Há dias em que está tudo bem. Dias em que não custa acordar cedo, o corpo coopera, a temperatura é a certa mesmo que estejam 30 graus e esteja a trabalhar sem ar condicionado. Há dias em que o espírito da minha vida me acompanha de manhã até à noite, e me envolve num abraço apertado todo o dia. Há dias em que está tudo certo, as pessoas, as conversas, a comida, a roupa, os sapatos, o ambiente. Há dias em que até o que corre menos bem é maravilhoso, em que uns saltos agulha enfiados na calçada são apenas um motivo para sorrir. Dias em que estou aqui quase só para ajudar, e ao mesmo tempo recebo tão mais do que aquilo que dou. Há dias em que me lembro de todas as coisas que fazem parte de mim, e essas coisas estão todas à minha volta, por um dia. Há dias em que me lembro onde pertenço, onde sou gente, onde me conhecem e onde me reconheço. Há dias em que me lembro como é bom encontrar pessoas que conhecem os meus semelhantes mais próximos. Há coisas nesta lista que para o comum dos mortais fazem parte do dia a dia. Há outros que já não têm oportunidade de ter dias assim. (Nunca me hei-de esquecer daquele taxista em Munique que fugiu de Sarajevo durante a guerra e me contava que nunca mais poderia voltar ao seu país natal, de onde tinha escapado há uns vinte anos.)
Há dias maravilhosos, dias disto tudo. Dias em que se conseguem encaixar
milhentas pequenas coisas que fazem parte das melhores partes de mim.
Tão bons que se tornam melhores ainda por acordar cedo e deitar tarde,
só para durarem mais.
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