14 outubro 2011

Mais quê?

Ontem almocei com um amigo da faculdade que está por cá de férias. Férias que devia ter gozado em 2010, mas que por causa do trabalho (em Portugal, não cá) teve que adiar. E que me explicou que trabalha 10 a 12 horas por dia, no mínimo, e que apesar de estar de férias, logo às 8 da manhã tinha recebido um telefonema de trabalho que atendeu e que prontamente resolveu o problema de quem o acordou àquela hora. Engraçado, ontem à noite, um senhor engravatado ter ido à televisão dizer que os horários de trabalho têm que aumentar. Mais quê, já agora?

Querida Pátria
(ou: pobres e mal agradecidos?)

Não te queixes do calor. Já cancelaram os fundos para o aquecimento.

06 outubro 2011

O interesse

Há uns anos, fiz um curso de quinze dias que deixou o professor pasmado. Ele comentava com quem o tinha convencido a dar aquele curso que nas suas aulas normais os alunos não estavam atentos (não seriam todos, acrescento eu), tinham pressa de ir embora, não manifestavam grande interesse pelo assunto. E ali estava ele, a mesma pessoa, com um grupo de alunos diferente, cada aluno com um background completamente diferente do do lado, de diferentes nacionalidades, e a situação era quase o reverso do que o que este professor estava habituado. A atenção era total, o interesse também, e quando o tempo terminava nenhum dos alunos arrumava as coisas para ir embora, antes continuava o trabalho que estava a fazer, ou a tirar as dúvidas que tinham surgido, e depois, muito lentamente, depois de serem relembrados várias vezes que a aula tinha acabado, lá arrumavam as tralhas e seguiam para o ponto seguinte do programa (o jantar!).
Até hoje estou convencida que a diferença era que todos estes alunos tinham escolhido aquele curso, aquele tema, porque à partida estavam interessados nele. Não porque os pais os tinham obrigado a ir para ali, não porque sentiam que aquilo era um passo necessário na vida (não era), não porque lhes fosse dar melhores perspectivas de emprego (mas talvez ajudasse), não por nenhuma razão externa excepto o gosto pelo tema. Era um curso extra curricular, numa língua estrangeira para todos, com gente que não conheciam, com promessas de festa à mistura, mas suficientemente técnico para suscitar interesse por si próprio. E durante aquelas semanas aprendemos uma data de coisas sobre as quais não tínhamos a mínima noção à partida, desfrutámos da aprendizagem, fomos a festas todas as noites, e fizemos um professor muito feliz.

02 outubro 2011

A apanhar maçãs

Ter uma macieira carregadinha de maçãs a dar sopa é a desculpa perfeita para subir a uma árvore pela primeira vez desde anos, e fingir que se tem um propósito para além de simplesmente trepar por ali acima. Na realidade, a fruta foi apanhada recorrendo a um utensílio que até agora desconhecia, uma espécie de pau telescópico com um aro redondo com dentes a sair por um lado e um saquinho do outro, mas ainda consegui apanhar duas empoleirada lá em cima. Esta árvore não foi podada de modo a facilitar a subida de humanos, disse eu, e desci dali com as duas maçãs a justificar o comportamento de macaco. Quatro baldes depois, pergunto-me, o que é que se faz com tanta maçã?

(Só me lembro de uma coisa, levar para o trabalho e anunciar que há maçãs biológicas para quem quiser, rir-me do termo bio, porque nada é mais biológico que maçãs que cresceram numa árvore que não só não viu produtos químicos como não foi regada nem podada...)

Já agora, alguém conhece uma boa receita de tarte de maçã? :)