Depois destes anos todos com o meu mais que tudo, ele decidiu que ia passar a ir à missa, e à força, ou quase, que queria que eu fosse com ele. E eu, olha que esta, agora que pensava que te conhecia, agora que vamos ter um floquinho para tomar conta, depois deste tempo todo e de todas as conversas e discussões que tivemos, agora que eu pensava que já não me podias supreender (pela negativa), agora é que te sais com essa? Era só o que me faltava, eu não quero ir à missa e não vou. Felizmente acordei. Nem em sonhos volto a entrar em igrejas.

08 dezembro 2007

Conversas privadas (em público)

Não é que eu seja uma cusca. Um bocadinho, vá lá. Mas num transporte público, qualquer conversa que se tenha em tom audível será necessariamente ouvida pelas pessoas que estejam nas imediações, a não ser que tenham alguma coisa enfiada nos ouvidos.
Nos últimos meses até nem tenho andado muito de transportes públicos. Tanto que começo a pensar que, se continuo assim, não vale a pena renovar o meu bilhete anual (pague 9 meses e meio, ande 12), pessoal e intransmissível, que me permite andar pela cidade inteira durante todo o dia e toda a noite, enquanto houver comboios, metro, autocarro, ou eléctrico. E com o meu nome impresso, para que, caso me esqueça do bilhete em casa e seja fiscalizada (nem me lembro quando foi a última vez, talvez tenha sido há um ano ou mais) pague apenas 5 euros de multa em vez dos normais 40. Uma maravilha, patrocinada pelo pagamento adiantado - eles ficam com os juros, eu posso andar sem grandes sobressaltos mesmo que apareça um batalhão de casaco comprido (e feio) azul, pronto para apanhar os penetras. Apanham sempre alguém.
Dizia eu que nos transportes públicos se ouvem as conversas dos companheiros de viagem, mesmo que não se queira. Da mesma maneira que se sentem os cheiros da comida que o pessoal come - tomara que não me chegassem ao nariz, principalmente quando é cheiro a McDonalds à hora do pequeno almoço. Ou couves cozidas (como é que será que se consegue arranjar cheiro forte a couves cozidas?) às 5 e meia da tarde. Pois há uns dias, vinham uns adolescentes no mesmo metro que eu, literalmente a um metro (se tanto) de mim, na galhofa, armados em bons. Sim, eles são os maiores, todos sabemos. O que não sabem é que é pela boca que morre o peixe, e que por solidariedade com todos os miúdos da idade deles, deviam manter a dita fechada. Ou pelo menos falar mais baixo. É que assim não se denunciavam mutuamente.
Vinham os miúdos a explicar como são muito mais inteligentes que os seus próprios pais. Como, em vez de dormir, tinham por hábito esconder o gameboy debaixo dos cobertores quando os pais apareciam para ver se eles estavam a descansar. E eu a pensar cá para comigo, não acredito que os pais destes miúdos não se apercebam. Podem escolher não ver o que se passa, mas serem tão facilmente enganados? Nunca esconderam um livro dos seus próprios pais? Nunca puseram uma toalha a tapar a frincha por baixo da porta enquanto se dedicavam a actividades nocturnas (ler, por exemplo)? Mas, acima de tudo, não estranham os miúdos não estarem 100% acordados (ou 80%, no caso dos mais dorminhocos) de manhã? Eles lá sabem. O meu miúdo é que não achou graça nenhuma quando o apanhei a esconder o jogo na hora em que devia estar a ler. E para o convencer que anda por aí uma conspiração contra ele, contei-lhe da história do metro. Se ele apanha os outros miúdos, estão feitos.

06 dezembro 2007

Sacos, saquinhos e sacões

Uma coisa é pagar o saco, outra coisa, muito diferente, é pagar uma taxa=imposto sobre o tal saco. Numa terra onde já se pagam milhentos impostos por tudo e por nada.
Cá pagam-se os sacos na maioria dos supermercados. Nalguns, há sacos pequenitos que são de borla. Quando se vai ao hiper (ou à coisa mais parecida com um hiper que houver) trazem-se as compras numas caixas de plástico grandes, que podem ser dobradas para não ocupar tanto espaço. E eu - talvez por ser portuguesa - uso os sacos que me dão para o lixo. O mais estranho nisto tudo é que, apesar de comprar poucos sacos (que custam 15 a 25 cêntimos), talvez uns 2 por semana, no máximo, tenho uma colecção enorme em casa. Um sacão cheio de sacos mais pequenos. E a única boa ideia que tive depois desta história toda foi, da próxima vez que mandar as embalagens para reciclar, mandar os sacos juntos. É que mesmo poupando sacos, a verdade é que há sacos a mais na minha casa.

05 dezembro 2007

ASAE

Não querem mandar a ASAE para aqui? É que me mete nojo ver o pessoal a pegar no pão com as mãos nas padarias... blhéc... com as mesmas mãos sujas com que recebem o dinheiro e dão o troco. Para país civilizado (pois...) sairam-me uns grandes recos.

Que delícia

Eu sou muito bem mandada (não perguntem à minha mãe!). Vi aqui (há umas horas apenas), imprimi logo, e fiz logo uns deliciosos muffins... Bem, a autora chamou-lhe bolinhos de chocolate, o meu miúdo chamou-lhes muffins, o meu mais que tudo, chamou-lhes um figo... e eu não lhes chamei nada que não deu tempo, comi logo uma data deles (dos mais pequeninos).

#74

Ainda haverá quem consiga olhar para o Ângelo Correia e não desatar a rir por causa da cena da dentadura que saiu disparada? Eu ontem olhava para a televisão e só pensava, de onde é que eu conheço este senhor... E se não fosse a história da dentadura não só não lhe teria reconhecido a cara, como não me lembraria do nome dele. Lá dizia o outro, there's no such thing as bad publicity...

#73

Já tive um filho. Escrevi um blogue - quer dizer três - e um livro de anedotas para o miúdo (edição limitada a dois exemplares, novas edições ainda possíveis, eventualmente revistas e aumentadas). Plantei couves aos 7 anos - roubei as sementes ao meu pai e pu-las num vaso na varanda. Mais tarde o meu pai mudou-as para o quintal, mas nunca disse uma palavra sobre o assunto. Se contarmos que as couves cresceram mais de um metro, podem contar como árvores. Ainda assim, não sinto que já possa morrer descansada. Não antes dos putos terem 18 anos. E depois logo se vê.