A miúda já tem 6 anos. Ainda não sabe ler, ainda não aprendeu as letras todas, mas isso não tem importância. Está na idade certa para sua primeira caça às prendas. Não é porque eu me tenha lembrado da tradição - perdida há uns dois ou três anos, quando achei que o rapaz já era crescido demais para estas coisas, que uma caça às prendas para um adolescente crescido ou dá demasiado trabalho ou é demasiado fácil. No outro dia ela é que se lembrou de me fazer uma caça ao tesouro. Fez uma data de folhinhas com desenhos, e mandou-me escrever as instruções. Escondeu os papelinhos dobrados, e mandou-me procurar. No final, o grande tesouro que fui encontrar, um desenho. Aos 6 anos, quase todas as coisas envolvem desenhos - na verdade, muitos deles giríssimos, emoldurados até passavam por arte, e olhem que não destoava nada nas paredes de certos museus (estou aqui a pensar no Pinakotheke der Moderne).
Como ao irmão, cedo lhe foi explicada a história do Pai Natal. A magia do Natal não obriga à existência de velhinhos de barbas e mentiras elaboradas. Pode escrever cartas ao Pai Natal na mesma, os miúdos hoje em dia são exímios na técnica de recortar catálogos e colar em papel. Sabe perfeitamente que lá porque recortou metade das coisas do catálogo não quer dizer que as vá receber. Afinal, o pai e a mãe (e o resto da família e amigos) não têm recursos ilimitados. Já o velhote de barbas... hum... E, se calhar, por isto mesmo, anda preocupada com as prendas de Natal que tem que fazer para a família. Desenhos para todos, pois claro. Ou telemóveis de papel. De onde lhe veio a ideia, não sei bem, mas acho óptimo. Até o peluche favorito tem direito a um desenho.
Pela minha parte, acho a caça às prendas simplesmente demasiado divertida. Dar a volta à casa à procura de mais pistas é muito mais interessante que retirar coisas de debaixo da árvore. Ou de um sapatinho. Ou de uma meia. E criar uma brincadeira destas para uma criança de seis anos é um prazer.
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