E quando pensavas que te tinhas livrado de vez da tortura que tinha sido a aula de trabalhos manuais no ciclo, a professora da tua filha pede-te para fazeres um fato para a festa de Natal. Usando materiais que provavelmente o resto do mundo tem em casa, mas tu não tens. Assumindo que sabes o que é uma agulha e linha, quiçá uma máquina de coser. Entras em choque, vês a tua vida a andar para trás em espiral a uma velocidade estonteante. De repente tens 10 anos e chegas a casa com lã enfiada num cartão num padrão ondulante, que supostamente se transformará, milagrosamente, numa carteira. Choras a tarde toda até que a tua mãe transforma a porcaria que tinhas começado a fazer numa carteira bonitinha. Só a parte de baixo, que tu tinhas começado, está imperfeita, a desfazer-se, mas ninguém vai recomeçar, pode ser que a professora não note.
Fazes um fast forward, e lembras-te do dia em que a tua própria filha chegou a casa com exactamente a mesma coisa da escola. Bem, quase a mesma coisa, no caso dela não dava a volta pelo que o resultado final era um rectângulo tecido colorido. Que ela tinha feito sozinha, na escola. Perfeitinho. O dia em que deste graças por a miúda sair à avó, ou ao pai, e suspiraste de alívio por saber que não terias que ajudar, ou fazer o trabalho por ela.
Quando pensavas que já te tinhas safado destas coisas para o resto da vida, chegam os teatros. As peças elaboradas, os ensaios, e a parte dura, que te vai calhar a ti: os fatos. Maldizes o facto de estares a milhares de quilómetros de distância da tua mãe, suspiras pelo dia em que a tecnologia tornará possível a impressão de roupa com um clique, e metes mãos ao trabalho. Dez minutos depois, a solução: uma loja de máscaras na internet.