31 janeiro 2010

Morrer Lentamente

"Morre lentamente quem não viaja,
Quem não lê,
Quem não ouve música,
Quem destrói o seu amor-próprio,
Quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito,
Repetindo todos os dias o mesmo trajecto,
Quem não muda as marcas no supermercado,
não arrisca vestir uma cor nova,
não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem evita uma paixão,
Quem prefere O "preto no branco"
E os "pontos nos is" a um turbilhão de emoções indomáveis,
Justamente as que resgatam brilho nos olhos,
Sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho,
Quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho,
Quem não se permite,
Uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da
Chuva incessante,
Desistindo de um projecto antes de iniciá-lo,
não perguntando sobre um assunto que desconhece
E não respondendo quando lhe indagam o que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves,
Recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior do que o
Simples acto de respirar.
Estejamos vivos, então!”
Pablo Neruda

(entretanto já vi outras traduções, um pouco diferentes. não tem importância. a mensagem é a mesma)

30 janeiro 2010

smoke in the eyes

E um dia o acaso empurra-nos para uma sala com um gira-discos a tocar, bebidas e aperitivos e uns gajos a contar histórias engraçadas umas atrás das outras, e rimos até nos doer a cara de tanto rir, e nem importa o fumo dos cubanos nem o frio que vem da janela. E quando acaba ficamos a pensar que se calhar devíamos ter continuado com a galhofa por mais um bocado.

21 janeiro 2010

vrrrrrrrrumm

Não hei-de morrer sem tirar a carta de mota. Das grandes, a sério. (Parece que agora posso conduzir motas até 125cc, só soube depois de decidir tirar a carta, de modos que para o fazer, lá terei que me aventurar com as grandalhonas.)

Antes que chegue a crise de meia idade. Para não virem cá depois dizer - ah e tal, tu estás é com uma crise de meia idade. Nha nha nha nha nha.

(sempre quis conduzir uma mota. sempre cravei boleias aos amigos que tinham mota. e sempre tive - e tenho - medo de ter um acidente de mota. vou ter cuidado. para já é só mesmo a carta.)

13 janeiro 2010

O que eu queria

era um livro que me fizesse rir.
Quando era miúda, ria-me enquanto lia na biblioteca vazia, para além da bibliotecária, que olhava para mim com cara de má. Mas ria-me na mesma.
Mais tarde ria-me na rua, com um livro na mão enquanto ia aqui ou ali.
Em Munique, ria-me no comboio no caminho para o trabalho, apesar dos olhares reprovadores de outros passageiros. E nas salas de espera dos médicos, de livro na mão, enquanto aguardava a minha vez.
Já não leio um livro que me faça rir há algum tempo. Vou ter que gamar o novo do Menino Nicolau que dei ao meu filho. (Há lá nada melhor que o menino Nicolau. E daquela vez que o Nicolau e os amigos foram jogar futebol contra uma equipa de meninos de outra escola e perderam, e os pais ficaram tão chateados com a falta de habilidade dos miúdos que depois jogaram uns contra os outros? Tão fixe...)

12 janeiro 2010

O que eu queria mesmo estar a fazer era...

Fazer tricot (%&"*@#%* eu??? chiça, nem morta). Pseudo-roupa para as bonecas da miúda.
Tocar guitarra/aprender a tocar guitarra. Não necessariamente por esta ordem.
Ler. Bem confortável, de livro na mão, a cabeça na vida de outra gente que não existe.
Sentar-me no sofá ao sol. Ou deitar-me numa espreguiçadeira ao sol - no quentinho.
Sentar-me em frente a uma lareira, durante horas, com um pauzinho na mão para ir queimando aos poucos. Brincar com o fogo.

07 janeiro 2010

Balanço ;)

2009 foi um ano do caraças.
Em 2009 aprendi (re-aprendi) que a vida não se planeia, acontece.
Em 2009 tive que reavaliar os meus amigos. Reclassificar os muito amigos, menos amigos, pouco mais que conhecidos, pessoas com quem vivi e aprendi muito, mas com quem já não tenho nada em comum para além de memórias e um carinho especial. Aprendi que as pessoas mudam, e não mudam à mesma velocidade nem na mesma direcção, nem pelos mesmos motivos. E porventura nem se apercebem de que mudaram.
Em 2009 passei a ver as coisas com olhos novos. E nasceu em mim uma necessidade de "voltar às raízes". Nao de me mudar, mas de conhecer e reconhecer os sítios e as pessoas que significam muito para mim.
Em 2009 aprendi coisas sobre mim que ainda não me tinha apercebido. Coisas boas. E lembrei-me que vale a pena parar para pensar.
Em 2009 lembrei-me que a vida é para ser vivida, e não adiada.
2009 foi um grande ano. Não foram só rosas, que teria sido o costume, mas foi aquilo que eu precisava que fosse. Um daqueles anos em que há coisas fantásticas, mas ao mesmo tempo se dá com a cabeça na parede e percebemos que isso dói.

Um grande 2010 para todos.