29 junho 2007

#39

Vai uma pessoa ao shopping, que isto por aqui é muito moderno até há uns shoppings e tudo, em versão miniatura, mas enfim, e claro que como por aqui não há grandes escolha quanto a shoppings, aquilo estava a abarrotar e não havia quase lugar onde pôr o carro. Vai daí, olho para a imensa fila reservada aos deficientes, quase cheia de carros sem nenhum ar de pertencerem a deficientes (só se fossem deficientes mentais, mas adiante), e começo logo a pensar, mas porque é que de todos os shoppings que por aqui existem (todos os dois) eu tinha que vir a este, o único que não tem lugares reservados para mulheres desacompanhadas ou acompanhadas de bebés (que não tenho, mas ainda há a cadeirinha no banco de trás, por isso disfarçava). Decidi estacionar quase no fim da tal fila, pensando de mim para comigo que se algum deficiente aparecesse ele iria reclamar primeiro os lugares perto da porta, bem longe de onde eu enfiei o meu carrito. Saio da viatura, fecho a porta, olho para o carro lado, e vejo uma cena que me ficará gravada na memória por muito tempo. À beira disto, os pais da Maddie sao os melhores pais do mundo, de uma preocupação extrema com os filhos, responsáveis e merecedores de uma medalha ou duas. E só acredito nisto porque vi com os meus próprios olhos, e fiquei a olhar durante alguns minutos como se estivesse à espera que fosse uma miragem e a qualquer momento a minha visão retomasse a normalidade. No entanto os meus olhos estavam a ver muito bem. E a verdade, a cena que se desenrolava perante mim, era a de um automóvel fechado, com uma criança a dormir lá dentro. Na cadeirinha de bebé. Sozinha. Sabe-se lá há quanto tempo. A mais de 50 metros da porta, e a mais ainda da loja onde os paizinhos se entretinham.
Pelos vistos os raptos de crianças não impressionam toda a gente.

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