17 março 2008
Factos inúteis II
Quando era miúda, só havia dois canais de televisão. Quando ainda era muito pequena, lembro-me de só haver programação a partir do meio dia, e mais tarde, a partir das 10. E ao sábado dar o compacto da novela. E de nos levantarmos cedo para ver os desenhos animados - os bonecos, dizíamos nós. E quando acabava a programação infantil - em que um dos pontos altos era o Vasco Granja a mostrar animações checas e a fazer desenhos num quadro a partir de borrões - íamos para a rua, onde a malta se encontrava para brincar. Antes de qualquer brincadeira porém, era indispensável discutir os desenhos animados. Era uma espécie de análise, que resultava em nos rirmos mais que uma vez da mesma piada. Podia haver um programa de televisão assim. O pessoal telefonava para lá, e em vez de discutir política ou futebol, dizia "viram o Doogie Howser a mandar as duas fotos por telemóvel ao amigo, para o convencer a conduzir para uma cidade bué longe para engatar miúdas em vez de estudar para o exame?" E depois alguém diria que sim, e que tinha sido muito engraçado, uma pessoa a pensar que a foto seria das miúdas e afinal era do Doogie a quase "hipnotizar" o amigo. E depois alguém ia telefonar a perguntar "alguém viu o quarto episódio do House na TVI no outro dia? É que aquilo dá tão tarde que adormeci antes de mudar de canal e gravei o programa errado. E logo na TVI, que não repete..." E alguém havia de contar o resumo e as partes mais fixes, e recontar as melhores piadas par toda a gente se rir outra vez. E pronto. Mais uma ideia brilhante que ninguém vai aproveitar.
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