Todos os dias, ele está lá. O velhote do cabelo grisalho e do fato-de-banho-cueca azul. Todos os dias ensina miúdos a nadar. A princípio pensei que fossem os netos, depois fiquei na dúvida. Umas vezes eram uns miúdos, outras vezes outras. Só o velhote era sempre o mesmo. Ele nem deve ser assim tão velho, velhos são os trapos, e eu começo a perder a noção do que é ser realmente velho. Deve ser velhice. A minha.
Um dia apercebi-me de uma mulher que dizia aos filhos para irem ter com o velhote, e eles irem, e o velhote ensinar os miúdos. Primeiro tentou explicar-lhes dentro de água. Depois, trouxe-os para o areal. Gesticulava muito, falava sem parar, e os miúdos, de vez em quando, respondiam-lhe noutra língua. Foi aí que me convenci que o velhote devia ser o professor de natação oficioso ali da praia, e até pensei em mandar-lhe os meus miúdos. Eles também poderiam responder-lhe numa das línguas que sabem, e o velhote continuaria a tentar fazer-lhes entender, na dele, como é que se faz. Mas não. Mais uns dias, que eu às vezes demoro a perceber bem as coisas, e reparei que sim, eram vários miúdos, mas eram sempre os mesmos. E até eram parecidos. Portanto aquilo deve ser tudo família, e andam uns para um lado, outros para outro, uns para uns países, outros para outros, e encontram-se todos ali na praia, para apanhar sol e pôr a conversa em dia, mesmo que em línguas diferentes. Um bocadinho como a minha família.
É, parece que o nosso mundo vai ficar cada vez mais assim.
ResponderEliminarque fixe
ResponderEliminartinha ainda mais piada se tivesses mandado os teus ter com ele, aí passava de fixe a hilariante ;)
ResponderEliminarSó não mandei porque um já sabe nadar e a miúda ainda é muito pequena. Mas olha que pensei nisso... ;)
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