29 janeiro 2008

O mundo aqui tão perto

Em Janeiro as cerejas sabem melhor que no fim de Junho. A percentagem de podres ou estragadas, em Janeiro, é menor. Suponho que venham de avião, já que são chilenas, mas não sei como fazem para que cheguem à banca, no centro da cidade, maduras, doces e rijas, de um vermelho escuro a clamar por umas dentadas. E nem sequer são muito mais caras que as do fim de Junho (fim de época), vindas de Espanha, Grécia ou Turquia, muitas das quais estragadas, ainda não completamente maduras (nunca chegarão a amadurecer tanto quanto deviam), e moles qb.
Maravilhas de viver em Munique.

24 janeiro 2008

Objectos

Depois de a minha carteira-mochila de cabedal (ou imitação, eu sei lá) preto ter dado o berro e nenhuma alma caridosa se ter oferecido para ma substituir por ocasião do Natal (bem podiam ter aproveitado), tenho-me visto grega para resolver o problema onde carregar as cinquenta mil tralhas que preciso impreterivelmente de permanentemente ter comigo (máquina fotográfica, carteira, chaves, baton, anti-seca*, sei lá mais o quê), mais as outras que podem ser urgentemente necessárias devido ao estado de graça (yeah right) em que me encontro (caderneta da grávida, ben-u-ron, rebuçados, e comida :)). De modos que agora ando com uma carteira gigante onde antigamente (há uns meses) costumava transportar o equipamento desportivo, excluindo as sapatilhas, e sinto-me como um burro de carga. Infelizmente, tenho demasiada preguiça para trocar as tralhas todas para outra carteira, bem mais pequena mas onde ainda caberia tudo, e assim sigo, todas as manhãs a relembrar-me do que devia ter feito ontem e não fiz (trocar o conteúdo das carteiras).



Entretanto, e como prenda de natal tardia, houve um génio que me ofereceu o tal rádio com alarmes diferenciados consoante o dia da semana que eu estava desesperadamente a precisar. Posso dizer que é das melhores coisas de sempre, se bem que podia ser melhorado (como tudo na vida). Agora durmo ainda mais/melhor, porque nunca tenho que acordar para desligar o maldito alarme (rádio) - logo neste país, onde de manhã os animadores de rádio acordam cheios de speed(s) e não se calam um segundo, mesmo que seja fim de semana. Para quando um rádio despertador que saiba os feriados?


* anti-seca é um objecto absolutamente necessário nos dias em que sei que vou ter que estar à espera em qualquer sítio. Pode ser um livro, um jogo, ou qualquer outra coisa que me leve a esquecer do sítio onde estou a apanhar a dita seca.

22 janeiro 2008

#76

Depois do exemplo dos ginásios (apesar de o IVA ter baixado de 21% para 5% em muitos ginásios a conta a pagar pelo cliente não diminuiu), será que vale a pena baixar o IVA? É que se ainda para mais o IVA for reduzido, mas passado algum tempo (quando outro partido ganhar as eleições, por exemplo) aumentar outra vez, aposto que os consumidores só vão ver os preços a aumentar...

18 janeiro 2008

Porque é que não aumentam os preços?

Pois, aí está uma coisa que nunca pensei dizer. Até que trouxe comigo uns pacotes de Belgas caseiras (bem, de caseiras não têm nada a não ser o nome) para descobrir, tarde demais, que os pacotinhos individuais em vez das 6 bolachas de que eu estava à espera, só tinham 4. Isto não se faz. Eu queria comer 6 bolachas por pacote. Se em vez de manterem (?) o preço tivessem mantido a quantidade, ficava bem mais contente. Ainda para mais, parece-me que a embalagem de cartão continua com o mesmo tamanho (sacanice) e as embalagens individuais plástico-metalizadas também (até se sente o imenso ar/espaço livre dentro delas). Claro que este não é o único caso em que a quantidade diminui e o preço se mantém mais ou menos inalterado. Mas fico a pensar onde é que isto irá parar. Em seis embalagens individuais de uma bolacha?

12 janeiro 2008

Vingança

A ameaça terrorista é uma coisa extraordinária. Há uns dias serviu para que os franceses (sim, os franceses) estragassem a festa a uma data de gente, ao causarem a anulação do Lisboa-Dakar. Sim, que todos os anos morre gente no rali, e até agora ainda ninguém se tinha queixado de terrorismo. Mas não perderam pela demora. Controladores aéreos portugueses a trabalhar na ilha açoriana de Santa Maria interceptaram "comunicações terrestres" onde se falava num "presumível ataque terrorista" contra a Torre Eiffel, em Paris. Ora cá está. A mensagem era em francês e inglês, com certeza para que certamente houvesse alguém que a entendesse. Pois, que se fosse em árabe era chato, podiam não saber do que se estava a falar. O teor da informação é "vago e confuso". Deve ser para salvaguardar a possibilidade de não ser nada. O recado foi assim mesmo transmitido aos franceses, que estão em alerta vermelho. Oh meus amigos. Então e fechar a torre Eiffel? Parece-lhes má ideia? Ah e tal, estão em alerta vermelho, mas os milhares de pessoas que diariamente sobem à torre dá demasiado lucro para que lhes fechem os portões? Como é que é? A ameaça era maior no Lisboa-Dakar? Ou isso foi só desculpa?

Quando eu andava na escola secundária, quase todos os anos havia uma ameaça de bomba. Muito provavelmente, algum engraçadinho a querer escapar de um teste. Nos seis anos que lá andei, só uma vez é que evacuaram a escola. Quer dizer, evacuaram o edifício, mas as pessoas aglomeraram-se em seu redor, pelo que se realmente tivesse havido uma bomba numa das salas ainda assim teria havido feridos.
Com esta história de terrorismo, parece tudo mais fácil. É que já nem é preciso fazer ameaças concretas, já nem é preciso telefonar para a polícia. Em Munique, todas as terças de Carnaval há uma festa no mercado. Há umas danças tradicionais e depois uma rádio põe música aos berros e muita gente participa da festa, bebendo até cair para o lado. Este ano, como vai haver eleições, a câmara decidiu que não vai haver festa. É que se houver algum problema, não podem garantir a segurança de todas as pessoas que ali se deslocam (e nem são assim tantas). Surpreendentemente ninguém se atreve a cancelar jogos de futebol, onde a afluência é muito maior. Aí não deve haver perigo.
Um dia destes vamos começar a ficar todos permanentemente fechados em casa. É que sair é demasiado perigoso.

O pai Natal existe

Este ano ficou comprovado que o pai Natal existe mesmo. Só não se veste de vermelho, nem é tão velho quanto o pintam, e não tem barbas brancas. E o que traz consigo não são bem presentes. É que às oito da noite de 24 de Dezembro, depois de ter sofrido uma data de vezes pelos cortes de luz - alguma coisa estava a fazer curto-circuito, e ligar o disjuntor não adiantava por mais que uns minutos - enquanto a comidinha estava a fazer, só o pai Natal podia salvar a situação. E salvou. Lá porque durante os outros dias do ano o homem é electricista isso não lhe tira o mérito. E aparecer à minha porta enquanto ainda estava ao telefone é mesmo muito coincidência. Ou milagre. (Bem, o milagre completo teria sido se o bolo não se tivesse estragado. Mas não se pode ter tudo...)

10 janeiro 2008

30 km/h

Confesso que não percebo qual é o escândalo da futura limitação de velocidade em centros urbanos, zonas residenciais e espaços com "forte presença de tráfego pedonal" para 30 km/h. Mas eu sou daquelas que vai mesmo a 30km/h para obrigar os tipos que vêm atrás a acalmar, porque é nestas zonas onde há mais crianças, e não só não quero atropelar nenhuma como não quero que um dos outros automobilistas atropele a minha. Aliás, há uns dias fiz sinal de luzes a um idiota que me ultrapassou, para ver uns metros mais à frente a polícia... Talvez o problema seja o timing. As pessoas (os portugueses) se calhar começam a estar fartos de tanta proibição de tudo e mais alguma coisa. Principalmente se vier as proibições vierem acompanhadas de multas. O pessoal (há pessoal que) não ganha para tanta taxa, imposto, coima, e sei lá mais o quê. Isso compreendo.

Por outro lado... como vivo num país onde as zonas residenciais (limite 30km/h) são compensadas por autoestradas fabulosas (sem limite de velocidade), se calhar uma compensa a outra. Há lá nada melhor do que ir a uma velocidade qualquer e saber, sem olhar para o velocímetro, que não se está a transgredir.

09 janeiro 2008

#75

A partir de agora, só deveria poder votar nas eleições quem tivesse lido e compreendido os programas dos partidos. Claro que depois ia ser complicado justificar que o programa diga uma coisa e passados uns meses o governo faça o oposto.

Cartazes

Não sei se passou a ser proibida a publicidade a tabaco, ou se, em virtude da proibição do fumo em espaços fechados, alguém achou que os fumadores agora iam todos parar de fumar. É que os enormes cartazes com miúdas a proclamar que não há nada melhor que um cigarrinho, ou a anunciar que o novo pacote gigante de cigarros mais compridos era realmente barato foram substituídos por anúncios a pastilhas ou comprimidos ou lá o que é que supostamente todos os fumadores agora têm que tomar para deixar esse péssimo vício que é o tabaco.
Devo ter percebido mal. Então os fumadores agora já não podem fumar? Só porque não o podem fazer em locais públicos fechados?
Ouvi umas histórias engraçadas sobre alguns restaurantes bávaros, onde os clientes habituais, de muitos e muitos anos, se costumam (costumavam?) reunir à mesa, a beber e fumar enquanto jogavam cartas (e enquanto o resto dos clientes almoçava ou jantava). No entanto, em clubes restritos pode-se fumar. Então alguns restaurantes queriam dar a volta à lei, abrindo durante uma certa noite por semana o espaço apenas a quem quisesse estar num ambiente de fumo. Teriam um porteiro que tornaria as pessoas membros do tal clube durante essa noite. O problema é que na Alemanha tudo está regulamentado, e portanto não pode ser assim tão simples... é que não se pode ser membro de um clube durante um espaço de tempo tão restrito. Provavelmente há aqui mais pormenores que eu não sei. Mas ideia de os alemães tentarem dar a volta às leis é... nem sei bem... por um lado, estranha (esta gente adora leis), por outro lado engraçada (fazem-me lembrar os meus compatriotas, há lá nada mais delicioso do que dar a volta ou não cumprir uma lei). Uma coisa é certa, 2008 começa de maneira diferente dos outros anos.

07 janeiro 2008

Uma espécie de passagem de ano

Depois do jantar fiquei a matutar comigo mesma que isto da passagem de ano, a celebração da passagem do último segundo de um ano para o primeiro segundo do ano seguinte, conquanto o relógio que usamos esteja certo, não tem graça nenhuma. Mas qual é a ideia? É suposto ficar contente porque mudámos de ano? Porquê? Havia maneira de o evitar? Ora isso é que seria uma coisa a assinalar. Chegar às 23h59 de 2007 e decidir que não íamos mudar de ano, afinal 2007 não foi assim tão mau, para quê mudar?
Depois, aqueles tipos malcheirosos que decidiram fazer a passagem de ano de 1984-85 em vez da de 2007-2008 enganaram-me. Então uma pessoa tem a televisão ligada para saber quando é que toda a gente vai andar aos saltos, e os tipos enganam-se no ano? Quando ouvi a contagem decrescente achei que era brincadeira. Se eles estavam no ano errado, como é que podiam estar nos segundos certos? Não fossem os foguetes dos vizinhos (mas isso agora é permitido? os foguetes, não os vizinhos) e bem que tinham ficado em 2007. E nem ficava nada mal.

Livre de fumo

Confesso que nunca pensei que os portugueses fossem cumprir a lei. (As leis.) Muito menos a do tabaco. Mas além de surpreendida (os cigarros estavam mesmo apagados) fiquei contente pela atmosfera limpa e admirada com a enorme diferença que faz frequentar um espaço público fechado e sem fumo (até hoje, nunca tinha acontecido, por não haver nenhuma hipótese). Posso andar pelos shoppings. Posso estar num café ou restaurante sem que venha fumo para cima de mim. Não tenho que sair a correr, sem sobremesa, por já não aguentar mais o fumo. Quanto às discotecas, para mim vem tarde. Desisti rapidamente de as frequentar (há muitos anos) por não suportar aquelas quantidades de fumo nos olhos. Não é agora que vou virar cliente.
Deve haver quem esteja incomodado. Pela minha parte, andei incomodada toda a vida. Foi preciso vir a UE para me dar a possibilidade de estar num espaço público fechado sem que a minha saúde seja prejudicada. Muito obrigada pela parte que me toca, e pelos meus filhos também.