19 maio 2009

O lixo de um homem é o tesouro de outro

No caso, o lixo da creche pode ser o tesouro da minha coisinha mais fofa.
Há uns tempos compraram uma cadeira de baloiço para crianças pequenas. Coisa barata, dizem as educadoras, e eu acredito, até porque nunca tinha visto uma coisa daquelas. A minha miúda adorou a cadeira. Volta e meia sentava-se nela e "dava umas voltas", que é como quem diz umas baloiçadelas. E zangava-se se a obrigavam a sair de lá. Até que um dia... a cadeira rebentou. Uma das peças (pelo menos) estava a desfazer-se por dentro, a esfarelar. As educadoras mencionaram o facto ao meu mais que tudo, que, com pena de a nossa mafarrica perder o seu brinquedo favorito daquela parte do dia se voluntariou para a arranjar. Sim, que ele tem muito jeito para carpintaria, e não só, e além disso é bom rapaz e gosta fazer as pessoas felizes. Lá trouxe a cadeirinha, viu que a peça que se estava a desfazer precisava de ser reforçada, comprou uma outra peça para o reforço - uma espécie de cilindro estreito e comprido, do qual cortou uma pequena parte - furou a parte estragada, meteu lá a peça nova, aparafusou a cadeira em tudo quanto era junta, só para ter a certeza que não dava de si outra vez e algum dos miúdos se magoava, e devolveu à proveniência.
Passaram algumas semanas, se tanto, e a cadeira teve um acidente. Caiu de uma mesa. E os miúdos não tiveram nada a ver com isso. Um adulto pôs a cadeira em cima da mesa para poder limpar o chão, deu uma cotovelada na cadeira, que caiu, e partiu uma perna. A cadeira, não o adulto, nem a mesa. A educadora, frustrada com a cadeira que já pela segunda vez não mostrava ter a resistência necessária para sobreviver numa creche, achou por bem deitá-la fora. Quando soubemos da história entrámos em pânico. Bem, nem tanto. Mas tentamos logo saber se a cadeira já tinha ido desta para melhor ou se por acaso ainda havia hipótese de salvação. Felizmente ainda fomos a tempo. Mais uma reparação (mas desta não sei os pormenores, não prestei atenção) e a cadeira está como nova. E nós temos uma menina feliz, que não só se baloiça como arrasta a cadeira à frente dela pela casa toda. Whatever makes her happy. Nós também estamos contentes. E a cadeira, aposto que, se pudesse, agradecia ter-lhe saído a sorte grande.


(Quanto à foto: já experimentaram o FotoFlexer? É genial, não me canso de o dizer.)

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