06 maio 2010

Há coisas fantásticas

Há uns tempos atrás (parece ter sido há séculos) alguém me convenceu que quando tivesse a minha menina, nunca mais ia voltar a ter o corpo que tinha. O que até pode ser verdade. Se calhar isto foi dito com a melhor das intenções - um "resigna-te, nunca mais vais andar com a barriga à mostra ou as pernas ao léu" - e a verdade é que, por uns tempos, resultou. Tive a minha menina, mudei o guarda-roupa, convenci-me que não ficava bem com a roupa que antes usava. E continuei a falar com pessoas que me explicaram que, depois de ter filhos, não só estava "fora do mercado" como nem valia a pena imaginar que algum dia algum homem se pudesse interessar por uma mulher... digamos, usada. Eu até achei o comentário estranho (mas em que mundo é que esta gente vive?), a desistência da parte de quem o disse, resignação, impotência, sei lá, mas ainda assim, contestei. Que não é nada assim, lá porque temos filhos não morremos, não deixamos de ser giras, não deixamos de ser pessoas, não deixamos de ser fantásticas. Pelo menos pela parte que me toca. Que depois de ter o primeiro ainda continuei a ser abordada por estranhos na rua, por menos estranhos no trabalho, que continuei a ouvir os assobios ou os comentários de alguns homens quando passava na rua. Mas pronto, se calhar esta gente tem razão, depois do segundo filho, é o fim.
Se alguém algum dia vos disser isto, gajas que me lêem, não acreditem. A vida só acaba para quem se recusa a vivê-la. As pessoas só deixam de ser atraentes se se fecharem em si mesmas. E não é por ter tido meia dúzia de filhos que já não se pode usar uma mini-saia ou um top mais decotado. Ser mãe não implica deixar de ser sexy. Não implica ter apenas os miúdos na cabeça (e nos braços) o tempo todo. Sim, eles ocupam-nos o tempo e os pensamentos, e a nossa vida funciona à volta deles, nem poderia ser de outra maneira. Mas não deixamos de ser, primeiro que tudo, seres humanos. Quem pensam, riem, sentem, exactamente como antes de terem umas criaturinhas para tomar conta, educar, amar.

(Demorou a voltar a sentir-me como antes. Fantástica. Mas agora é assim que me sinto. E isso reflecte-se nas outras pessoas.)

5 comentários:

  1. Mas tu já estavas fantástica há um ano, quando te vi!
    Comprar espelhos na IKEA é no que dá: auto-imagem deformada.
    ;-)

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  2. Pois estava. Uns meses depois da minha menina nascer já estava fantástica outra vez. ;) Demorou foi voltar a sentir-me fantástica, o que não é bem a mesma coisa.
    (vou devolver os espelhos do IKEA todinhos...)

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  3. Os espelhos e as balanças!
    Tudo com defeito...

    ;-)

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  4. será que também funciona depois do terceiro? Eu cá acho que não é o facto de ter filhos que nos faz deixar de sentir fantásticas e nos impede de andar por aí com as pernas e a barriga ao léu. São mesmo as estrias e as peles murchas... Mesmo assim podemos tapar a barriga e as pernas e continuar a ser sexys e sentir-mo-nos fantásticas. Depende do tempo e do nºde horas que dormimos...

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  5. chiribita: acho que não importa serem 3 filhos, ou até mais. mas eu tenho sorte, as estrias que tenho não são visíveis, são as que ganhei do primeiro, depois não fiquei com mais. mas a questão era mesmo aquilo de que tu falas, sentirmo-nos fantásticas, independentemente do resto. beijinhos! (e tu és fantástica :))

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