14 abril 2009

A capa dobrada

Apetecia-me marcar cada erro de que me apercebo no livro que ando a ler*. O livro é grosso, mais de quinhentas páginas (e nem uma imagem para além da da capa), e infelizmente esta seria uma tarefa árdua. Suspeito que, se o fizesse, ficaria com um livro cheio de palavras marcadas a cores florescentes e post-its, que em, vez de emprestar, seria obrigada a devolver à editora com a nota "se isto lhes serve, aproveitem, se nao, deitem-no fora e envergonhem-se". Mas hoje em dia ninguém tem vergonha de nada, nem do mau português pré ou pós acordo ortográfico, nem da má traducao (mas sao bem mais as gralhas que os erros de traducao). E eu, que me sinto semi-analfabeta, muito provavelmente iletrada face a quem traduziu e publicou o livro, e ainda assim incomodada face a tanta incompetência (ah, que quem fez este trabalho nao era, com toda a certeza, ignorante), eu que nao sei onde se devem colocar as vírgulas, que já li neste mesmo livro uma ou outra palavra difícil que nem sabia o significado - felizmente nao me coibi de usar o dicionário -, eu que nem sequer tenho um teclado português em que escrever, pergunto-me, porque raio nao me deixo de comprar livros na língua de Camoes. E, já agora, porque é que o "nao escrevas nos livros nem dobres os cantos das páginas" que ouvia quando miúda ainda me dita o comportamento.

*Nuvens entre as estrelas, Victoria Clayton, publicacoes europa-américa

(ah as gralhas, tao más que às vezes precisam de um esforco para decifrar o que seria que deveria estar ali, e nem sempre consigo lá chegar... malditas gralhas... se nao fosse a minha curiosidade a levar a melhor, há muito teria deitado o livro na fogueira para me aquecer, assim, quanto mais leio, mais me enfureco... e ainda me faltam mais de duzentas páginas de puro masoquismo)

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