01 maio 2013

A caixa do demo

A miúda recebeu uma caixa de materiais para fazer os seus próprios cartões 3D. Para além do facto de a caixa indicar uma idade aconselhada de 6 anos ou mais (ou seja, ou quem comprou foi generoso, ou tinha na ideia que ela guardasse a caixa para mais tarde - o que por si só evidencia a falta de compreensão da mente de uma miúda de 5 anos) aquilo envolve uma data de trabalho manual. Recortar, colar, pintar. Muito bonito, 'a primeira vista. O terror começa quando olho para os objectos a recortar: aquilo em vez de ser uma coisa com linhas direitas, uma ou outra linha mais curva, vá lá, rapidamente se transforma num circuito de saliências e reentrâncias minúsculas, que requerem a perícia, não de uma criança de 6 anos ou mais, mas de uma pessoa que ganhe a vida a fazer scrapbooks. Uma tesoura de pontas redondas não tem como recortar  tais pormenores, e uma tesoura normal pouco mais consegue fazer. O 3D não passa de obrigar a miúda a mãe  a recortar uma imagem grande, e depois pormenores mais pequenos da mesma imagem que a miúda (vá lá) irá colar a uma espécie de esponjinha minúscula com cola dos dois lados - perfeita para os dedinhos dela. Quando chego ao enésimo passarinho e respectivas penas salientes, já só me apetece mutilar o malvado pássaro, cortar o nariz 'a princesa, e queimar os corações em efeito de flor. O projecto de 4 cartões rapidamente se transforma em "um cartão por dia", que eu tenho dificuldades em usar a tesoura por mais de 5 minutos, quanto mais meias horas seguidinhas. Para que é que ela quer tanto cartão, ainda para mais, se era para o dia da mãe devia haver outro voluntário a recortar tanto desenho.
Estes monstros do marketing deviam ser obrigados a fazer cartões 3D com tesouras de pontas redondas antes de classificarem estas coisas como para maiores de 6. O que a caixa deveria dizer era  que é preciso um mestrado em trabalhos manuais ou belas artes para fazer aqueles belos cartões, caso contrário mais vale recortar bonecos de uma caixa de cereais e colá-los num papel branco. Sempre se estragava menos material e o que se poupava em nervos. Se alguma vez me lembrar de oferecer um kit de trabalhos manuais a um pequeno humano vai ser uma caixinha com simples papel branco, cola, tesoura, e lápis ou marcadores. Ao menos com isto não pode haver erros. E um conselho: recortem primeiro, pintem depois.

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