Estou aqui num impasse. Votar ou não votar. Votar nos partidos portugueses ou votar nos partidos alemães. Votar nuns gajos em quem não acredito, ou votar noutros que não conheço, a não ser dos cartazes (alguns bem convincentes). Tenho poucas horas para decidir.
As senhoras dos consulados não ajudaram muito. Esclareceram umas coisas, mas baralharam outras. A do consulado de Estugarda nem me soube dizer se poderia votar em Munique ou se teria que me deslocar a Estugarda para exercer o meu direito de voto. Dream on. Fazer 400km para votar? Só podem estar no gozo.
Ainda tenho umas horas para me decidir a votar nos partidos alemães, convenientemente à porta de casa, isto se eles me deixarem (custa-me a acreditar que basta preencher o formulário, ainda para mais quando me perguntam quando é que dei baixa no meu local de voto, coisa que nem sei se se pode fazer). Ou então a não votar, porque para isso é preciso inscrever-me no consulado, e isso só em Estugarda (boa piada) ou em Munique uma vez por mês, não sei em que dia, e depois há os prazos e as esperas, e mais sabe-se lá o quê.
Eu até gostei de votar, enquanto vivia em Portugal. Hoje em dia parece-me um exercício demasiado trabalhoso, a não ser para as eleições locais e os referendos (engraçadíssimos). Mas depois pergunto-me, para quê? Quando me lembro que nas duas últimas eleições nacionais, os candidatos a primeiro-ministro prometeram ambos não aumentar os impostos e imediatamente a seguir a serem eleitos os aumentaram, começo a sonhar com um candidato que prometa aumentar os impostos, aumentar o desemprego e diminuir o salário mínimo nacional, na esperança que ele faça o contrário. Em relação aos políticos alemães, não sigo muito o que se passa, mas tenho alguns vislumbres de que não devem ser muito melhores... Pois há uns tempos tivemos um referendo engraçado perto do sítio onde eu moro (mas longe demais para eu me poder pronunciar). Perguntava-se qual o nome que se devia dar a uma certa praça/zona da cidade aos residentes dessa área (suponho que fosse escolha múltipla, ou pergunta "isto ou aquilo"). O certo é que os eleitores escolheram um nome, mas os políticos, depois do referendo, rejeitaram-no, dizendo que não se adequava. Se não queriam saber, para que é que perguntaram?
E por coisas assim parecidas, pela primeira vez, questiono-me se realmente valerá a pena o esforço que implica votar. (Para mim, nas minhas circunstâncias. De maneira nenhuma porei em causa a utilidade do voto do povo, que não gosto de ditaduras nem de monarquias.)
PS- O meu colega do lado é sueco e não tem estes dilemas. Pode votar à distância, por voto electrónico. Que inveja.
Eu vou votar aqui.
ResponderEliminarPor duas razões:
- Sendo para a Europa, o mais lógico é escolher alguém que conheço melhor - e ao fim de 20 anos aqui, são os alemães.
- Estou inscrita no Consulado, dei e-mail e tudo, mas ainda não ouvi nada da parte deles. Em compensação, do Estado alemão recebi uma cartinha simpática, a avisar-me que vai haver eleições e que para votar devo proceder assim e assado. O meu marido, que é alemão, também já recebeu uma cartinha.
Fique aqui registado: cartão vermelho para o meu Consulado.
Também me sinto muito decepcionada.
Votar em quem, nas eleições portuguesas?
Apetecia-me votar em branco, mas disseram-me que não é muito avisado, porque nunca se sabe se alguém vai aproveitar para - sem querer - fazer uma cruzinha...
É que a gente não acredita em bruxas, mas já aconteceu de uma rapariga ter ido votar pouco antes do encerramento da mesa de voto, e lhe dizerem que já tinha votado.
Fui-me inscrever ontem para votar aqui na Alemanha. Assinei um papel onde me comprometo a não votar em mais sítio nenhum. Eu própria perguntei: sei que ainda estou inscrita na Junta de Freguesia onde votava há mais de vinte anos. Como é que controlam que eu não voto nos dois sítios? E a resposta: comprometeu-se a não o fazer. Se votar em dois sítios, incorre em crime.
A confiança é uma coisa muito bonita, a sério.
(Por acaso agora ocorreu-me ir verificar se por acaso terei votado estes anos todos nessa Junta de Freguesia, sem querer...)
Já tinha ouvido falar desses referendos que não são vinculativos. Também não percebo para que os fazem...
Contudo, a única coisa que não podemos fazer é desistir de votar. Tem de haver outra maneira de exigir de todos os agentes mais seriedade e responsabilização. A começar por nós.
Helena: parece-me que fazes mesmo muito bem. Quando eu chegar aos vinte anos de Alemanha faço o mesmo. Provavelmente antes, que isto da cartinha a avisar para votar é um luxo. ;)
ResponderEliminar(desta vez fiquei demasiado tempo a meditar no assunto e já não fui a tempo. mas na próxima... às tantas até começo a ler os jornais e a ver as notícias alemãs :))
Ah, e a minha cartinha chegou muito antes da do meu mais que tudo, o alemão cá da casa ;)
ResponderEliminar