Tenho uma paixão assolapada pelos escritos de um homem. Não, não estou a falar de Platão, é outro, um cujo coração ainda bate. Ora, estando apaixonada pela inteligência e sentido de humor combinados, capacidade de análise e eloquência, da expressão escrita deste ser humano, confronto-me de vez em quando com a dúvida: ver ou não ver. Assistir de camarote, ou simplesmente continuar a acompanhar apenas a palavra escrita, sem nunca deturpar a imagem imaginada pela minha cabeça. Que não é sequer uma imagem. Para mim o homem não é gordo, nem magro, nem alto, nem baixo, nem bonito nem feio, embora provavelmente tenha barba. É mais provável que um homem eloquente e inteligente tenha barba, quanto mais não seja para não perder tempo a fazê-la, que os escritos não se auto-produzem.
Claro que se me atrever a conhecer esta musa inspiradora - pois, eu sei, é grave - o maior risco que corro não é a decepção de descobrir que mesmo uma pessoa inteligente, eloquente, e com um sentido de humor fora do comum, é apenas um mero mortal. Ou a surpresa de o homem ser isto tudo e muito mais, e ficar viciada na observação de um génio em acção. O risco é nunca mais voltar a olhar para aqueles textos com os mesmos olhos.
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