01 setembro 2013

O amor aos gelados

Há muitos anos atrás - na realidade já não me lembro há quantos, mas "muitos" é relativo, e para mim foi há uma ou duas vidas atrás que isto aconteceu - tinha por hábito comprar gelados no shopping. Isto no tempo em que os stands no meio dos corredores ou nas zonas de cruzamento eram novidade. Na lojinha dos gelados onde costumava ir, havia um rapaz que era sempre uma simpatia. Ou me fazia umas bolas maiores, ou me dava uma bola extra, já não me lembro bem, mas tinha sempre um gesto simpático que eu agradecia com um sorriso. Os sorrisos não custam nada e alegram o dia à maior parte das pessoas, pensava eu (e ainda penso). Hoje em dia não sei bem se aquilo era só simpatia ou se eu é que não percebi que o rapaz andava a ver se arranjava coragem para me perguntar se queria ir tomar um café com ele. Eu nestas coisas sempre fui um bocado inocente.
Durante este verão escolhi uma gelataria pelos gelados maravilhosos que tinham. Das primeiras vezes fui servida por um senhor que fazia umas bolas de gelado bem grandes - isto de aliar a quantidade à qualidade é um factor essencial - mas mais tarde calhava-me sempre uma rapariga nova. E não é que a rapariga, provavelmente compartilhando a minha apreciação por um bom gelado, de cada vez que eu lá ia me oferecia sempre um gelado novo para eu provar?
Por artes do destino e sortes de pneus furados, fui parar a uma outra terra que normalmente evito no verão, com tempo para gastar e pouco ou nada que fazer. Encontrei uma gelataria italiana onde só entrei porque estava vazia e eu precisava de paz, onde o empregado brasileiro me fez um batido de gelado e fruta a pedido, absolutamente perfeito. Quando percebeu o quanto eu aprecio gelados, tornei-me a cobaia dos sabores: provei gelados de tiramisu (maravilhoso, e eu nem gosto de tiramisu) e de figo. Fiquei com pena de não ter mais tempo morto ou a capacidade de encher a barriga de gelado porque se pudesse era ali mesmo que eu ficava a deliciar-me.
De onde deduzo que a única coisa que a malta dos gelados tem em mente é que as coisas boas devem ser partilhadas. E eu concordo.

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