11 fevereiro 2015

Onde é que se vê daqui a 10 anos?

O meu Jon Stewart também vai abandonar o seu Daily Show. É a vida, parece, as coisas se dão em ciclos, e este ciclo está a terminar. Acho que isto explica aquela pergunta clássica das entrevistas, onde é que se vê daqui a 5 ou 10 anos. Jon Stewart faz o Daily Show há 15 anos. O meu Jon, fazia o seu há 10. Agora fará outras coisas, com certeza. E deixa espaço para que outros façam o daily show deles, e lhe imprimam formas novas de fazer humor com as notícias.
Há 10 anos eu não fazia a mínima ideia das coisas que hoje me fazem correr. Não sabia que ia passar serões a estudar, não sabia que me ia sentir insatisfeita com a minha capacidade de me exprimir. Se me tivessem perguntado qual o meu plano para hoje, de certeza que teria atirado ao lado. Muito ao lado. Há 10 anos não sabia o que sei hoje, e nem imaginava que fosse aprender tanta coisa. Há 10 anos não imaginava que 1% ou 0,1% de algo intangível pudesse ser tão importante, que quase pudesse senti-lo a escapar-me entre os dedos.
Há 10 anos fiz coisas que achava brilhantes e hoje acho apenas relativamente boas. As coisas que faço hoje em dia e que me parecem brilhantes, talvez daqui a uns anos passem a ser apenas boazinhas aos meus olhos com mais experiência.
Não consigo imaginar o que quero daqui a dez anos, não em concreto, apenas uns passinhos aqui e ali que me parecem fundamentais no imediato. Aqueles que, podendo ser os passos certos para trilhar um caminho que me leve a algum lado, podem também ser apenas os passos certos para me divertir enquanto não encontro destino.
Devia perguntar à malta mais velha, como é que é. Se passamos a vida a sentir-nos uns miúdos com muito para aprender, por mais que o tempo passe por nós. Se alguma vez passa aquela sensação de que podemos ser desmascarados a qualquer momento, mesmo que sejamos verdadeiros peritos num assunto. Como é que é quando se tem mais 40, 50, 60, e se troca de emprego, de vida, de cidade, de país. Como é que se recomeçam a construir laços. E se vale a pena.

Pensando bem, até sei a resposta a algumas destas perguntas. A felicidade vai-se construindo, sempre.


1 comentário:

  1. I feel your pain... também era o meu Jon... embora dito por mim pareça um pouco mais "sensível" (visto como usei aqui a palavra sensível em vez de uma que pudesse ofender sensibilidades)

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