24 novembro 2011

É o catano... (mais um post da série "o Louco no autocarro")

A mim apetece-me fazer greve hoje mesmo. Não trabalho em Portugal e não me cortaram os "subsídios" (que nunca tive desde que vim para cá). As prendas de Natal saem do orçamento dos meses de Novembro e Dezembro, a não ser que me antecipe nas compras, o que acontece menos vezes do que gostaria. As lojas estão a abarrotar de gente desde início de Novembro, fenómeno que este ano se antecipou por um mês, pelo que deduzo que por aqui a crise é uma coisa que só acontece aos outros e que serve como desculpa para desancar, principalmente, os gregos. Ainda me lembro das letras garrafais com que se anunciava no verão haver 10000 empregos por preencher na cidade de Munique. As mesmas que usam agora para anunciar, uma e outra vez, que os gregos são calaceiros.
Cresci a ouvi dizer "quem está mal muda-se", e sempre detestei essa expressão. Se quem está mal se mudar, todos perdem. Perde quem se muda, porque vá para onde for irá ficar sempre, eventualmente, mal, e passará a vida a mudar-se, porque nada é perfeito. Perde quem fica, pois apesar de aparentemente ficar a ganhar com a partida do chato, perde a oportunidade de evoluir e melhorar. Ainda assim, ouve-se demasiadas vezes dizer que quem está mal é que deve mudar.
Aqui não é dia de greve. No meu trabalho ninguém está a fazer greve por motivo nenhum. E ainda assim, apetecia-me fazer greve, para protestar. Porque depois de me queixar 5 vezes (só contando as queixas oficiais), estou convencida que ninguém vai fazer nada. Porque acho que tenho razão (tenho a certeza que tenho razão), e porque se deixam passar isto, deixarão passar outras coisas igualmente graves. Felizmente há outra maneira de protestar, que adopta a máxima "se não os podes vencer junta-te a eles". A ideia é juntar-me a eles com mais meia dúzia de pessoas para depois usar a força da maioria - a democracia é uma coisa fantástica.
Mas enquanto espero e não, como forma de protesto, só me apetece fazer greve.

4 comentários:

  1. A greve talvez não tenha servido para nada.
    Mas, ainda assim, deve deixar as suas marcas.
    Só que já ninguém acredita que a crise se resolva dentro de Portugal. Ou dentro da Grécia. Ou dentro de todos os outros que estão à beira do mesmo.
    A crise só se resolve em bloco. Talvez o aviso que a Alemanha recebeu na quarta-feira passada (só conseguiu metada do dinheiro que queria) sirva para que de uma vez por todas se unam em prol de um objectivo comum.
    Mas isto é outro louco que vai no autocarro a falar sozinho para ti... eheheh...
    Querida amiga, tem um bom fim de semana.
    Beijos.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Que bom ver que estás bem... há meses (anos?) que não visitava os "meus" blogs - trauma do regresso! E o vermelho fica-te tão bem!

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  4. :) obrigada edelweiss, que bom ler-te outra vez!

    Nilson: pois e', isto esta' muito mal...

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