13 julho 2007

De molho


Este blogue vai até à praia. Volto daqui a três semanas.

#50

Durante anos passei defronte daquele café com bom aspecto. Via as velhotas, a meio da tarde, a tomarem o seu cafezinho acompanhado de fatias de bolos. As janelas enormes, os empregados fardados, as mesas completamente cheias. De gente velha, pois os velhos é que têm tempo para as coisas boas da vida.
Andava eu a queixar-me de que em Munique não há bolos de jeito. Que não há uma cultura "de café" ou melhor,de "ir ao café", de "lanchar". Afinal há, mas está reservada aos que sabem onde ir, e têm tempo para isso. Lição aprendida, de hoje em diante eu vou é onde as velhotas estiverem.

12 julho 2007

Doidos

Podia comprar o Harry Potter online. Tê-lo na minha porta no dia em que sai. E sairia barato. A chatice é que no dia em que o último livro do feiticeiro e companhia sair, eu não vou estar em casa. Vou estar de férias. E não posso esperar. Portanto, e arriscando-me (é quase certo) a pagar o triplo do que pagaria se comprasse o livro na net, vou arranjar o livro em Portugal, quando ele sair. E deliciar-me na praia a ler o capítulo final, enquanto tenho tempo para isso. Sim, que quando as férias acabarem acaba-se-me o tempo (e a paciência, mais que o tempo) para ler livros.
Sei que não estou só. Os meus amigos que vão de férias e gostam do Harry também deixaram a compra para o lugar onde estiverem no dia 21. Somos todos doidos. Mas somos felizes assim.

#49

Falo pelos cotovelos, mas descobri uma maneira de estar calada. Apanhei uma constipação que me deixou completamente rouca. É que nem vale a pena tentar dizer mais que duas frases seguidas. E falar alto ou mandar um berro está completamente fora de questão. É o resultado do "verão" de Munique.

11 julho 2007

#48

O tipo mais feminista que eu conheço é um homem extraordinário. Tem um trabalho de responsabilidade, é chefe, contrata todas as mulheres que pode (o que na área em que trabalha não é nada fácil) e dá-lhes oportunidades de se realizarem profissionalmente. Tem mais de 50 anos, e defende em público aquilo que acredita - que as mulheres têm imensas capacidades para cargos de gestão, particularmente depois de fazerem o que por aqui se chama de "baby-pause" - ficarem em casa durante uns anos enquanto os miúdos são muito pequenos.
Fala e pratica aquilo em que acredita. Eu conheço este homem há relativamente pouco tempo, por isso não sei se ele foi sempre assim ou se a vida o tornou num feminista ferrenho. De qualquer forma, ter um filho e quatro filhas só pode ter ajudado.

10 julho 2007

#47

Os moleskines (e suas variações) são giros. Lindos. Dão vontade de escrever. Mas têm um problema grave. De tão especiais, parece que ali não há lugar para a escrita de todos os dias. Ninguém se lembraria de conspurcar uma daquelas páginas com uma lista de compras. Ao olhar para aquelas capas lindíssimas espera-se que o conteúdo seja digno daquela encadernação. E parece impossível corresponder a tão altas expectativas.
Há umas semanas vi uns cadernos assim, lindos. Desses onde só se deveriam escrever coisas importantes. Com letra bonita e ilustrações a condizer. Achei que não tinha nada assim tão importante que merecesse ser escrito num caderno tão bonito (e caro). Passados quinze dias mudei de ideias. Alguém tem que escrever uma lista de compras naquele caderno um dia - e vou ser eu. Depois de destruir a mítica do caderno, vou recriá-la.

09 julho 2007

Catancho

Também tenho uma palavra favorita. Mais que uma até, mas esta é especial. Para ver aqui.

#46

Quando dou por mim a cantarolar uma música qualquer, gosto de a pôr a tocar. A prova de que tenho CDs a mais é que dou por mim a procurar na net mp3s de músicas que tenho em CD. Só falta mandar para o leitor de mp3. Que é como quem diz, digitalizar e copiar para o leitor. E lembrar-me daquilo que tenho. Ai a minha cabeça.

08 julho 2007

#45

O gajo mais convencido que conheço comprou o domínio da internet com o nome dele. A página está praticamente em branco. O tipo continua sem nada para escrever. Será que está à espera que lhe aconteça alguma coisa (tipo ser-lhe oferecido um grande cargo político) para depois não ter tempo de escrever?

07 julho 2007

#44

Para não me chatear e evitar mal entendidos, passei a tratar o meu namorado por meu Mann (marido, homem). Nas lojas, hotéis, e dia a dia é bastante mais prático tratarmo-nos por "o meu homem" e "a minha mulher". Ao mesmo tempo, para não me chatear e evitar mal entendidos, continuo a dizer que não há Frau X lá em casa. Dá um jeitaço quando as empresas de marketing telefonam a perguntar pelo senhor que teve a brilhante ideia de colocar o seu número de telefone na lista. Ele não está. E a mulher dele também não.
sevilha

06 julho 2007

#43

Há por aí quem se dispa para protestar. Tirar a roupa é muito bonito, chama a atenção e tal, mas não vai ajudar a mudar situação nenhuma. A não ser que ponham gente muito feia (e é preciso lembrar que a fealdade, tal como a beleza, é relativa) a despir-se em público. Tão feia (velha, gorda, enrugada, estropiada, sei lá, se até os trolls são bonitos é difícil pôr por palavras o que é que é feio) que ninguém volte a querer ver aquela gente nua.
Agora se é só para fazer de conta, tirem a roupa para protestar contra tudo e mais alguma coisa. A favor da liberdade de expressão. Contra o governo. Contra as juntas médicas. Contra a extinção dos burros (os de quatro patas, que os outros parece que se multiplicam mais rapidamente que coelhos). Contra a feijoada à hora do jantar. you name it.

05 julho 2007

#42

Agora que chegou o Inverno* só consigo pensar nas férias de verão. Daqui a pouco. Em Portugal.

*frio e chuva, o costume para esta altura do ano

03 julho 2007

#41

Algumas pessoas só dão problemas. Outras apenas têm soluções para problemas que não existem. As primeiras chateiam, as segundas irritam.

02 julho 2007

#40

Para evitar trabalhar, basta fazer com que os outros trabalhem. Ter a iniciativa de mandar delegar, pedir opiniões aos outros (qual é o problema? e já agora, qual é a solução), é uma arte que traz recompensas.