Cheguei a casa, depois do trabalho, estafada mas com alguma energia ainda, certamente devida ao sol que voltou a aparecer depois de vários dias cinzentos. Por causa do sol, lembrei-me de abrir as janelas para arejar a casa. Felizmente reparei a tempo nas melgas gigantes do lado de fora. Antes abafada que picada.
Fica para amanhã, antes do fim do dia que é a hora dos mosquitos. Sendo feriado, a janela de oportunidade tem uma folga imensa.
30 abril 2014
Dúvidas existenciais
Relativas à existência das minhas orquídeas, nada mais, nunca tive mais nenhuma planta que desse flor e não me morresse em menos de quinze dias, quanto mais durar anos e anos e anos e até reproduzir-se, as orquídeas adoram-me e eu nem percebo porquê.
A dúvida é, se alguém souber a resposta, ora se as orquídeas normalmente se dão em cascas de pinheiro, posso ir ali ao pinheiro mais próximo tirar um bocado de casca para acrescentar aos vasos das orquídeas? Ou será que assim que as raízes entrarem em contacto com o pinheiro estranho, elas se irão suicidar?
Eu podia perguntar à minha mãe, mas ela é o oposto de mim, com ela todas as flores se dão bem, excepto as orquídeas.
A dúvida é, se alguém souber a resposta, ora se as orquídeas normalmente se dão em cascas de pinheiro, posso ir ali ao pinheiro mais próximo tirar um bocado de casca para acrescentar aos vasos das orquídeas? Ou será que assim que as raízes entrarem em contacto com o pinheiro estranho, elas se irão suicidar?
Eu podia perguntar à minha mãe, mas ela é o oposto de mim, com ela todas as flores se dão bem, excepto as orquídeas.
Isto só a mim
Tenho uma receita de bolo de cenoura para experimentar há séculos (obrigada, Rita!).
Hoje vi uma de lemon berry swirl cheesecake que também tenho que fazer em breve - uma colega fez e eu não cheguei a tempo de provar, mas sei que foi um sucesso e a receita tem muito bom ar.
As minhas cobaias estão todas a dieta. E são gajos! O que é que se passa com esta malta? Voluntários para comer bolo em Munique? Estou quase a fazer anos e quero comer bolo, mas só consigo comer uma ou duas fatias por dia...
Hoje vi uma de lemon berry swirl cheesecake que também tenho que fazer em breve - uma colega fez e eu não cheguei a tempo de provar, mas sei que foi um sucesso e a receita tem muito bom ar.
As minhas cobaias estão todas a dieta. E são gajos! O que é que se passa com esta malta? Voluntários para comer bolo em Munique? Estou quase a fazer anos e quero comer bolo, mas só consigo comer uma ou duas fatias por dia...
18 abril 2014
EDO*
(título roubado à Wallis)
Antes era esquecido e ostracizado, mas agora parece-me que já só é ostracizado. Os geradores eólicos a lixar a paisagem toda, a juntar aos postes de electricidade - nunca tinha reparado na quantidade de postes de electricidade que há pelos montes fora, bem sei que é assim que transportamos a electricidade das barragens limpas e ecológicas para o resto do país, mas caramba, será que era mesmo necessário tantos postes gigantes e cabos de diâmetro com potencial para estragar qualquer fotografia. Os tractores fazem barulho de dia, de noite são os cães, que o meu receio de cães vem destas matilhas de cães sem dono, cães sem raça arraçados de lobos, mais os cães de guarda que mordem a quem lhes dá de comer, quanto mais a quem nem conhecem. Comunicam uns com os outros à noite, os cães, têm conversas à distância, ouvem-se a centenas de metros uns dos outros.
As maravilhas outrora desconhecidas agora aparecem na televisão como se fossem a melhor coisa desde sempre, e são invadidas por gente que fala de maneira esquisita e anda pelos caminhos do circuito de manutenção que antigamente era um eufemismo para "fizemos um trilho à volta da barragem a ver se cola, mas ninguém liga nenhuma" e hoje em dia é o grande objectivo da malta que faz 200 quilómetros de carro para chegar ao interior esquecido e depois salta do jipe com botas de caminhada e vai dar um passeio. Ouvem-se as suas conversas a umas largas dezenas de metros, alto e bom som, esta malta não percebe que sem paredes a voz se propaga e toda a gente fica a saber as fofoquices, mesmo que não queira.
Gelados só no tempo deles, lá para fim de Junho, mesmo que estejam 27 graus (real feel 30ºC) e vento quente, mas nas tascas há sumol, cerveja e até ice tea e fanta, apesar de lá dentro cheirar a lareira e a madeira queimada, às tantas andaram a fazer alguma coisa com porco, eu pensava que a época disso era lá para Novembro, mas eu não sou bem uma rapariga da aldeia, nunca vi a matança do porco, só ouvi uma vez e fiquei para nunca mais - coitado do porco, guinchava que se desunhava, e continuou a guinchar por horas, pelo menos pareceram horas. Já não sei como são as tascas, mas ao fim da tarde há meia dúzia de gatos pingados - nem tanto - que as frequentam, café ao balcão, cerveja na esplanada - se é que se pode chamar esplanada a 3 mesas em frente à porta. Há uns anos provavelmente ninguém bebia a cerveja na rua, mas nem as tascas escapam à lei do tabaco, e os homens rudes do campo também são forçados a fumar lá fora. Levam a cerveja com eles. Numa das mesas ficou um papel, com tracinhos e bolinhas, sinal que houve ali jogatana mais cedo. Depois do almoço, talvez. A tasca tem um cão, sem trela, que não dá confiança a ninguém, por vezes porta-se como um gato.
O rio continua no sítio, com corrente forte, sinal de que choveu, bicharada de todo o tamanho e feitio, aranhões de água, peixinhos, cobras, rãs a apanhar sol e aos saltos para a água, formigas gigantes, abelhas, zangões, vespas e moscardos, e as plantas que lhe dão aquele cheiro que só há ali, a verão e calor do meu. Estão a fazer uma ponte nova e nem assim passa por ali ninguém, um camião das obras de vez em quando, em terminando a construção com certeza haverá meia dúzia de carros por dia a a travessá-la, mas dizem-me que tinham que fazer uma nova, que a velha está quase a cair e era perigoso mantê-la. Preferia que tivessem restaurado a ponte velha, mas não se faz disso por cá, que desde os anos 80 que o que os políticos querem é betão em todo o lado, e as pontes antigas levavam muita pedra e isso não pode ser. Deve ser por causa do amor ao betão que temos aqueles geradores eólicos horríveis, aquele cinzento todo deve levar muito cimento. Betão e alcatrão, agora há para aí umas estradas (às moscas, óptimas para quem gosta de conduzir) que rasgam literalmente a paisagem, os campos, os montes, e se vêem ao longe. Deve ser o progresso, mas para a gente que por cá anda, cada vez menos, para os serviços públicos que vão desaparecendo - para dar lugar aos mesmos serviços fornecidos por privados, pois que os serviços fazem falta - é difícil encontrar áreas que ainda não tenham sido corrompidas pelo homem. Nem falo da agricultura, só de que gostava de ainda encontrar alguns sítios onde as estradas não poluíssem visualmente a paisagem, nem cabos eléctricos, nem postes, nem geradores eólicos. Não é fácil. Mais fácil é sentar-me num ermo e não ver ninguém durante horas, porque a verdade é que o interior é esquecido por isso mesmo, tem pouca gente, e a que tem também tem tendência a concentrar-se em cidades.
Vai haver morangos em breve, há imensas tiras de plástico preto a cobrir filas de morangueiros nos campos. Cerejeiras crescem à beira da estrada, como se tivessem nascido ali por acaso, consequência talvez de caroços atirados por quem passa. Lindas. Haverá cerejas em Junho, as primeiras, daquelas que vendem ainda com o pauzinho e às vezes as folhas.
Estamos em Abril e é quase Verão. Ainda agora cheguei e estou quase a ir embora.
Antes era esquecido e ostracizado, mas agora parece-me que já só é ostracizado. Os geradores eólicos a lixar a paisagem toda, a juntar aos postes de electricidade - nunca tinha reparado na quantidade de postes de electricidade que há pelos montes fora, bem sei que é assim que transportamos a electricidade das barragens limpas e ecológicas para o resto do país, mas caramba, será que era mesmo necessário tantos postes gigantes e cabos de diâmetro com potencial para estragar qualquer fotografia. Os tractores fazem barulho de dia, de noite são os cães, que o meu receio de cães vem destas matilhas de cães sem dono, cães sem raça arraçados de lobos, mais os cães de guarda que mordem a quem lhes dá de comer, quanto mais a quem nem conhecem. Comunicam uns com os outros à noite, os cães, têm conversas à distância, ouvem-se a centenas de metros uns dos outros.
As maravilhas outrora desconhecidas agora aparecem na televisão como se fossem a melhor coisa desde sempre, e são invadidas por gente que fala de maneira esquisita e anda pelos caminhos do circuito de manutenção que antigamente era um eufemismo para "fizemos um trilho à volta da barragem a ver se cola, mas ninguém liga nenhuma" e hoje em dia é o grande objectivo da malta que faz 200 quilómetros de carro para chegar ao interior esquecido e depois salta do jipe com botas de caminhada e vai dar um passeio. Ouvem-se as suas conversas a umas largas dezenas de metros, alto e bom som, esta malta não percebe que sem paredes a voz se propaga e toda a gente fica a saber as fofoquices, mesmo que não queira.
Gelados só no tempo deles, lá para fim de Junho, mesmo que estejam 27 graus (real feel 30ºC) e vento quente, mas nas tascas há sumol, cerveja e até ice tea e fanta, apesar de lá dentro cheirar a lareira e a madeira queimada, às tantas andaram a fazer alguma coisa com porco, eu pensava que a época disso era lá para Novembro, mas eu não sou bem uma rapariga da aldeia, nunca vi a matança do porco, só ouvi uma vez e fiquei para nunca mais - coitado do porco, guinchava que se desunhava, e continuou a guinchar por horas, pelo menos pareceram horas. Já não sei como são as tascas, mas ao fim da tarde há meia dúzia de gatos pingados - nem tanto - que as frequentam, café ao balcão, cerveja na esplanada - se é que se pode chamar esplanada a 3 mesas em frente à porta. Há uns anos provavelmente ninguém bebia a cerveja na rua, mas nem as tascas escapam à lei do tabaco, e os homens rudes do campo também são forçados a fumar lá fora. Levam a cerveja com eles. Numa das mesas ficou um papel, com tracinhos e bolinhas, sinal que houve ali jogatana mais cedo. Depois do almoço, talvez. A tasca tem um cão, sem trela, que não dá confiança a ninguém, por vezes porta-se como um gato.
O rio continua no sítio, com corrente forte, sinal de que choveu, bicharada de todo o tamanho e feitio, aranhões de água, peixinhos, cobras, rãs a apanhar sol e aos saltos para a água, formigas gigantes, abelhas, zangões, vespas e moscardos, e as plantas que lhe dão aquele cheiro que só há ali, a verão e calor do meu. Estão a fazer uma ponte nova e nem assim passa por ali ninguém, um camião das obras de vez em quando, em terminando a construção com certeza haverá meia dúzia de carros por dia a a travessá-la, mas dizem-me que tinham que fazer uma nova, que a velha está quase a cair e era perigoso mantê-la. Preferia que tivessem restaurado a ponte velha, mas não se faz disso por cá, que desde os anos 80 que o que os políticos querem é betão em todo o lado, e as pontes antigas levavam muita pedra e isso não pode ser. Deve ser por causa do amor ao betão que temos aqueles geradores eólicos horríveis, aquele cinzento todo deve levar muito cimento. Betão e alcatrão, agora há para aí umas estradas (às moscas, óptimas para quem gosta de conduzir) que rasgam literalmente a paisagem, os campos, os montes, e se vêem ao longe. Deve ser o progresso, mas para a gente que por cá anda, cada vez menos, para os serviços públicos que vão desaparecendo - para dar lugar aos mesmos serviços fornecidos por privados, pois que os serviços fazem falta - é difícil encontrar áreas que ainda não tenham sido corrompidas pelo homem. Nem falo da agricultura, só de que gostava de ainda encontrar alguns sítios onde as estradas não poluíssem visualmente a paisagem, nem cabos eléctricos, nem postes, nem geradores eólicos. Não é fácil. Mais fácil é sentar-me num ermo e não ver ninguém durante horas, porque a verdade é que o interior é esquecido por isso mesmo, tem pouca gente, e a que tem também tem tendência a concentrar-se em cidades.
Vai haver morangos em breve, há imensas tiras de plástico preto a cobrir filas de morangueiros nos campos. Cerejeiras crescem à beira da estrada, como se tivessem nascido ali por acaso, consequência talvez de caroços atirados por quem passa. Lindas. Haverá cerejas em Junho, as primeiras, daquelas que vendem ainda com o pauzinho e às vezes as folhas.
Estamos em Abril e é quase Verão. Ainda agora cheguei e estou quase a ir embora.
07 abril 2014
Os animais são nossos amigos
Há uns dias, estava sozinha em casa, saio pela porta , e momentos depois, atrás de mim, sai um tigre gato. Eu não tenho animais de estimação, não abro a porta aos monstros gatos dos vizinhos, e não faço a menor ideia de onde é que aquele gatarrão saiu, ou melhor, entrou, para depois voltar a sair. Só sei que quando o vi, apanhei um susto - os gatos da vizinhança têm o triplo do tamanho de um gato normal, não sei se é da espécie se é da comida que lhes dão - dei um gritinho, e olhei-o nos olhos. O gato olhou para mim com ar de quem sabia muito bem que tinha feito asneira, hesitou por um instante com medo de apanhar, e fugiu. Por uns momentos fiquei um bocado atarantada - o meu lar tinha sido violado por um intruso. Depois, procurei por vestígios do animal, não encontrei nada, acalmei. Foi só um gato, um felino do tamanho de um monstrinho, mas apenas um gato.
Quando contei ao doglover cá de casa, arrependi-me imediatamente. A proposta foi de arranjar um cão. Eu não sou muito amiga de cães, quando era pequena tive uma má experiência, e, apesar de eles me adorarem (devo cheirar a comida de cão, só pode), eu prefiro uma distância mínima. Digamos que não me agrada ter um focinho molhado a tocar-me nas pernas. E, acima de tudo, nunca poderia ter um cão a mandar em mim. A obrigar-me a ir à rua, mesmo que me apeteça ficar fechada em casa durante dias, ou esteja a chover, ou frio, ou calor, ou vento. Cada vez que o assunto cão é mencionado, só me vem à cabeça uma piada do Seinfeld: se os extraterrestres viessem à terra, pensariam que quem manda são os cães. Os humanos andam atrás dos cães e apanham a porcaria que os cães fazem. Certamente que o ser vivo mais inteligente é o cão. Os extraterrestres diriam ao primeiro cão que encontrassem, "leva-me ao teu líder".
Bem, pelo lado positivo, se quisessem testar alguém em laboratório provavelmente levariam um cão. Se calhar não é tão má ideia assim.
Quando contei ao doglover cá de casa, arrependi-me imediatamente. A proposta foi de arranjar um cão. Eu não sou muito amiga de cães, quando era pequena tive uma má experiência, e, apesar de eles me adorarem (devo cheirar a comida de cão, só pode), eu prefiro uma distância mínima. Digamos que não me agrada ter um focinho molhado a tocar-me nas pernas. E, acima de tudo, nunca poderia ter um cão a mandar em mim. A obrigar-me a ir à rua, mesmo que me apeteça ficar fechada em casa durante dias, ou esteja a chover, ou frio, ou calor, ou vento. Cada vez que o assunto cão é mencionado, só me vem à cabeça uma piada do Seinfeld: se os extraterrestres viessem à terra, pensariam que quem manda são os cães. Os humanos andam atrás dos cães e apanham a porcaria que os cães fazem. Certamente que o ser vivo mais inteligente é o cão. Os extraterrestres diriam ao primeiro cão que encontrassem, "leva-me ao teu líder".
Bem, pelo lado positivo, se quisessem testar alguém em laboratório provavelmente levariam um cão. Se calhar não é tão má ideia assim.
03 abril 2014
Chegou!
Há quem aprecie as temperaturas agradáveis, o bom tempo, o céu azul, e se alegre com o início da Primavera.
Eu olho para estas flores todas e esfrego os olhos. Chegaram as alergias.
Doutor Infante
Ia ao médico do costume, pensava eu. Cheguei lá, e aparece-me um rapazote com idade para ser o meu irmão mais novo, a dizer que o meu médico se ia reformar, e como lá para o fim do ano ele - o rapazito - iria tomar conta do consultório, ia aproveitando para dar umas consultas e se dar a conhecer aos pacientes. Fiquei em choque. Então, mas eu ia àquele médico porque tinha idade para ser meu avô (vá, entre pai e avô). Eu gostava daquele consultório porque estava cheio de velhotes, daqueles que apareciam religiosamente todos os dias pela fresquinha para fazer análises. Eu estava convencida que o motivo pelo qual aquele consultório não fechava era a confiança que os velhotes tinham no senhor doutor avozinho, com anos de experiência e sabedoria da que não vem nos livros, que os ouvia e respondia às suas dúvidas, e que só estava aberto de manhã, porque de tarde os velhotes não precisam de consultas, as tardes são para cafés e bolos. Agora o consultório funciona ao dobro da velocidade, até que o médico mais velho se reforme, no fim do ano. A sala de espera está às moscas, até as análises devem ser despachadas ao dobro da velocidade. O rapaz, filho de outro médico, idade para ser meu irmão mais novo, vai ser um bom médico, com certeza. O que mais lhe vai custar vai ser ganhar a confiança dos velhotes.
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