25 março 2009

This is who I am

Já deve ter dado para reparar que cada vez escrevo mais palavras estrangeiras neste blog supostamente português. E a verdade é que me tenho andado a reprimir, eu devia escrever ainda mais palavras e expressões estrangeiras. Para quem passa o dia a falar inglês, a ouvir alemão (e arranhá-lo também), e mais uma cacofonia de línguas, é difícil restringir-me a uma.
Recordo há alguns anos ter feito uma viagem de autocarro, em que três miúdos tagarelaram animadamente durante horas em três línguas. Mudavam de língua a meio das frases. Entendiam-se, e riam-se. Os adultos observaram a cena, admirados e até com alguma inveja. Geniais, os pirralhos.
Penso que nunca chegarei a esse ponto. Mas a partir de agora, vou deixar-me de tretas. Se o diria em inglês, I'll write it. E o mesmo serve para o alemão, francês, espanhol, ou o que calhar. Punkt.

6 comentários:

  1. Eu fazia isso quando trabalhava numa equipa de tradução cheia de portugueses e brasileiros, aqui na Alemanha. Mas apercebi-me depois que estava a perder a capacidade de me exprimir em português.

    Se nos habituarmos a dizer as coisas na primeira língua em que nos ocorrem, perdemos o domínio da língua materna.

    Além disso, permanecer no português é um esforço interessante de comparar culturas. Há algumas coisas que eu exprimo melhor em alemão que em português - às vezes, tenho dificuldade em encontrar a palavra portuguesa certa para exprimir algo.

    Acho que o esforço de traduzir vale a pena: para não perder o domínio da língua materna, para me manter a par das evoluções que ocorrem em Portugal ("como é que isto se diz lá?"), para não falar como uma emigrante (casa tipo maison com janelas tipo fenêtre), e para trocar as voltas ao Alzheimer.

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  2. Helena: percebo perfeitamente o que dizes. Foi por essa razão, e para não deixar de falar português completamente que comecei a escrever em blogues. Mas por outro lado, eu uso expressões em outras línguas desde que me conheço: enquanto eu crescia a minha mãe pontuava o discurso dela em francês, e desde que comecei a ter aulas em inglês que eu e as minhas irmãs falávamos nessa língua para que os nossos pais não nos entendessem. Daí que me custe tanto a evitar certas expressões em estrangeiro. Não me é natural, nem nunca foi.

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  3. ah, nesse caso... go on!
    e Kámone.
    (Kámone era a nossa expressão favorita quando brincávamos aos kóbois)

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  4. Desde que não comeces a escrever em japonês... as you wish!

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  5. Entendo-te perfeitamente, apesar do Espanhol ser muito parecido ao Português, às vezes dou por mim a perguntar "como é que se diz isto em Português?"...e sinceramente não gosto nada, mas é o preço de falar todo o dia espanhol.

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