Ainda ontem estava na praia, a ouvir os mais ou menos imaginativos vendedores de bolas de berlim, a recordar os pregões dos vendedores de jornais (correio da manhã! diário de notícias! o jogo!) que devo ter ouvido pela última vez há uns 20 anos ou mais (ai a velhice!), a apanhar sol a horas que não se deve e ler (ver) mais revistas do que é aconselhável, e agora estou aqui.
Podia fazer um resumo.
Contar a história do Anderson, o vendedor de bolas de berlim fabulástico que anima(va) a praia todos os dias com as suas cantorias, pregões, bolas de berlim (com creme, sem creme e de chocolate), e que regularmente era brindado com uma salva de palmas. O Anderson que até tem um clube de fãs no facebook (procurem por bolinhas light), e que ao meio dia anunciava que se ia embora, quem quisesse dormir que aproveitasse pois ele regressaria às quatro para acordar todo o mundo. E depois, podia recordar os vendedores de bolas de berlim de outras praias, os que dizem que a ASAE não os deixa vender bolas com creme... (bola sem creme, para mim não é nada) Anderson, és o maior. Tão bom que enquanto outros vendedores se arrastam pela praia e vendem uma bolinha aqui, outra ali, o Anderson despacha duas malas térmicas em três tempos, e ainda tem uns miúdos que lhe vêm trocar malas vazias por outras cheias, que isto de vender bolas de berlim é para quem sabe e tem amor à arte (a arte deve ser a da cantoria). Desde o "amanhã de manhã", o "de quem será o filho" e outros êxitos adaptados à temática bolas de berlim, o pregão "quem comeu, comeu, quem não comeu, perdeu" vão ficar gravados na memória por uns tempos... Ainda agora me vim embora e já estou com saudades das minhas bolinhas light que não engordam... LOL (não faço ideia o que é que as tornava light, mas lá que eram uma maravilha e não engordei... :P)
Podia falar da desgraçada da crise, e das tantas medidas que andam a ser anunciadas diariamente e dizer que com tanto pau, não sei como é que o pessoal se aguenta, mesmo com sol e praia. De onde deduzo que devia ter evitado os jornais, que olhos que não lêem notícias dessas, coração que não sente...
Podia discorrer sobre o maldito acordo ortográfico, por causa do qual não reconheço palavras e por vezes nem descubro a acentuação (como é que se lêem certas palavras) para depois poder perceber que palavra é que é. E também podia dizer que há jornalistas que escrevem tão mal, e ninguém os corrige, com acordo ou sem acordo, que me custa a compreender como é que continuam a trabalhar para publicações em que a rainha deveria ser a palavra escrita. Deve ser a crise, às tantas pagam-lhes pouco ou nada e os pobres ficam sem tempo ou motivação para não assassinar a língua.
Também podia só dizer que não devia ser permitido usar o photoshop em fotografias de catálogos. Estou piursa porque uma carteira que apareceu em meia dúzia de revistas e na net vinha habilmente fotografada e photoshopada, ao ponto de as cores serem mais claras e brilhantes... quem a vê ao vivo quase nem a reconhece. E se fosse caso único...
No entanto estou com uma dor de cabeça que não posso, deve ser a aclimatização ao outono repentino... isto das viagens de avião tem as suas desvantagens. Como tal, não vou escrever nada. Isto há-de tudo passar.
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