A conversa continua :)
Não acho que o medo da morte seja irracional, pelo contrário, tenho-o como perfeitamente racional já que ninguém sabe o que está para lá da morte (assim com certeza mesmo, absoluta e incontestável) a não ser a morte em si. Parece-me mais irracional o medo da vida eterna (é isso a imortalidade, não é?), que é no fundo uma justificação para a morte (e portanto uma racionalização, e portanto racional, e já me contradisse numa só frase. Porreiro, pá). O medo do desconhecido é perfeitamente natural (e racional?).
Conheço muitos velhos que não se importavam nada de ficar cá para semente ;), vê-se-lhes nos olhos o medo de morrer, mesmo quando estão de perfeita saúde, e a pena que têm de ter que deixar este mundo.
Há uns dias ouvi um homem dizer que gostava de viver até aos 980 anos (mais coisa menos coisa, não me recordo precisamente do valor), porque, dizia, Noé também tinha vivido até essa idade. Quando ouvi aquilo, pensei, porque não 1000, já que estava tão perto? Outras pessoas dizem que gostavam de viver até aos 100, 150, 200 anos. É mais frequente ouvir alguém dizer que gostava de ir para além da esperança média de vida, do que o contrário. Porque será.
Havendo seja o que for (nada ou alguma coisa) depois de morrermos, gosto demais de cá andar para me fartar, e tenho pena de não poder viver (com alguma qualidade de vida, claro, que quando a saúde se acabar já a vida se me pode ter esgotado ainda que o coração possa ser forçado a continuar a bater). Por mais longa que fosse a minha vida, não me parece que me fosse cansar. Criando ou recriando, as possibilidades são infinitas. Quando achamos que descobrimos a partícula mais pequena ainda temos que descobrir do que é que ela é feita. Quando pensarmos que já sabemos os limites do universo, ficará por saber qual a grande caixa que contém essa caixa já enorme. E por mais tempo que aqui passássemos, é duvidoso que ficássemos a saber tudo. Digo eu. Penso eu. E fico à espera que me provem o contrário.
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