06 outubro 2011

O interesse

Há uns anos, fiz um curso de quinze dias que deixou o professor pasmado. Ele comentava com quem o tinha convencido a dar aquele curso que nas suas aulas normais os alunos não estavam atentos (não seriam todos, acrescento eu), tinham pressa de ir embora, não manifestavam grande interesse pelo assunto. E ali estava ele, a mesma pessoa, com um grupo de alunos diferente, cada aluno com um background completamente diferente do do lado, de diferentes nacionalidades, e a situação era quase o reverso do que o que este professor estava habituado. A atenção era total, o interesse também, e quando o tempo terminava nenhum dos alunos arrumava as coisas para ir embora, antes continuava o trabalho que estava a fazer, ou a tirar as dúvidas que tinham surgido, e depois, muito lentamente, depois de serem relembrados várias vezes que a aula tinha acabado, lá arrumavam as tralhas e seguiam para o ponto seguinte do programa (o jantar!).
Até hoje estou convencida que a diferença era que todos estes alunos tinham escolhido aquele curso, aquele tema, porque à partida estavam interessados nele. Não porque os pais os tinham obrigado a ir para ali, não porque sentiam que aquilo era um passo necessário na vida (não era), não porque lhes fosse dar melhores perspectivas de emprego (mas talvez ajudasse), não por nenhuma razão externa excepto o gosto pelo tema. Era um curso extra curricular, numa língua estrangeira para todos, com gente que não conheciam, com promessas de festa à mistura, mas suficientemente técnico para suscitar interesse por si próprio. E durante aquelas semanas aprendemos uma data de coisas sobre as quais não tínhamos a mínima noção à partida, desfrutámos da aprendizagem, fomos a festas todas as noites, e fizemos um professor muito feliz.

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