29 abril 2009

direitos de autor

Há uns anos toda a gente tinha um blogue. (Eu também: o meu primeiro blogue fez 5 anos há uns dias.) Eram tantos, e alguns tão bons, que uma parte deles acabou por ser publicada em livro. E vender. Ora aqui está uma coisa que aparentemente não faz sentido. Os textos estavam disponíveis livremente na internet. Qualquer pessoa com uma ligação podia aceder aos ditos blogues e lê-los de fio a pavio, sem ter que pagar por isso. Ou até mesmo imprimi-los e lê-los em papel. Mesmo aqueles cujos arquivos foram apagados poderiam ser encontrados através dos arquivos da internet. Quem nunca tinha lido os blogues que vieram a ser publicados provavelmente teria pouco interesse em comprar o livro, ainda para mais quando esses livros têm um formato estranho, da frente para trás.
No entanto...
... os livros venderam. Muito ou pouco, uma edição ou mais, mas venderam. Alguns autores conseguiram contratos para escrever outros livros. Outros não.
O estranho fenómeno é que houve pessoas dispostas a pagar por material existente em formato digital à borla, e que não implicaria infracção de nenhuma lei (ler um blogue que está publicado ou até copiá-lo para o disco para ler mais tarde não consiste num" download ilegal"). Porque será que isto aconteceu?
...não sei bem. Possivelmente houve compradores que não têm net, que não têm paciência para ler textos num écran, ou que simplesmente gostaram da capa e acharam que ficava bonita na estante. Ou que estariam a precisar de algo para equilibrar uma mesa com uma perna mais curta que as outras. Pessoalmente aposto nisto: todos gostamos de reconhecer o trabalho dos outros e de nos sentir perto deles. E por isso compramos os livros dos blogues que gostamos. Se não para nós, para oferecer aos amigos. E se calhar também é por isso que quem faz downloads de música acaba por comprar os CDs das bandas que realmente gosta. Para sentir nos dedos a proximidade das coisas de lhe são queridas. É que o virtual pode ser muito bonito, mas os nossos dedos e os nossos olhos precisam de algo mais.

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