17 dezembro 2010

Peter

Não acredito em médicos. Diz que são úteis quando uma pessoa está doente, mas para além da receita do xarope para a tosse e as pastilhas para a garganta, parece-me que a maior parte das vezes andam a dar tiros para o ar a ver se acertam. Posto isto, também tenho uma fé inabalável na medicina. Ou melhor, nos fármacos. Quando vou ao médico espero que me dêem drogas a sério e não as mezinhas da bruxa, que é como quem diz, aqueles comprimidos que não precisam de receita, aqueles da homeopatia. Gente, se eu quisesse ir ao bruxo não ia ao médico. Se quisesse acupunctura não ia ao médico. Se quisesse uma massagem não ia ao médico. De vez em quando espanto-me com a quantidade de coisas que não se sabem sobre o corpo humano - e aí perdo-o-lhes o que não sabem, porque parece que é mesmo difícil, e o que me apetecia era desatar a fazer experiências com pessoas, só para ver o que acontece... eu sou assim, felizmente não me deu para a medicina e fiquei-me pelas coisas inanimadas (se bem que os electrões estão cheinhos de energia), o que me permite desatar a fazer experiências assim sem mais nem menos, sem correr o risco de aleijar ninguém.
Divirjo.
O Peter é um médico, e é fantástico. Já me fartei de lhe fazer visitas - literalmente, estou farta de lá ir e só o conheço há dois meses - e sempre que o vejo surpreende-me por ser tão bom. Bom médico, entenda-se. Não é que saiba mais que os outros - desconfio que sabem todos muito pouco, pelo menos sobre o mal que me afecta - mas por ser daqueles que tem tempo, calma, simpatia, e uma extrema empatia. E explica as coisas, algo que eu já não estava habituada, já que nos últimos anos tenho sempre a impressão que quando entro por um consultório adentro o médico mal me vê e já está mortinho para me ver de costas. A sair porta fora, entenda-se. Tenho um quase fraquinho pelo Peter. Só por ele ser assim tão simpático. Nunca me diz que não. Quer sempre que eu volte. E ainda não me mandou a conta... :-)


(na Alemanha recebe-se a conta depois de ter ido à consulta, e a maior parte das vezes nem se sabe de antemão quanto é que será)

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