Hoje de manhã matutava na possibilidade de escrever um post sobre o nadador salvador da minha praia. Que não é o mesmo do ano passado. Na verdade, pensava numa série de posts sobre pessoas que me fica(ra)m na memória, por um motivo ou por outro, anónimos que poderiam ser as personagens de um livro que nunca irei escrever.
Na falta de uma caneta, mas com papel à mão, corri ao bar da praia para pedir uma emprestada. A dona é amorosa, se um dia escrevesse esta série, também haveria um post (um capítulo) para ela. Tomei nota das palavras-chave - já foi tempo em que escrevia posts em papelinhos - e voltei para a toalha. A praia em Agosto é cansativa. Muita gente, muito barulho, muita coisa a acontecer. Ainda assim, retomei o meu livro. Eu sempre tive facilidade em abstrair-me do mundo à minha volta quando estou entretida.
Mas a praia hoje foi diferente. Não por causa dos estrangeiros, não por causa dos emigrantes, não por causa das famílias. Nem por a água estar gelada, e a temperatura do ar estranhamente abaixo do normal para a época. Eu nunca tinha ligado para o 112. Hoje foi o dia.
O nadador salvador da minha praia, hoje, é um herói. Ele, e mais algumas pessoas, salva vidas com variadas profissões. O 112 demorou imenso a chegar. Longos, incontáveis, extensos minutos. Treze, desde a minha chamada, que não tinha sido a primeira. O senhor que se sentiu mal na água, provavelmente teve muita sorte. Se tivesse que escolher o local onde me aconteceria o mesmo que a ele, não faria melhor escolha. Praia em Agosto. Um sítio mais suave onde aterrar, ajuda médica concentrada, pois médicos, enfermeiros, e pessoal do INEM também vão à praia em Agosto. E nadadores salvadores, com uns músculos invejáveis, essenciais para ir buscar quem se esteja a afogar, e incansáveis a salvar vidas.
O nadador salvador da minha praia é um herói todos os dias, por outros motivos também eles nobres. Mas hoje, que saí da cama a pensar em escrever um post sobre ele, é um herói mais público. É bom saber que há heróis por perto.
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