01 março 2009
A miúda em mim
A parte melhor de ter filhos é podermos dar-nos ao luxo de ser miúdos outra vez. Termos desculpa para andar de trenó numa colina à beira da estrada (será que aquilo tem dono? deve ter, mas ninguém parece incomodar-se com isso. o dono podia deixar um bidão com uma caixinha a fazer a colecta). Ou deslizar colina abaixo sem trenó nem nada. Deixarmo-nos cair na neve só porque não dói, e fazê-los rir, e fazer-nos rir. Fazer batalhas de neve, ou enfiar gelo pela camisola de alguém abaixo. Comprar brinquedos giros e montá-los, e depois deixá-los destruir as coisas (se eram de montar, também eram de desmontar). Vê-los arrancar pernas a bonecas, ou abrir brinquedos para ver o que está lá dentro. Fazermos corridas parvas (quem chegar primeiro ao poste ganha). De nos lembrarmos do que gostávamos há muitos anos atrás e podermos fazer-lhes o mesmo. Andar pela mão dos tios e saltar poças de água. Ir ao café e brincar nas máquinas de jogos, mas sem moedas. Beber sumo de pêssego (nem gostava) e ouvir os crescidos falar. Ouvir bandas de garagem, ir ao parque infantil (vazio), subir o escorrega ao contrário. Saltar na cama, e esconder debaixo da cama, ou da mesa. Andar às cavalitas. Virar bancos ao contrário e fazer de conta que eram carrinhos de choque. Fazer de conta que se lavava o chão da cozinha para poder patinar. Andar de baloiço. Comer bolachas integrais com tulicreme, e esmagar uma contra a outra e ver sair minhoquinhas castanhas. Roubar rebuçados da despensa, e pôr a culpa no pai. Inventar jogos de tabuleiro, e fazê-los. Inventar jogos de bola e bicicletas com os amigos, jogar ténis em campos improvisados, jogar à bola contra a parede (e com regras!). Recordar a primeira vez que pudemos ir sozinhos para casa e nos sentimos crescidos. E ter desculpa para ir à net buscar as músicas da rua sésamo, para mostrar aos pequenotes.
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Excelente post, Snowgaze.
ResponderEliminar(e agora vou ali fazer uma corridinha de caricas...)
ah visconde, também entro nessa das caricas. berlindes é que não, que perdia sempre e ficava sem nada!
ResponderEliminarSó se joga ao "ganhas" quando se tem confiança na coisa.
ResponderEliminar(senão joga-se ao "brincas"...)
os meus "amigos" eram lixados, só jogavam ao "ganhas" ;) (grandes amigos...) à conta disto inventei um jogo de berlindes solitário que dava com o meu pai em doido (fazia um barulho infernal durante a hora da sesta dele)
ResponderEliminar(podíamos estar aqui horas à conversa. vê, qual é o efeito de um post bem escrito e com emoções lá dentro?...)
ResponderEliminar(Boa noite)
E comprar bonecas!
ResponderEliminarComprar bonecas!
Comprar bonecas!
(acho que devia ir a um psicólogo para tentar resolver este complexo "eu queria tanto ter uma Cindy!" que ainda não consegui resolver...)
:-)
Não era Cindy, era Nancy!
ResponderEliminarAinda não resolvi um complexo de infância, e já estou a ficar xéxé...
Visconde: obrigada.
ResponderEliminarHelena: eu é mais destruir bonecas... mas compreendo-te perfeitamente. E Barbies, não?
Não, Barbies não.
ResponderEliminarÉ um brinquedo sexista...
;-)
Agora a sério: no meu tempo, era a Nancy. Já estava a largar as bonecas quando chegou o 25 de Abril.
As Barbies chegaram mais tarde, acho eu.
E quando eles forem adolescentes podemos fingir que somos adolescentes de novo?
ResponderEliminargralha: fingir??? Eu ainda sou adolescente ;)
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