A ameaça terrorista é uma coisa extraordinária. Há uns dias serviu para que os franceses (sim, os franceses) estragassem a festa a uma data de gente, ao causarem a anulação do Lisboa-Dakar. Sim, que todos os anos morre gente no rali, e até agora ainda ninguém se tinha queixado de terrorismo. Mas não perderam pela demora. Controladores aéreos portugueses a trabalhar na ilha açoriana de Santa Maria interceptaram "comunicações terrestres" onde se falava num "presumível ataque terrorista" contra a Torre Eiffel, em Paris. Ora cá está. A mensagem era em francês e inglês, com certeza para que certamente houvesse alguém que a entendesse. Pois, que se fosse em árabe era chato, podiam não saber do que se estava a falar. O teor da informação é "vago e confuso". Deve ser para salvaguardar a possibilidade de não ser nada. O recado foi assim mesmo transmitido aos franceses, que estão em alerta vermelho. Oh meus amigos. Então e fechar a torre Eiffel? Parece-lhes má ideia? Ah e tal, estão em alerta vermelho, mas os milhares de pessoas que diariamente sobem à torre dá demasiado lucro para que lhes fechem os portões? Como é que é? A ameaça era maior no Lisboa-Dakar? Ou isso foi só desculpa?
Quando eu andava na escola secundária, quase todos os anos havia uma ameaça de bomba. Muito provavelmente, algum engraçadinho a querer escapar de um teste. Nos seis anos que lá andei, só uma vez é que evacuaram a escola. Quer dizer, evacuaram o edifício, mas as pessoas aglomeraram-se em seu redor, pelo que se realmente tivesse havido uma bomba numa das salas ainda assim teria havido feridos.
Com esta história de terrorismo, parece tudo mais fácil. É que já nem é preciso fazer ameaças concretas, já nem é preciso telefonar para a polícia. Em Munique, todas as terças de Carnaval há uma festa no mercado. Há umas danças tradicionais e depois uma rádio põe música aos berros e muita gente participa da festa, bebendo até cair para o lado. Este ano, como vai haver eleições, a câmara decidiu que não vai haver festa. É que se houver algum problema, não podem garantir a segurança de todas as pessoas que ali se deslocam (e nem são assim tantas). Surpreendentemente ninguém se atreve a cancelar jogos de futebol, onde a afluência é muito maior. Aí não deve haver perigo.
Um dia destes vamos começar a ficar todos permanentemente fechados em casa. É que sair é demasiado perigoso.
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